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REPORTAGEM

Avião 'fantasma' voou sozinho com 121 a bordo até cair na Grécia

Boeing 737 da Helios Airways que caiu na Grécia em 2005 - Wikimedia
Boeing 737 da Helios Airways que caiu na Grécia em 2005 Imagem: Wikimedia

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/01/2023 12h14

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Em 2005, um Boeing 737 da companhia aérea cipriota Helios caía nos arredores de Atenas, capital do país.

Isso aconteceu após ele voar por cerca de três horas sem nenhum comando até o combustível acabar e ele cair.

Ao todo, morreram 121 pessoas na queda, sendo 115 passageiros e seis tripulantes na queda.

O motivo foi um problema de pressurização, que ocasionou a perda de consciência dos pilotos por falta de oxigênio, fazendo o avião voar por quase três horas de maneira 'fantasma', ou seja, sem ninguém no comando.

O início do voo

  • Às 9h07 do dia 14 de agosto de 2005, o voo 522 da Helios Airways decolava do aeroporto internacional de Lárnaca, em Chipre
  • O destino era Praga, capital na República Tcheca, com escala em Atenas, capital grega
  • O voo tinha duração programada de 1 hora e 23 minutos
  • Enquanto ganhava altitude, alarmes soaram na cabine de comando, indicando que algo estava errado
  • O primeiro deles soou quando o avião passou dos 3 km de altitude
  • Ultrapassando os 4,3 km de altitude, um novo alarme soou e as máscaras de oxigênio foram liberadas na cabine de passageiros, indicando problemas na pressurização
  • Piloto e copiloto entraram em contato com a central de manutenção da companhia aérea para tentar resolver o problema
  • A equipe em solo indicou uma solução temporária para desativar o sistema de alarme
  • O piloto se levantou do assento para desligar o circuit breaker, que é como um disjuntor que desliga o alarme

Falta de ar

  • A última comunicação com a equipe de manutenção foi feita quando o avião cruzava a marca de 8,8 km de altitude
  • Provavelmente, nesse momento o piloto e o copiloto desmaiaram por causa da falta de oxigênio na cabine
  • Em função do piloto automático, o avião continuou subindo até a altitude de cruzeiro, o que aconteceu por volta de 16 minutos após a decolagem
Helios 522 - Louisa Gouliamaki/AFP - Louisa Gouliamaki/AFP
14.ago.2005 - Bombeiros apagam fogo da explosão do Boeing 737-300, da Helios Airways, que caiu na Grécia
Imagem: Louisa Gouliamaki/AFP

Indícios de problemas

Às 09h37, o avião entrou no espaço de controle aéreo de Atenas. A aeronave passou pelo aeroporto da capital grega e, às 10h38, entrou em uma órbita de voo de espera próximo à cidade.

Acionamento de caças

  • Com as tentativas frustradas de contato dos controladores de voo, foi levantada a suspeita de que o avião poderia ter sido sequestrado
  • Próximo às 11h, já após o horário de pouso previsto, caças F-16 foram acionados para acompanhar o avião
  • Às 11h24, os caças interceptaram o avião 'fantasma', e, na sequência, disseram que não conseguiam ver o piloto, e que o copiloto estava, aparentemente inconsciente sobre os controles
  • Poucos minutos depois, os pilotos dos caças observam alguém entrando sem máscara de oxigênio na cabine

A queda

  • Às 11h50, um dos motores parou de funcionar devido à falta de combustível
  • Com isso, o avião começa a perder altitude
  • A cerca de 2,1 km de altitude, o outro motor também para de funcionar
  • Às 12h03, o avião colide com as montanhas próximas a Atenas, matando todos a bordo
Helios 522 - Louisa Gouliamaki/AFP - Louisa Gouliamaki/AFP
Bombeiros carregam corpo de vítima do acidente aéreo em montanhas perto de Maratona, na Grécia
Imagem: Louisa Gouliamaki/AFP

Investigação

Entre as causas do acidente, a investigação destacou a falha na seleção da posição da válvula de pressurização do avião.

Na noite anterior, mecânicos fizeram vários testes na aeronave, e, para isso, mudaram a posição de automático para manual, sem retornar à posição anterior após o término do serviço.

A pressurização do avião é importante pois, quanto mais alto ele está, menor é a concentração de oxigênio no ar, podendo causar hipóxia, que é a falta do gás nos tecidos para que o corpo funcione adequadamente.

Os pilotos ainda teriam a chance de corrigir esse problema durante as checagens feitas antes do voo e após a decolagem ao menos, mas teriam falhado nesse sentido também.

Fontes: Aviation Safety Network e relatório final do acidente

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na versão anterior da reportagem, a companhia aérea Helios é de Chipre, e não da Grécia. A informação foi corrigida.