Estudos para futuro incluem aviões autônomos, supersônicos e elétricos
A forma como você vai viajar de avião no futuro pode ser bem diferente da de hoje em dia. E as mudanças não têm nada a ver com as novas exigências sanitárias por conta da pandemia do novo coronavírus. O que deve mudar são os próprios aviões.
A indústria aeronáutica trabalha no desenvolvimento de diversos projetos de aeronaves que prometem revolucionar o transporte aéreo nos próximos anos e décadas. São aviões supersônicos, elétricos, autônomos e até aeronaves que parecem um drone gigante para o transporte de passageiros em centros urbanos.
Alguns projetos já estão em fase avançada de desenvolvimento, enquanto outros ainda são apenas ideias. A maior revolução deve vir com os táxis voadores elétricos, que já envolve as principais fabricantes mundiais de aviões e outras marcas importantes da indústria de transporte.
Aviões supersônicos
Desde que o Concorde foi aposentado em 2003, não sobrou nenhuma opção para os passageiros voarem acima da velocidade do som. Apesar dos altos custos e restrições técnicas de operações, diversas empresas trabalham em novos aviões supersônicos voltados ao uso civil voltado tanto a companhias aéreas como para a aviação executiva.
Os projetos da Boom Supersonic e da Aerial Corporation são alguns dos mais consolidados. A Boom, por exemplo, apresentará em outubro deste ano o primeiro protótipo do modelo XB-1. É um projeto que servirá de base para o futuro Overture, que terá capacidade para 55 passageiros.
Segundo a empresa, uma viagem entre Sydney (Austrália) e Los Angeles (EUA), que atualmente dura cerca de 14h30, seria reduzida para 8h30. O tempo da viagem entre Nova York (EUA) e Londres (Reino Unido) seria reduzido de 6h30 para 3h30.
A Boeing tem participação no projeto da Aerial Corporation e também desenvolve um avião próprio para velocidade supersônica. O avião da Boeing poderia voar até cinco vezes mais rápido que a velocidade do som, ou cerca de 5.500 km/h. A empresa afirma, no entanto, que seria algo para 20 ou 30 anos.
O projeto mais recente é da Virgin Galactic em parceria com a Rolls-Royce. O avião está sendo projetado para atingir três vezes a velocidade do som, o equivalente a cerca de 3.700 km/h. É cerca de quatro vezes mais rápido do que os aviões comerciais atuais.
Todos os projetos enfrentam os mesmos desafios que acabaram com a carreira do Concorde: o alto custo de operação. Para atingir velocidade supersônica, o elevado consumo de combustível é um problema para tornar a operação viável. Outro agravante é o ruído provocado ao voar acima da velocidade do som. No caso do Concorde, ele só podia atingir velocidade supersônica sobre o mar.
Autônomos
Um dos projetos mais ousados é criar aviões autônomos. Eles incluem desde os táxis voadores que estão sendo desenvolvidos para o projeto Uber Elevate, mas também os grandes jatos comerciais.
Em julho, a Airbus completou a fase de teste para um avião autônomo. Um A350-1000 foi capaz de taxiar, decolar e aterrissar completamente sozinho, sem qualquer interferência de um piloto. Mais de 500 tentativas foram realizadas com a aeronave em questão, que tinha câmeras internas e externas para garantir assistência à tecnologia. Apesar dos testes bem-sucedidos, ainda não há perspectiva para a retirada de pilotos dos aviões comerciais.
Os táxis voadores que estão sendo desenvolvidos para o projeto Uber Elevate, de transporte aéreo em centros urbanos, já estão sendo pensados para um dia voarem de forma totalmente autônoma. Os maiores fabricantes do mundo, inclusive a Embraer, estão desenvolvendo suas próprias aeronaves.
Chamados de eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical), os projetos são semelhantes a drones gigantes para o transporte de passageiros. No início, seria comandado por um piloto, mas o objetivo é que seja autônomo no futuro.
Todos os fabricantes devem seguir as especificações básicas do projeto, como a de ser um veículo elétrico com múltiplos rotores (hélices), capacidade para quatro passageiros, velocidade de até 320 km/h, altitude de 600 metros e autonomia de voo para cem quilômetros.
Elétricos
Muito além do eVTOL, a motorização elétrica tem sido uma busca na indústria aeronáutica como forma de reduzir custos operacionais, já que o combustível é a principal despesa de uma companhia aérea. O objetivo é adotar os motores elétricos em aviões de grande porte, mas por enquanto os testes começam a ser feitos em aviões menores.
O primeiro modelo elétrico da Embraer, por exemplo, é uma adaptação do avião agrícola Ipanema. O motor elétrico está em desenvolvimento por meio de um acordo de cooperação científica e tecnológica com a multinacional brasileira Weg. A nova tecnologia pode ser usada tanto no eVTOL da empresa ou mesmo em futuros aviões da Embraer, que podem ser totalmente elétricos ou com tecnologia híbrida.
Em junho deste ano, o primeiro avião elétrico do mundo foi certificado na Europa. Foi o modelo Pipistrel Velis Electro, uma aeronave de dois lugares destinada para a instrução de pilotos e produzido na Eslovênia.
Diversos outros projetos também estão em desenvolvimento em todo o mundo. A fabricante de motores Rolls-Royce trabalha em um deles. Por enquanto, os projetos equipam apenas aviões de pequeno porte, mas ideia é ganhar conhecimento para levar a tecnologia para aeronaves maiores.
Todas essas mudanças devem levar alguns anos para chegarem à aviação comercial, mas a certeza é que no futuro a experiência de voar deve ser bem diferente.
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