Produtores da Mantiqueira criam marca coletiva de azeite para elevar vendas
Produtores de azeite da serra da Mantiqueira decidiram criar uma marca coletiva para brigar por espaço num mercado dominado por artigos importados e com pouca tradição no Brasil.
Os 43 agricultores de municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo se uniram em uma associação, a Assoolive (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira). Nas próximas semanas, eles devem pedir ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o registro da marca Azeite dos Contrafortes da Mantiqueira.
"Queremos dar mais visibilidade ao azeite brasileiro e ampliar o mercado aqui e lá fora. Com isso, vamos organizar a produção local e buscar o lucro coletivo", afirma Marcelo Alves, da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), que coordena as atividades do grupo.
Produção artesanal encarece produto; ideia é tornar preço competitivo
Os agricultores reunidos na Assoolive estão espalhados por 50 municípios mineiros, fluminenses e paulistas na área da Mantiqueira, e, neste ano, somam 800 hectares de plantio, 70 toneladas de azeitonas e dez mil litros de azeite.
Alves afirma que, atualmente, os produtores levam as azeitonas para serem processadas na sede da associação, onde há uma máquina para extração. De lá sai o azeite já envasado. O produtor deixa 15% do azeite produzido com a associação, para bancar custos, e fica com o restante.
Atualmente, uma garrafa de 250 ml de azeite importado vendido em supermercados custa em torno de R$ 10. Azeites produzidos na Mantiqueira custam, pela mesma quantidade, de R$ 25 a R$ 40.
"O processo de produção artesanal encarece o azeite. Com o acesso aos mercados e a ampliação do volume fabricado, poderemos competir no preço também", afirma Alves.
Marca coletiva é o primeiro passo para indicação geográfica
A marca coletiva deve reforçar a origem do produto, segundo Alves, mas sem impedir que cada agricultor tenha seu próprio rótulo. Dos 43 membros, oito já mantêm marcas próprias.
“O que acontecerá é que, sendo registrada a marca, haverá um sinal distintivo que indicará que aquele azeite é proveniente da região dos Contrafortes [vales laterais] da Mantiqueira, e que o produtor é membro associado”, diz Alves.
"No futuro, já com a marca coletiva, queremos oferecer vários azeites de todas as marcas dos associados para serem vendidos em supermercados e restaurantes”, diz o pesquisador da Epamig.
Tendo a marca coletiva, o grupo de associados quer conseguir a indicação geográfica, selo que determina que um produto foi feito em determinada região sob regulamentos que garantem sua qualidade, afirma o presidente da Assoolive, Nilton Caetano de Oliveira.
“Os agricultores terão que tratar as etapas de produção com maior cuidado, promovendo a imagem da região”, diz Marcelo Alves.
Associação espera produzir 2 milhões de litros por ano no futuro
“Disputamos mercado com produtos importados e de péssima qualidade. Nosso azeite tem um apelo adicional por ser brasileiro, mas a produção vem sendo feita há pouco tempo, desde 2008”, afirma.
De acordo com a Epamig, a produção da Mantiqueira ainda é restrita por haver muitas oliveiras novas. As árvores só começam a produzir ao atingir de quatro a seis anos.
“As áreas de plantio têm crescido em torno de 20% ao ano na região, o que nos faz prever que, no futuro, quando todos os olivais estiverem produzindo, poderemos ter uma safra de mais de 2 milhões de litros por ano”, diz.
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