Juros futuros de longo prazo sobem com ambiente externo mais adverso
Os juros futuros não saíram imunes do aumento das preocupações no exterior. Embora menos afetadas que outros segmentos de ativos, as taxas mais longas avançaram nesta quarta-feira (7) e ampliaram a distância para trechos mais curtos.
Os riscos de uma guerra comercial voltaram com fôlego ao radar já que a Casa Branca perdeu um dos principais oposicionistas a medidas protecionistas. O banqueiro Gary Cohn deixou o cargo de assessor econômico e, agora, abre espaço para a chegada de um nome mais alinhado à visão restritiva de Donald Trump para a política comercial.
Com o pano de fundo de queda das bolsas e busca por ativos seguros, as taxas projetadas pelos DIs também evidenciaram o ambiente mais adverso de negócios. No fim da sessão regular, o DI janeiro/2023 subiu para 9,160%, ante 9,130% no ajuste anterior.
Nos preços dos ativos, os temores com o cenário americano se somam às preocupações com a situação fiscal do Brasil nos próximos anos. A Selic média projetada pelos contratos futuros de juros ainda paira nos dois dígitos entre 2020 e 2021. Nesse período, é estimada taxa de 10,12%.
É justamente a partir desse período que o teto de gastos ficaria incompatível com a realidade orçamentário do Brasil caso a reforma da Previdência não saia do papel.Nesse cenário mais adverso, todo o aumento de gastos garantido pelo teto seria utilizado para cobrir o déficit previdenciário, sem sobrar espaço para outras despesas. O desequilíbrio macroeconômico também viria na forma de câmbio depreciado, volta da inflação e, consequentemente, juros mais altos.
Para Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management, o nível elevado do juro longo é uma oportunidade de aplicar no mercado. A aposta não é o consenso entre os agentes financeiros. Ainda assim, a leitura de Patah é a de que a Previdência será reformulada com a chegada de um novo governo, depois das eleições de 2018, o que levará a uma eventual queda das taxas.
"O juro longo está muito elevado se partirmos da premissa de que teremos a reforma da Previdência no ano que vem", diz. "Ainda tem prêmio de risco e a oportunidade, agora, é antecipar o movimento que só vem com a eleição", acrescenta.
Juros de curto prazo
Para os juros futuros de curto prazo, as atenções se voltam para questões mais conjunturais, como surpresas com uma inflação mais baixa. A aposta de parte do mercado é de que a taxa básica de juros pode permanecer baixa ou não subir tanto no médio prazo. Isso explica na queda do DI janeiro de 2020, contrato mais negociado do dia, para 7,360% ante 7,390% no ajuste anterior.
Alguns agentes financeiros, inclusive, consideram que a inflação poderia ficar abaixo de 4% no ano que vem, perspectiva que ajudaria a baixar ainda mais a Selic nas próximas reuniões do Copom. Nesta sexta-feira (9), os dados de IPCA de fevereiro devem colocar essa leitura à prova, já que algumas casas esperam resultado de apenas 0,30% na inflação do mês.
Com isso, os trechos mais curtos revelaram resiliência ao ambiente externo mais duro. O DI janeiro/2019 caiu para 6,445% (6,460% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2020 cedeu a 7,370% (7,390% no ajuste anterior) no fim da sessão regular.O DI janeiro/2021 marcou 8,290% (8,280% no ajuste anterior).
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