Barroso: Quem chega à Procuradoria Geral não vive para prestar favores
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse nesta segunda-feira (18) não acreditar que a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, paralisará as investigações da Operação Lava-Jato.
Questionado sobre o assunto por jornalistas ao término da posse da nova procuradora, Barroso afirmou que as pessoas, quando chegam a uma posição como a de procuradora-geral da República, "não vivem para prestar favores". O ministro afirmou ainda que Raquel Dodge tem uma história de vida.
"Eu tenho a convicção que não [há risco de paralisação nas investigações]. Acho que a dra. Raquel tem uma história de vida e as pessoas, quando chegam a essas posições, elas vivem para a sua própria biografia. Elas não vivem para prestar favores e acho que quem é alçado a um cargo desse, claro que pode ter reconhecimento pela autoridade que nomeou, mas o compromisso é com o país e não com autoridade", afirmou o ministro.
Barroso disse ainda que "essa coisa patrimonialista de ficar devendo favor" não existe dentro de uma democracia, de um espaço público. "A gente faz o que tem de fazer", afirmou.
O ministro citou um diálogo da obra "Guerra e Paz", do russo Leon Tolstói, e afirmou esperar que a nova procuradora-geral da República dê continuidade à tradição do Ministério Público de seriedade, independência, busca do interesse público e proteção dos direitos fundamentais."Não importa como você chegou aqui, o importante é o que você vai fazer daqui pra frente", disse Barroso, em alusão à obra do autor russo."O Ministério Público tem servido bem ao país e tenho certeza que continuará na mesma linha", afirmou.
Barroso afirmou ainda que o combate à corrupção é uma "premissa para tudo mais". Para o ministro, combater a corrupção não deveria ser um fim em si mesmo, pois a integridade é uma premissa para que as outras áreas, como saúde e educação, funcionem. "Portanto, essa é uma mudança de patamar ético que está se procurando fazer no Brasil", afirmou.
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