Como funcionam os filtros dos aviões que renovam o ar a cada 3 minutos?
Em meio à pandemia do novo coronavírus, companhias aéreas de todo o mundo afirmam que o ambiente a bordo dos aviões é seguro, pois o ar interno nas aeronaves é renovado a cada três minutos e há filtros que bloqueiam 99,9% dos vírus e bactéricas, incluindo o novo coronavírus.
"A qualidade do ar sempre foi um requisito importante. Não é uma coisa que surgiu agora. Há muito tempo a indústria aeronáutica já se preocupa com isso e todos os projetos de sistemas de ar-condicionado e pressurização necessitam atender a esses padrões rigorosos de qualidade do ar dentro do ambiente da aeronave", afirmou Alexandre Peronti, diretor de manutenção da Latam.
Circulação do ar
O ar dentro dos aviões está em circulação constante. Mais da metade do ar que entra na cabine pelo sistema de ar-condicionado é fresco, recém-captado do ambiente externo pelos motores. O ar é direcionado pela tubulação até os filtros de ar do tipo hepa (usados em hospitais). Depois da filtragem, o ar é direcionado para a saída do ar-condicionado, próxima aos bagageiros internos no teto do avião.
Depois de entrar na cabine, o ar frio desce em direção ao chão, onde ficam as válvulas de exaustão do ar. Uma parte volta ao sistema de tubulação e é levada novamente aos filtros hepa. A outra parte é expelida para o ambiente externo pelas válvulas do avião. A proporção de ar que passou pelos filtros e que se mistura com o ar fresco pode variar de 37% a 51%.
Esse processo faz com que o ar interno do avião seja renovado a cada três minutos, em média. Todos os aviões utilizados pelas companhias aéreas brasileiras (Latam, Gol e Azul) contam com esse sistema.
Filtros hepa
Mais do que a circulação e renovação do ar, o grande enfoque das companhias aéreas está no filtro hepa. A sigla significa High Efficiency Particulate Air (Ar Particulado de Alta Eficiência, em tradução livre).
Trata-se de um filtro de ar industrial utilizado em hospitais e na indústria aeronáutica. Ele utiliza três processos de filtragem (impacto, difusão e interceptação) para aumentar a eficiência. "Não é apenas uma barreira física", afirmou o diretor de manutenção da Latam.
O filtro hepa é capaz de reter mais de 99,9% dos vírus e bactérias presentes no ar, e isso inclui até mesmo o novo coronavírus, diz a empresa. O filtro hepa capta vírus e bactérias de até 0,01 micrômetro, equivalente a um milionésimo de metro ou um milésimo de milímetro. O coronavírus é de oito a 16 vezes maior, medindo de 0,08 a 0,16 micrômetro.
Depois de ficar preso no filtro hepa, os vírus e bactérias não duram muito mais tempo. No local onde são instalados, a umidade relativa do ar varia entre 10% e 15%, o que impediria a sobrevivência desses microorganismos.
Outros sistemas de proteção
Apesar da eficiência no tratamento da qualidade de ar, ainda assim são necessárias outras medidas para evitar o risco de contaminação a bordo dos aviões. As companhias aéreas têm adotado regras mais rígidas de limpeza, distribuído álcool em gel e exigido o uso de máscaras por tripulantes e passageiros.
"O filtro é uma das barreiras, mas não é a única. A eficiência do combate é uma composição de tudo isso", afirmou o diretor da Latam.
Isso em tese, mas a colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge descreveu uma viagem recente na ponte aérea Rio-São Paulo com muitas infrações de segurança: "Desde que coloquei os pés no Santos Dumont, nenhuma das recomendações de segurança foram seguidas pela maioria dos passageiros e pelos funcionários da companhia pela qual viajei. As marcações no chão para a fila de embarque foram ignoradas, todos amontoados, muitos com máscaras que só serviam de enfeite."
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