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Aéreas são contra deixar assento do meio vazio para distanciamento em avião

De máscara, comissária de bordo instrui passageiros dentro de avião em meio à pandemia do coronavírus - Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images
De máscara, comissária de bordo instrui passageiros dentro de avião em meio à pandemia do coronavírus Imagem: Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/05/2020 04h00

A pandemia causada pelo novo coronavírus reduziu drasticamente os voos em todo o mundo. Quando a situação começar a voltar ao normal, as companhias aéreas devem enfrentar um novo dilema sobre como manter a segurança sanitária dos passageiros. Manter o distanciamento social a bordo deve ser o principal problema.

Uma das propostas é que as companhias aéreas bloqueiem o assento do meio das fileiras. Em meio à pandemia e com aviões vazios, essa é uma medida que já está sendo implementada. O problema é quando a demanda voltar a subir.

Passagens ficariam mais caras

Companhias aéreas de todo o mundo já se manifestaram contrárias a tornar essa medida um padrão. As empresas alegam que o bloqueio do assento do meio reduziria a capacidade dos aviões e causaria um aumento dos custos. Com passagens mais caras, a recuperação do setor seria ainda mais difícil.

Nesta semana, a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) emitiu um comunicado rejeitando a proposta de bloqueio do assento do meio e defendendo o uso de máscara por passageiros e tripulantes.

"As evidências sugerem que o risco de transmissão a bordo das aeronaves é baixo. E tomaremos medidas, como o uso de máscaras por passageiros e pela tripulação, para adicionar camadas extras de proteção. Precisamos chegar a uma solução que dê aos passageiros a confiança necessária para voar e mantenha o custo do voo acessível. Um sem o outro não terá benefícios duradouros", disse Alexandre de Juniac, diretor-geral e CEO da Iata.

Procuradas, as companhias aéreas brasileiras Azul, Latam e Gol também se posicionaram contrárias ao bloqueio do assento do meio como forma de ter um distanciamento social a bordo dos aviões. As empresas alegam que já estão tomando outras medidas para garantir a segurança dos passageiros.

Azul: uso de máscaras e controle de febre

A Azul afirmou que o uso de máscara já é obrigatório tanto para funcionários da Azul quanto para os passageiros. "Com essa medida, a disponibilização de álcool em gel e o reforço na limpeza dos aviões, vamos ser mais eficazes no combate ao vírus, aumentando a confiança em solo e a bordo e preservando a vida e a segurança de todos", afirmou a empresa.

Além disso, a empresa foi a primeira do país a exigir o controle de temperatura de todos os seus funcionários que trabalham em solo ou a bordo dos aviões. A medição é feita sempre antes do início do turno de trabalho.

A bordo dos aviões, a Azul afirmou que oferece em todos os seus voos tudo aquilo que é necessário para que seus passageiros sintam-se protegidos. "A companhia tem à disposição dos clientes a bordo álcool em gel e lenços desinfetantes", disse.

Para a empresa, o bloqueio do assento do meio seria inviável. "Algumas frentes cogitaram adotar a medida de bloquear o assento do meio, por exemplo, mas isso torna a operação absolutamente inviável, além de não ser efetivo criar uma separação de 50 centímetros entre uma pessoa e outra. Há uma discussão em curso sobre medidas de distribuição de passageiros para endereçar situações específicas, como isolar uma pessoa que comece a se sentir mal durante o voo", afirmou.

Gol: luvas, máscaras e fim do serviço de bordo

A Gol evitou se posicionar sobre a possibilidade do bloqueio do assento do meio, mas afirmou que tem reforçado todos os procedimentos para garantir a saúde e segurança de seus clientes e colaboradores.

Para reduzir aglomerações e reduzir o risco de contágio, a Gol desligou os totens de check-in, fechou as salas vips dos aeroportos, instalou adesivos no chão para marcar o distanciamento durante o embarque e eliminou o serviço de bordo durante o voo. Além disso, a companhia afirmou que adotou medidas adicionais de limpeza e higienização das aeronaves durante as paradas em solo e pernoites, tem distribuído luvas, máscaras e álcool em gel.

A partir de amanhã (10), a Gol passa a solicitar a utilização de máscaras por todos os seus clientes em todos os voos em operação. "Esta medida tem como base as informações científicas mais recentes e as recomendações de diversos órgãos públicos pelo Brasil e pelo mundo", afirmou.

Latam: uso obrigatório de máscara

A Latam anunciou que todos os passageiros serão obrigados a usar máscara durante todo o voo. A medida começa a valer a partir da próxima segunda-feira (11). A empresa afirmou que essa e outras medidas de higienização e prevenção são as mais efetivas para evitar a contaminação.

A companhia disse que não prevê alterações de configuração em suas aeronaves neste momento, mas que, sempre que possível, possibilita o distanciamento dos passageiros entre os assentos a bordo.

As medidas de prevenção adotadas pela Latam vão do check-in ao desembarque. No check-in, a companhia adotou posições de atendimento intercaladas e filas individuais em cada balcão com distância de 1,5 metro entre as pessoas, mas recomenda que o processo seja feito pela internet.

A bordo, além do uso obrigatório de máscaras, a companhia afirma que reforçou todos seus procedimentos de sanitização da aeronave e possui álcool em gel à disposição dos clientes. O serviço de bordo foi adaptado para ter o mínimo de manuseio e os protocolos de atendimento da tripulação foram simplificados, reduzindo a necessidade de interação a bordo.

No desembarque, a limpeza das aeronaves foi reforçada e a retirada de bagagens na esteira foi organizada para que o distanciamento seguro entre as pessoas seja cumprido.