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Viajar em avião executivo pode ficar mais barato com mudança em táxi-aéreo

Voo em aviões executivos deve ficar mais barato com venda de assentos individuais - Junior Lago/UOL
Voo em aviões executivos deve ficar mais barato com venda de assentos individuais Imagem: Junior Lago/UOL

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/08/2020 04h00

Uma nova regulamentação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pode baratear o voo em aviões executivos. A decisão da agência permitiu que empresas de táxi-aéreo possam vender assentos individuais para passageiros. Com isso, vai ser possível viajar em um avião particular sem precisar pagar pelo fretamento de toda a aeronave. Um jatinho fretado entre SP e Rio pode passar dos R$ 34 mil por trecho.

O fretamento de um avião inteiro turboélice para um voo entre São Paulo e Angra dos Reis (RJ) custa cerca de R$ 15 mil. Um assento individual em voo executivo pode sair por R$ 500. Mas este é só um exemplo. A decisão é recente, e não há definições de preços ainda.

Deve haver mais oferta

Algumas empresas até já faziam a venda por assento em aeronaves executivas. Como não havia uma regulamentação específica, havia dúvidas sobre o que podia ou não ser oferecido aos passageiros e quais os seus direitos. A tendência, agora, é que mais empresas de táxi-aéreo passem a oferecer a venda por assento em aviões executivos.

O aplicativo Flapper já fazia a venda por assentos, mas de forma bastante limitada. Para os próximos dias, por exemplo, há opções de venda de assentos individuais apenas de São Paulo para Angra dos Reis (RJ) e Buenos Aires (Argentina).

No caso de Angra dos Reis, uma passagem em um turboélice Cessna Grand Caravan custa R$ 500. Se fosse necessário fretar um avião similiar, o valor mais baixo seria de R$ 15.120, segundo cotação no site Fly Adam. Uma opção no aplicativo Flapper seria um helicóptero Robinson R44 para três passageiros por R$ 11.020.

Para Buenos Aires, o voo em um jatinho Learjet 60 sai por R$ 5.590 por assento individual no aplicativo da Flapper. No site da Fly Adam, o jato mais barato para fazer essa rota é o Learjet 35A. O fretamento do avião inteiro custa R$ 64.296.

Opções devem aumentar em breve

A nova regulamentação foi aprovada pela diretoria da Anac na última terça-feira (4), e as empresas já trabalham para criar um novo modelo de negócios para a venda de passagens individuais. O site Fly Adam, lançado em maio deste ano, surgiu com a ideia de conectar empresas de táxi-aéreo diretamente aos clientes. Ele oferece cotação de fretamento em diversas empresas e também deverá ter opções para assentos individuais em breve.

As empresas de táxi-aéreo deverão oferecer a possibilidade de compra de assentos individuais especialmente nos voos de volta. É muito frequente que uma empresa seja contratada para fazer um voo somente de ida de São Paulo a Brasília, por exemplo. Se a empresa não consegue um fretamento no sentido contrário, o avião acaba voltando vazio para a sua base.

Com a nova regulamentação, a ideia é que os assentos individuais sejam vendidos exatamente nesses trechos. Além do valor dessa passagem ser bem menor, o valor original do fretamento do avião também pode diminuir. "A empresa pode usar isso para abater custos e fidelizar seu cliente", afirmou o diretor-geral e CEO da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), Flávio Pires.

Táxi-aéreo é opção na pandemia

Muito mais do que luxo ou exclusividade, o táxi-aéreo virou uma opção necessária nos últimos meses por conta da pandemia do novo coronavírus. Com a redução drástica dos voos comerciais em todo o país, muitas cidades ficaram sem uma ligação aérea.

"Aumentou muito o apelo da aviação executiva em razão da pandemia. Primeiro, porque o número de voos regulares no Brasil reduziu drasticamente. Além disso, com a questão de saúde, há a percepção de que voar em aeronaves executivas é mais seguro do que em aeronaves comerciais, porque não passa por todo aquele processo de aeroporto e não tem contato com tantas pessoas", afirmou Ricardo Fenelon, ex-diretor da Anac.

Voos regionais

A decisão da Anac ainda permite que as empresas de táxi-aéreo possam oferecer até 15 voos regulares por semana. O ex-diretor da Anac avalia que essa pode ser uma opção para o desenvolvimento da aviação regional em localidades mais afastadas e com pouca demanda por transporte aéreo, já que são aviões de pequeno porte.

"É um embrião para a aviação regional. Essa decisão cria uma série de possibilidades de novos negócios para as empresas de táxi-aéreo", afirmou o diretor-geral e CEO da Abag.