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REPORTAGEM

Congonhas parado por 9 horas: É comum demorar para liberar pista?

Avião de pequeno porte derrapou e por pouco não ultrapassou a cabeceira da pista do aeroporto de Congonhas - Reprodução/Redes Sociais
Avião de pequeno porte derrapou e por pouco não ultrapassou a cabeceira da pista do aeroporto de Congonhas Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/10/2022 16h14Atualizada em 11/10/2022 08h43

O aeroporto de Congonhas ficou com a pista fechada por quase nove horas no domingo (9). É comum demorar tanto tempo para retomar as operações após um incidente?

Um avião de pequeno porte pertencente a uma empresa de concreto saiu da pista durante o pouso no aeroporto de Sâo Paulo. A aeronave parou no limite do barranco na lateral da área de taxiamento. O incidente fechou a pista do aeroporto das 13h32 até 22h18, quando a operação foi retomada.

Segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que administra o aeroporto, o acidente ocorreu após o pneu do trem de pouso traseiro ter estourado.

Demora de horas é comum? Situações como essa são tratadas com o máximo de agilidade possível pelos órgãos responsáveis. Devido a isso, demoras longas como a deste domingo, com quase nove horas de interrupção na pista principal, não são comuns.

Procurada pelo UOL, a Infraero afirmou que, de acordo com o Código Brasileiro de Aeronáutica, quem deve remover um avião envolvido em um acidente é o seu explorador, que deverá arcar com os custos dessa operação. Essa demora ocorreu, em grande parte, já que se aguardou a chegada da equipe de remoção ligada à empresa. Em nota, a Infraero informou que colocou os recursos que tem à disposição da proprietária da aeronave para que ela fosse retirada do local.

A empresa Supermix Concreto também foi procurada pelo UOL e disse que não vai se posicionar sobre o ocorrido.

A legislação prevê que, em caso de aeroportos públicos, caso o responsável pela aeronave não a remova em tempo oportuno, cabe à administração do aeroporto fazê-lo mediante indenização posterior dos custos.

O aeroporto de Congonhas conta com guinchos e equipamentos de emergência para remover aeronaves inutilizadas, como a que acidentou ontem, de acordo com a documentação oficial do local.

Em nota, a Infraero informou que colocou os recursos que tem à disposição da proprietária da aeronave para que ela fosse retirada do local. "O atendimento desta ocorrência foi realizado em conformidade com o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), o Plano de Emergência em Aeródromo e demais requisitos aeronáuticos aplicáveis com foco na busca imediata de equipamentos disponíveis dentro e fora do aeroporto para remoção da aeronave, que foram colocados à disposição do proprietário da aeronave", informa a empresa em nota enviada ao UOL.

"Importante destacar que se tratava de uma situação de um aeroporto pós condição de um incidente aéreo, em que se precisa cumprir todo o rito regulatório, ou seja, não se pode operar pousos e decolagens até que se restabeleça as condições de segurança exigidas pela regulação", diz a estatal.

Quem deve agir? Quando um acidente ou um incidente ocorre, diversos órgãos são acionados para contornar o problema.

A administradora do aeroporto é responsável por acionar um plano específico de contingência e emergência, segundo a Infraero, que terá a finalidade de "resguardar a segurança em primeiro lugar e permitir a retomada da operação no menor tempo possível".

Entre alguns dos órgãos que agem imediatamente após um acidente estão:

  • Administrador do aeroporto (Infraero, no caso)
  • Empresa responsável pelo avião
  • Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira) responsável por apurar o que aconteceu

Investigação inicial: Segundo o Cenipa, investigadores ligados à Aeronáutica foram acionados ainda no domingo para realizar a primeira apuração da ocorrência envolvendo o jato.

Nesse momento, os investigadores realizam a coleta de dados e preservação de indícios que auxiliarão no processo. É quando são verificados os danos causados à aeronave e por ela, por exemplo.

Diferente de uma investigação policial, a análise do Cenipa tem o objetivo de entender o que de fato ocorreu e evitar que novos acidentes ocorram, e não responsabilizar uma pessoa pelo que aconteceu. Tanto que, nos relatórios finais do órgão sequer constam os nomes dos envolvidos, apenas qual função desempenhavam ou onde estavam na hora do acidente.

Não há prazo para conclusão das investigações.

Qual foi o prejuízo? Em nota, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas, que representa parte das companhias que operam em Congonhas, afirmou que os prejuízos financeiros ultrapassam "milhões de reais", mas não informaram um valor.

Estes custos envolvem a remarcação dos voos, reorganização da malha, alimentação e hospedagem para os passageiros, entre outros. Na manhã desta segunda-feira (10), Congonhas ainda registrava filas e cancelamentos de voos.

Alguns tripulantes que não voaram também precisaram ser dispensados devido à carga de trabalho. Há uma forte limitação do controle de fadiga desses profissionais visando impedir que acidentes ocorram devido ao cansaço.

Veja a linha do tempo da interdição:

  • 12h15: Avião decola de Foz do Iguaçu (PR)
  • 13h30: Avião pousa no aeroporto de Congonhas e sai da pista após o pneu explodir
  • 15h30: Primeiro horário previsto para a liberação da pista
  • 15h58: Conclusão da limpeza e vistoria da pista e substituição de equipamento luminoso de balizamento de aeronaves danificado durante o acidente
  • 17h: Segundo horário previsto para a liberação da pista
  • 22h18: Liberação definitiva das operações no aeroporto

Ficha Técnica do avião

O jato: O avião é um Learjet 75 de propriedade da Supermix Concreto, com capacidade de levar até nove pessoas a bordo. O jato foi fabricado em 2015 e estava em situação regular segundo dados disponibilizados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em seu site.

Modelo: Learjet 75
Fabricante: Bombardier
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 15,6 metros
Altura: 4,4 metros
Comprimento: 17,8 metros
Capacidade: Até nove pessoas a bordo
Velocidade de cruzeiro: 860 km/h
Altitude máxima de voo: 15,5 km
Autonomia: 3.400 km