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Cursos de autoconhecimento ajudam empreendedores a criar negócio

Grupo se reúne no Estaleiro Liberdade, que se define como "escola para quem quer ser livre" - Estaleiro Liberdade/Divulgação
Grupo se reúne no Estaleiro Liberdade, que se define como "escola para quem quer ser livre" Imagem: Estaleiro Liberdade/Divulgação

Andréia Martins e Carolina Cunha

Do UOL, em São Paulo

12/09/2014 06h00

Esqueça conceitos como taxa de retorno ou fluxo financeiro. O que falta de verdade para tirar sua ideia do papel? Para muitas pessoas, o primeiro passo antes de investir em um projeto é saber o que se quer e, para isso, cursos centrados no autoconhecimento ajudam a botar ideias e negócios na rua.

Com o título “Empreendendo a si mesmo – Uma jornada de autoconhecimento”, o curso ministrado pelo carioca Vinícius Machado, 33, propõe fazer o participante olhar para dentro de si para descobrir quem é e aonde quer ir.

“O problema hoje é que as pessoas querem ser milionárias ou o próximo CEO de uma start-up de sucesso, mas, sem a motivação correta, a gente acaba trazendo uma experiência negativa de empreendedorismo. O curso tem o objetivo de reflexão sobre aquilo que faz sentido para as pessoas”, diz Machado.

Professor de ioga, ele conta que, quando buscam as aulas, boa parte dos alunos estão passando por um momento de virada na vida, seja pessoal ou profissional.

O curso dura, em média, 6 horas e custa R$ 250. Até agora, já foram cerca de 150 alunos.

“A parte técnica sobre negócios é muito abundante hoje no mercado, mas as pessoas sentem a necessidade de conversar e compartilhar as experiências do dia a dia", diz.

Oswaldo Oliveira, do Empreender-se em Rede, durante aula em São Paulo - Empreender-se em Rede/Divulgação - Empreender-se em Rede/Divulgação
Oswaldo Oliveira durante aula no Laboriosa 89, em São Paulo
Imagem: Empreender-se em Rede/Divulgação

Conhecer a si mesmo para interagir com o outro

"Você não é a sua profissão. E quando você tira o cargo, sobra você mesmo. As pessoas não estão acostumadas com isso e nossa proposta começa aí", declara o economista Oswaldo Oliveira, 49, mentor do Empreender-se em Rede, um programa de atividades para desenvolver a capacidade de interação. 

Oliveira deixou 15 anos de atuação no mercado financeiro para trás e decidiu apostar na internet. Apaixonou-se pela teoria das redes e por negócios colaborativos, e fez disso seu negócio.

Ele presta consultoria no espaço Laboriosa 89, em São Paulo, ou pelo ambiente virtual. Os interessados pagam mensalmente o que podem; o valor sugerido é de R$ 230 por pessoa.

Pelo Empreender-se já passaram cem pessoas, das quais 66 continuam sendo atendidas. Entre elas, alguns projetos já saíram do papel. Um exemplo é o site Conexão Pais e Filhos, no ar desde 2013, que faz grupos de discussão orientados sobre a relação familiar. 

Você aprende que pode fazer qualquer coisa, diz ex-aluno

Há um ano, os artistas Victor Mendes, 29, e João Grando, 31, passaram pelo Estaleiro Liberdade, em Porto Alegre. O espaço se define como uma “escola de empreendedorismo através do autoconhecimento”. Ali nasceu a Camelbird, marca de camisetas personalizadas com pinturas e fotografias.

“Quando entrei no Estaleiro não estava perdido, mas precisando de apoio. Foi como um treino de si. Você treina para ser quem você é e, quando chegar lá fora, se apresentar e não ter medo. Você não vai aprender a fazer um plano de negócios, mas vai aprender que, se quiser, pode fazer qualquer coisa”, conta Mendes.

Foram três meses até que ele decifrasse o que estava buscando para ele e para a sua relação com os outros. Hoje, a loja virtual comercializa, em média, 40 camisetas estampadas por mês, a um preço que vai de R$ 80 a R$ 90.

Quem quiser participar deve investir por mês R$ 850, na capital gaúcha, e R$ 735, em São Paulo. O valor inclui o uso do espaço como ambiente de trabalho e a participação nos grupos. A ideia é que os empreendedores fiquem por lá durante dois meses, mas pode levar mais tempo para que o projeto decole. 

Fazer o que gosta é bom, mas dá dinheiro?

Reinaldo Messias, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), comenta que trabalhar no que se gosta não é uma utopia, mas é preciso levar em consideração alguns pontos. A principal pergunta a ser feita é se o desejo “é viável financeiramente”.

Segundo ele, o empreendedor deve colocar na balança os cinco "Ps". “O propósito do negócio; o processo, que é administrar; as pessoas, ou seja, quem vai trabalhar com você; os parceiros, que seriam seus fornecedores; e o prazer. Quando se tem prazer em um negócio, o empreendedor é influenciado positivamente para fazer uma boa escolha nos outros Ps.”

Onde encontrar:

Empreenda a si mesmo: www.nos.vc/pt/projects/986-empreenda-a-si-mesmo

Laboriosa 89 – o espaço serve de escritório compartilhado e também abriga cursos e atividades, como o Empreender-se em Rede. Mais informações no site http://laboriosa89.blogspot.com.br/

Estaleiro Liberdade – é uma escola de empreendedorismo com sedes em Porto Alegre e São Paulo. Mais informações no site http://estaleiroliberdade.com.br/