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REPORTAGEM

Rússia vai fazer mais aviões, inclusive modelo antigo, por causa da guerra

O MC-21 é um dos aviões que a Rússia quer acelerar a produção após as sanções devido à guerra na Ucrânia - Tatyana Belyakova/Divulgação/UAC
O MC-21 é um dos aviões que a Rússia quer acelerar a produção após as sanções devido à guerra na Ucrânia
Imagem: Tatyana Belyakova/Divulgação/UAC

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/04/2022 04h00

As sanções impostas à Rússia em decorrência da guerra na Ucrânia afetaram diretamente o mercado de aviação no país. Com restrições para o leasing de novas aeronaves e obtenção de peças, o governo russo encontrou como saída aumentar a produção de aviões civis para suprir seu mercado interno.

Alguns aviões são modelos mais antigos, que já não acompanham os padrões atuais do mercado, como consumo e sustentabilidade, embora se mantenham seguros para voar. Outros, representam um novo expoente na aviação civil russa, como o MC-21, que pretende ser concorrente direto do Boeing 737 e do Airbus A320, e o Sukhoi Superjet 100 (SSJ 100), para cerca de 100 passageiros.

Retomada

Parte da produção desses aviões estava em ritmo lento, tendo em vista a entrada próxima de novos modelos (como o MC-21 e o SSJ 100) e a concorrência com outros fabricantes. Com a retomada, essas aeronaves, que não necessariamente acompanharam as evoluções do setor, podem dominar os céus russos em breve.

A UAC (United Aircraft Corporation), empresa controladora de grande parte dos fabricantes de aviões russos, anunciou após o início da guerra na Ucrânia que aumentaria a entrega do SSJ 100 de 32 para 40 unidades ao ano. O MC-21, que deve ter sua primeira unidade entregue no segundo semestre desse ano, contará com três aviões fabricados em 2022.

Denis Manturov, ministro da Indústria e Comércio da Rússia, disse que deverá aumentar a produção dos aviões Tu-214 e Il-96 em breve. Os aviões, que são fornecidos principalmente para a aviação estatal do país, realizaram o primeiro voo em 1996 e 1988, respectivamente.

Ainda segundo o ministro, devem passar a ser entregues aos clientes dez unidades do Tu-214 por ano. Hoje são três anualmente.

Conheça a seguir os principais modelos de aviões civis russos da atualidade:

MC-21

Mc-21 - Divulgação/UAC - Divulgação/UAC
O MC-21 ainda não está em operação, mas deve fazer pressão sobre modelos da Airbus e Boeing
Imagem: Divulgação/UAC

O MC-21 é um avião que chega ao mercado em uma das principais fatias do setor da aviação, com configurações de 160 a 211 lugares. Serão três modelos na família, cada um com capacidade diferente.

Como melhoria, a fabricante do MC-21 diz que ele contará com ruído reduzido na cabine, uma maior pressão interna e sistema de umidificação do ar (o que gera maior conforto), além de estar dentro dos padrões de consumo estipulados pelos órgãos reguladores mundiais.

O MC-21-200 tem uma envergadura (distância de ponta a ponta da asa) de 35,9 metros, comprimento de 36,8 metros e altura de 11,5 metros, podendo voar a uma distância de até 6.000 km sem precisar parar para reabastecer. Sua capacidade é de até 135 assentos divididos em duas classes, e ele deve começar a operar comercialmente até o fim de 2022.

Superjet 100

superjet - Divulgação/UAC - Divulgação/UAC
Superjet 100 é um modelo de avião regional fabricado na Rússia pela Sukhoi
Imagem: Divulgação/UAC

Desenvolvido pela Sukhoi, o Superjet 100 fez seu voo inaugural em 2008. Esse é um jato regional com capacidade para 98 passageiros e capacidade de voar até 3.000 km, ou 4.500 km na versão com capacidade ampliada.

Ele tem 27,8 metros de envergadura, 29,9 metros de comprimento, 10,3 metros de altura e pode decolar com um peso de até 49,4 toneladas. Por ser um modelo mais recente, ele foi desenvolvido para ser economicamente mais viável, poluindo menos e atendendo às normas vigentes dos órgãos reguladores mundiais.

Tu-214

Tu-214 - Divulgação/UAC - Divulgação/UAC
Tu-214 é um dos modelos que terão produção acelerada após embargo à Rússia
Imagem: Divulgação/UAC

O Tupolev Tu-214 fez seu primeiro voo em 1996, tendo sido derivado do Tu-204, que foi lançado ainda na década de 1980. Mesmo com mais de 25 anos de existência, seus exemplares só foram vendidos basicamente para Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba e Egito.

Com capacidade para transportar até 210 passageiros, ele pode voar até 3.800 km de distância, chegando uma velocidade de 850 km/h. Sua envergadura é de 42 metros, seu comprimento é de 46,2 metros e sua altura é de 13,9 metros, podendo voar a uma altitude de até 12 km.

Il-96-300

Il-96-300 - Divulgação/UAC - Divulgação/UAC
O avião presidencial russo é uma variante do Il-96-300
Imagem: Divulgação/UAC

Um dos modelos mais antigos entre os que são fabricados hoje na Rússia para o transporte de passageiros, o Ilyushin Il-96-300 tem pelo menos 23 unidades fabricadas até hoje, segundo o fabricante. Seu primeiro voo ocorreu em 1988, e a aeronave é do tipo de fuselagem larga, adotada para viagens de longas distâncias.

Uma das variantes do modelo é o atual avião presidencial russo, que conta com proteção antimíssil e é apelidado de Kremlin Voador, em alusão à sede do governo daquele país. Praticamente, apenas Rússia e Cuba receberam esse modelo, que é um dos mais defasados para os padrões da indústria atual.

Ele é um quadrimotor, configuração que vem se tornando obsoleta para a indústria devido aos elevados custos com combustível e manutenção. Ainda assim, esse é o principal modelo nacional russo para longas viagens que pode ter sua produção acelerada.

Com velocidade de cruzeiro de 870 km/h, ele tem envergadura que chega a 60,1 metros, comprimento de 55,4 metros e altura de 17,6 metros.

Il-114-300

Il-114-300 - Divulgação/UAC - Divulgação/UAC
Concepção do Il-114-300, avião com foco em rotas domésticas regionais na Rússia
Imagem: Divulgação/UAC

A Ilyushin também fabrica o turboélice Il-114, que tem foco na aviação regional. Sua nova variante, o Il-114-300, tem o objetivo de substituir os modelos similares importados ATR-42, ATR-72, Q400 e versões antigas dos Antonov An-24 e An-26.

O modelo 300 ainda está em desenvolvimento, e deve entrar em operação nos próximos anos. Ele terá capacidade para levar até 68 passageiros e poderá transportar até sete toneladas.

Tem envergadura de 30 metros, comprimento de 27,8 metros e altura de 9,3 metros. Carregado e com passageiros, sua autonomia é de 1.400 km, chegando a uma velocidade de cruzeiro de 500 km/h.