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Todos a Bordo

Sem movimento, companhias aéreas levam cargas nas poltronas de passageiros

Carga transportadas na cabine de passageiros de um Boeing 777 da Latam - Divulgação
Carga transportadas na cabine de passageiros de um Boeing 777 da Latam Imagem: Divulgação

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2020 04h00

Com aviões vazios ou mesmo parados por causa do novo coronavírus, as companhias aéreas estão levando carga nos assentos de passageiros, além de usarem os porões. Está havendo muita procura para transporte de máscaras e remédios.

"Os porões estão voando com uma ocupação bastante alta, em algumas rotas quase 100%. Os passageiros seguem em um volume bastante baixo, em alguns casos abaixo de 25% ou 30%", disse Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

Latam leva máscaras e remédios em avião de passageiro

Segundo a Latam, desde 15 de março já foram realizados diversos voos dentro do Brasil para o transporte de material como medicamentos, testes, álcool em gel, máscaras, luvas e respiradores, produtos necessários para combater a doença de norte a sul do Brasil. Estão sendo usados tanto aviões de passageiros como cargueiros. A empresa diz que houve aumento nos voos cargueiros entre o Brasil e os Estados Unidos e de 40% nas ligações com a Europa.

Dois aviões Boeing 777 de passageiros da Latam que estão em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) para manutenção devem ir à China buscar uma carga de 960 toneladas de máscaras. A carga deve ser transportada tanto no porão do avião como na cabine de passageiros.

Azul usa todos os modelos de sua frota

A Azul também tem usado aviões de passageiros para o transporte de carga. Segundo a empresa, além de duas aeronaves cargueiras Boeing 737-400-F, a Azul Cargo ampliou sua capacidade de oferta com a adaptação de parte da frota de aviões da Azul para o transporte exclusivo de cargas.

A empresa tem usado todos os modelos de aviões de sua frota para esse tipo de missão. As operações incluem até mesmo voos internacionais para os Estados Unidos. Em abril, a empresa transportou vacinas para Fort Lauderdale e para Orlando. As operações cargueiras são feitas com as aeronaves modelo Airbus A330.

Na última semana, a empresa usou um Airbus A320neo para transportar 145 mil equipamentos de proteção individuais (EPIs) para hospitais de Santarém(PA) e Porto Velho (RO). A carga incluía máscaras cirúrgicas, óculos de proteção e luvas.

Anac deu autorização especial para levar carga

Para possibilitar o transporte de carga na cabine de passageiros, a Anac aprovou esse tipo de operação de forma extraordinária.

Segundo a Anac, no entanto, esse tipo de operação poderá ocorrer somente no período de emergência da covid-19. Se houver passageiros, não pode ser carregada carga na cabine.

Airbus desenvolve solução

O uso de aviões de passageiros para o transporte tem ocorrido em todo o mundo. A tendência tem sido tão grande que a Airbus anunciou que desenvolverá modificações estratégicas para as aeronaves das famílias A330 e A350. A nova solução permitirá que as companhias aéreas instalem estrados de madeira para carga diretamente nos trilhos dos assentos, após a remoção das poltronas da classe econômica.

"Essa solução ajudará na continuidade dos negócios das próprias companhias aéreas, além de aliviar a escassez global de capacidade de frete de carga aérea, em razão da inatividade generalizada de aeronaves de longo curso causada pela pandemia de Covid-19. Além disso, o aprimoramento ajudará o setor a atender rapidamente à alta demanda de voos humanitários para transportar grandes quantidades de equipamentos médicos e outros suprimentos por grandes distâncias", afirmou a fabricante europeia.

Táxi-aéreo de carga

No início da crise, a demanda por voos internacionais de táxi-aéreo chegou a ter alta de até 70%, segundo a empresa Flapper. O foco eram passageiros que estavam no exterior e não conseguiam voltar ao Brasil por conta do fechamento de fronteiras e cancelamentos de voos.

Somente a inglesa Air Charter Service, que tem operações no Brasil, foi responsável pela repatriação de mais de 5.000 funcionários de empresas em todo o mundo por meio de sua rede global.

Neste momento, as empresas de táxi-aéreo se voltam também ao transporte de carga. Segundo a Anac, cerca de 210 empresas são certificadas pela agência para prestar o serviço de táxi-aéreo.

"A medida tem por objetivo facilitar ao contratante a identificação das empresas autorizadas a realizar serviços que estão sob alta demanda, devido à pandemia do novo coronavírus, como é o caso de transporte de artigos hospitalares, amostras laboratoriais, carga de álcool gel e líquido, entre outros", afirmou.

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