Coronavírus acelera fim do cinquentenário Jumbo 747, que já foi o maior
Com o cancelamento em massa de voos por conta da crise do coronavírus, diversas companhias aéreas ao redor do mundo estão aproveitando para revisar toda a sua frota. Aviões mais antigos estão sendo aposentados e uma das principais vítimas dessa mudança tem sido o Boeing 747, conhecido como Jumbo. Com mais de 50 anos de história, o modelo já foi o maior avião de passageiros do mundo.
Companhias aéreas de todo o mundo que utilizam o modelo decidiram acelerar o processo de aposentadoria da versão de passageiros do 747. Apesar de ser um dos aviões mais famosos do mundo, o Jumbo perdeu a atratividade por seu alto consumo de combustível, um dos maiores gastos das empresas.
Aposentadoria começou há alguns anos
A aposentadoria do Boeing 747 já vinha sendo uma tendência em diversas aéreas do mundo nos últimos anos. Nos Estados Unidos, a United e a Delta, por exemplo, encerraram o uso. O processo se acelerou no último mês.
Segundo a consultoria Cirium, antes do início da crise do coronavírus havia 184 aviões do modelo 747 em operação em todo o mundo. Com o cancelamento dos voos, até ontem restavam apenas 23 aeronaves em operação.
Após a crise, algumas companhias aéreas podem reativar o uso do 747. No entanto, outras já anunciaram que devem aposentar definitivamente o jumbo de suas operações em voos de passageiros.
Companhias que aposentaram o 747
Uma das primeiras medidas adotadas pela holandesa KLM após o agravamento da crise do coronavírus foi justamente suspender todas as operações do 747. Até então, a expectativa era de que o modelo deixasse a frota da empresa apenas no ano que vem.
A australiana Qantas é outra companhia aérea que abandonou totalmente os voos com o 747. A empresa pretendia aposentar o Jumbo até o final do ano, mas também antecipou.
No Reino Unido, duas companhias aéreas também já deixaram de operar com o 747. A British Airways e a Virgin Atlantic ainda não confirmaram, no entanto, se o fim das operações com o modelo será definitivo.
O CEO do grupo IAG, Willie Walsh, que controla a British Airways e a espanhola Iberia, afirmou que alguns modelos realmente devem ser aposentados. "Nossa análise da provável evolução da demanda até 2020 é que nem todos os aviões que estão parados temporariamente voltem a operar", afirmou.
No caso da Virgin Atlantic, um dos 747 que estão fora de operação é o "The Falcon". O avião recebeu em setembro do ano passado uma pintura especial com a nave Millenium Falcon, da franquia Star Wars.
Troca por aviões mais econômicos
O declínio do modelo é reflexo do lançamento de aviões mais eficientes. Quando foi lançado em 1970, o Jumbo tinha a maior capacidade de transporte de passageiros, com mais de 400 assentos, marca que só foi superada com o lançamento do Airbus A380 há pouco mais de dez anos, com capacidade média de 497 passageiros.
No entanto, são aviões menores que têm roubado espaço do 747 no mercado, como os Boeings 777 e 787 e o Airbus A350.
Com seus quatro motores, o Jumbo apresenta um consumo de combustível bem mais elevado que os novos aviões equipados com apenas dois motores. Estima-se que o 747 gaste 20% a mais de combustível por passageiro que o 777, por exemplo.
Além disso, a diferença na capacidade total de passageiros também foi reduzida. Configurado para três classes de cabine (primeira, executiva e econômica), o 747 pode transportar até 410 passageiros. O 777-300ER com duas classes (executiva e econômica) leva até 396 passageiros.
O Boeing 787 e o Airbus A350 são um pouco menores, mas utilizam tecnologias mais modernas, o que permite economizar ainda mais combustível.
Jumbo ou Rainha dos Céus tem 2 andares
Conhecido como Jumbo ou Queen of the Skies (Rainha dos Céus), o avião revolucionou a indústria aeronáutica com sua grande capacidade de passageiros, de carga e design único, com dois andares na parte dianteira.
O Boeing 747 começou a ser desenvolvido em meados dos anos 1960 para atender a uma demanda das companhias aéreas por aviões maiores. O mundo vivia o crescimento no transporte aéreo e estava à beira de um congestionamento nos principais aeroportos da época.
A maior entusiasta para um novo modelo foi a companhia aérea norte-americana Pan Am, que fez uma encomenda inicial de 25 unidades. O novo modelo fez seu primeiro voo comercial no dia 22 de janeiro daquele ano na rota entre Nova York (EUA) e Londres (Reino Unido).
Maior avião do mundo
A primeira versão do Boeing 747 foi projetada para levar até 366 passageiros. O novo modelo superava em mais de cem passageiros a capacidade do então maior avião comercial da época, o Douglas DC8-63, que podia transportar até 259 passageiros. A Pan Am decidiu modificar a configuração interna do 747 e levar ainda mais pessoas. O avião da companhia tinha cerca de 400 assentos.
Varig foi a única brasileira a ter modelo
O Jumbo fez sucesso em companhias aéreas de todo o mundo ao longo de sua história. A Boeing desenvolveu diversas versões do modelo, que ampliaram a capacidade para até 490 passageiros. No Brasil, a Varig foi a única companhia aérea a voar com o modelo, nas versões 200, 300 e 400.
Foi com um Jumbo que ocorreu o pior acidente da aviação mundial. Em 27 de março de 1977, no aeroporto de Tenerife, na Espanha, dois aviões Boeing 747 se chocaram na pista de decolagem, deixando 583 mortos. Apenas 65 pessoas, entre passageiros e tripulantes sobreviveram.
Superado em tamanho só em 2007
O reinado do Boeing 747 como maior avião de passageiros do mundo durou até outubro de 2007, quando o Airbus A380 realizou seu primeiro voo comercial. O modelo tem capacidade máxima para levar até 853 passageiros, mas a configuração média usada pelas companhias aéreas varia entre 379 e 615 passageiros.
Nos últimos 50 anos, o Boeing 747 reuniu fãs em todo o mundo. A proximidade da aposentadoria do 747 deve deixar muitos desses entusiastas com saudades do modelo. O alento para esses fãs é que o 747 ainda deve resistir um pouco mais na versão cargueira.
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