Por que o A380, maior avião de passageiros, não tem um modelo só de carga?
A crise do coronavírus fez com que muitas companhias aéreas usassem seus aviões de passageiros para o transporte de carga, especialmente suprimentos médicos. Maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380 pode finalmente ganhar uma versão cargueira com essa nova tendência.
O projeto original do A380 previa uma versão de carga que chegou a ser encomendada por UPS e Fedex. O modelo, no entanto, nunca chegou a ser produzido. Neste mês, no entanto, a Lufthansa Technik, divisão da companhia aérea alemã para manutenção de aviões, anunciou que recebeu um pedido de conversão de um A380 de passageiros para carga. A empresa não revelou qual a companhia aérea interessada.
Segundo maior avião de carga do mundo
Chamado de A380F (F de freighter, ou cargueiro), o modelo seria o segundo maior avião de cargas do mundo, atrás apenas do gigante Antonov An-225. O modelo da Airbus teria capacidade para até 150 toneladas, com alcance de 10,4 mil quilômetros. O A380F teria 10% mais de capacidade em relação ao Boeing 747-8F, mas teria um custo de cerca de 20% mais alto.
Com custos elevados, os principais interessados no modelo desistiram de adquirir o A380F antes mesmo de ele ficar pronto. Sem os potenciais clientes, a Airbus desistiu em 2005 de produzir a versão cargueira.
Com a queda na demanda de passageiros, companhias aéreas que operam o modelo passaram a ver o transporte de carga como uma alternativa para a utilização do modelo, já que atualmente toda a frota de A380 está parada.
No atual momento, pode ser melhor adaptar o avião do que deixá-lo parado. Alguns problemas, porém, podem impedir que a versão cargueira se torne definitiva.
Peso elevado do A380
O gigante A380 é um avião pesado, o que reduz a sua capacidade de carga. Apesar do amplo espaço interno, o avião poderia atingir o peso máximo de decolagem antes mesmo de ter todo o seu espaço interno ocupado por carga. No transporte de passageiros, o avião fica mais cheio, já que pessoas costumam pesar menos do que carga.
Autonomia reduzida
Com seu peso máximo operacional, o A380 também teria autonomia reduzida. A versão cargueiro teria capacidade para viajar até 10,4 mil quilômetros enquanto a de passageiro tem autonomia para até 15 mil quilômetros. Isso diminuiria as rotas que poderiam ser servidas pelo avião, reduzindo também o interesse de companhias aéreas.
Restrição de aeroportos
Voos cargueiros costumam operar em aeroportos secundários, que contam com taxas mais baixas, ou mesmo longe de grandes cidades. O problema é que o A380 tem restrições operacionais em muitos aeroportos. No Brasil, por exemplo, por muito tempo o modelo ficou restrito a apenas três aeroportos. Somente em 2018, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) liberou o modelo para operar em mais 12 aeroportos.
A decisão da agência brasileira seguiu uma mudança das regras da OACI (Organização da Aviação Civil Internacional), que passou a prever requisitos técnicos menos exigentes, principalmente no que se refere a larguras de pistas e de faixas de pistas. "A OACI reconheceu que os regulamentos que estabelecem requisitos para aeródromos estão superdimensionados", afirmou a Anac na época. A mudança nos requisitos veio tarde para viabilizar uma versão cargueira.
Atualmente, os aeroportos brasileiros que têm capacidade para receber o A380 são: Belém (PA), Brasília (DF), Cabo Frio (RJ), Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Galeão, no Rio de Janeiro, Guarulhos (SP), Manaus (AM), Viracopos, em Campinas (SP), Porto Alegre (RS), Petrolina (PE), Recife (PE), Natal (RN) e Salvador (BA).
Embarque e desembarque
O A380 tem um porão de cargas e dois andares destinados aos passageiros. A configuração impede o embarque de cargas de grandes volumes. Além disso, o avião da Airbus tem portas menores que o Boeing 747-8F, que permite o embarque pelo nariz do avião. Isso faz com que o embarque e desembarque de carga do A380 leve mais tempo, o que também aumenta o custo.
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