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Commodities e reformas não bastam para animar Ibovespa; dólar sobe

29/06/2017 13h32

A bolsa de valores brasileira começou a quinta-feira em leve alta com o avanço das commodities, mas as incertezas políticas voltaram a pesar no mercado, embora o governo Michel Temer (PMDB) tenha aumentado os esforços para gerar boas notícias no campo econômico.


O Ibovespa, principal índice acionário local, recuava 0,11%, para 61.953 pontos, às 13h25, depois de ter subido até 0,78% na máxima do dia até o momento.


As empresas do setor de matérias-primas, que têm um peso combinado de 12% no Ibovespa, exibem as melhores performances. O Índice de Materiais Básicos da B3 ganhava 0,77%, maior alta entre sete grupos setoriais.


A produtora de papel e celulose Fibria disparava 4,08%, para R$ 34,40. Sua concorrente Suzano ganhava 2,23%, a R$ 14,22, depois de anunciar um reajuste de US$ 20 por tonelada nos preços dos seus produtos vendidos na Europa e na América do Norte.


A Vale também se destaca no pregão. A ação preferencial da mineradora subia 1,12%, a R$ 27,05, e a ordinária avançava 0,73%, a R$ 29,00. O minério de ferro fechou em alta de 3,8% na China, a US$ 64,71 a tonelada.


A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) aprovou ontem à noite o projeto de reforma trabalhista, e Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou hoje a meta de inflação de 2019 em 4,25% e a de 2020 em 4%, favorecendo a redução dos juros no longo prazo, na avaliação de alguns especialistas.


Esses avanços não estão sendo suficientes para convencer os investidores a fazer novas apostas no mercado local, considerando as incertezas sobre a força da atual administração federal para prosseguir na agenda de mudanças que é vista como essencial a fim de garantir o crescimento sustentável do país no longo prazo ainda permanecem.


Dólar


O dólar avança nesta quinta-feira, em linha com a desvalorização de boa parte dos emergentes. A alta do divisa americana se apoia em indicadores mais fortes que o esperado dos Estados Unidos. Os números de atividade alimentam o debate sobre o aperto monetário no país, mas não retiram a percepção de que o processo será gradual. Por aqui, a despeito da pressão externa, a moeda sobe de maneira moderada e segue respeitando a linha dos R$ 3,30.


O dólar chegou a cair no começo dos negócios, enquanto os agentes financeiros avaliavam as novidades da política, como a aprovação da reforma trabalhista pela CCJ.


A incerteza continua a pesar no cenário, uma vez que não há sinais de avanço concreto da reforma da Previdência. A leitura de boa parte do mercado é de que ainda há chance de aprovação da medida, mas o conteúdo ainda passará por desidratação de modo a garantir o apoio dos parlamentares. A proximidade do ano eleitoral de 2018 é um dos fatores que pesa contra a tramitação de uma proposta impopular como a da Previdência.


Hoje, o Banco Central concluiu a rolagem integral do lote de swap cambial tradicional que venceria em julho. No total, foi postergado o prazo de US$ 6,939 bilhões de contratos. Agora, as atenções se voltam para o próximo vencimento, de agosto, que soma US$ 6,181 bilhões.


Por aqui, consta ainda como fator adicional de instabilidade a disputa para definição da Ptax de fim de mês, amanhã. A taxa é usada de referência para liquidação de derivativos cambiais e para balanço de resultados corporativos, principalmente por ser de fim de trimestre.


Às 13h25, o dólar comercial subia 0,60%, cotado a R$ 3,3038.


Apesar da variação mais amena, o câmbio doméstico segue o sinal de alguns dos principais emergentes. O destaque negativo da sessão é o do peso mexicano, seguido pelas moedas da Argentina, África do Sul e Colômbia. Lá fora, o PIB dos Estados Unidos cresceu 1,4% na leitura final do primeiro trimestre, num ritmo mais alto que o de 1,2% esperado no mercado. No período, os gastos dos consumidores também vieram acima da expectativa. Os números reforçam a visão de que a economia americana segue em recuperação. No entanto, o receio de um aperto monetário mais duro por lá segue contido, diante de sinais limitados de aumento inflacionário.


Juros


O mercado de juros responde à decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de mudar para 4% a meta de inflação de 2020 reduzindo com mais força as taxas de longo prazo, movimento que já havia ocorrido na sessão de ontem. Mas, ainda assim, a chamada inclinação da curva a termo - importante termômetro de risco, calculado pela diferença entre os juros curtos e os mais longos - segue bem acima do observado no período anterior ao dia 17 de maio, quando a delação do empresário Joesley Batista deflagrou uma nova crise política, colocando em xeque o avanço das reformas, especialmente a da Previdência.


Nesta quinta-feira, a diferença entre o DI janeiro de 2023 e o DI janeiro de 2019 é de 1,59 ponto percentual, abaixo do nível de 1,65 ponto observado no fechamento de ontem e também inferior ao 1,76 registrado na terça-feira, maior patamar observado desde o início de 2016.