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Casal cria delivery de coxinha em Nova York e usa metrô para fazer entregas

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

03/08/2015 06h00

A coxinha está atravessando fronteiras e fazendo sucesso nos EUA pelas mãos do casal de brasileiros Ricardo Rosa, 27, e Vanessa Oliveira, 26. Eles são fundadores do Petisco Brazuca, delivery de salgadinhos que usa o metrô para fazer entregas em Nova York. Com uma produção que chega a 20 mil salgados por mês em períodos de alta, eles faturaram US$ 120 mil em 2014 (quase R$ 400 mil no câmbio atual). O lucro não foi informado.

O carro-chefe é a coxinha, e o recheio não é restrito a frango: há opções de atum, calabresa, queijo, picanha, palmito, vegana (de massa de cenoura com recheio de cogumelo shitake e brócolis) e até de doce de leite. Há ainda pão de queijo, empadinhas, kibe, bolinho de bacalhau, de calabresa, de queijo e de mandioca com carne. Refrigerante de guaraná também está no cardápio.

Os salgados são vendidos em caixas de 30, 50 ou 100 unidades e custam US$ 29,70, US$ 49,50 e US$ 94, respectivamente. O empresário diz que todos os ingredientes são comprados nos EUA, mas que precisou adaptar algumas receitas. “A massa da coxinha é de batatas, mas precisamos adaptar a receita porque a batata daqui dá uma liga diferente.”

Os produtos são vendidos prontos para o consumo ou congelados, direto para o consumidor final e para empresas. As entregas são feitas nas regiões de Manhattan, Queens, Brooklyn, Bronx e New Jersey, por uma empresa terceirizada, que usa carros ou o metrô, dependendo do local.

O empreendedor diz que usa amigos americanos como "cobaias" para as receitas e que o Petisco Brazuca está caindo no gosto dos americanos. “Eles valorizam o produto fresco”, declara. No entanto, a sazonalidade ainda é uma dificuldade. No verão, as vendas são maiores e chegam a 20 mil salgados por mês. Em meses de baixa procura, caem para 5.000 salgadinhos por mês.

Negócio começou sem planejamento

Nos EUA desde 2012 para fazer intercâmbio e aprimorar o inglês, Ricardo Rosa diz que o negócio começou por acaso, quando o casal procurou um restaurante que fornecesse salgadinhos para um encontro na casa de amigos, em julho de 2013, e não encontrou o serviço.

“Sempre gostamos de cozinhar, então, procuramos uma receita de coxinha na internet e fizemos nós mesmos. Os amigos elogiaram e alguns já encomendaram para ter em casa. Foi assim que tivemos a ideia de criar um delivery de salgadinhos”, afirma.

Mesmo sem ter o negócio estruturado e um plano de negócios, o empreendedor, que é publicitário de formação, criou uma página de divulgação no Facebook e contou com o boca a boca dos amigos. O foco inicial era a comunidade de brasileiros em Nova York, que corresponde a 70% dos clientes, mas a empresa atende também americanos.

Não há dados oficiais sobre o número de brasileiros nos EUA, mas, segundo estimativas da ONG Brazil Information Center, localizada em Washington, pelo menos 300 mil vivem nos Estados de Nova York, Connecticut e Nova Jersey. Mais de 100 mil se concentram no Queens, distrito da cidade de Nova York.

Em pouco tempo, o serviço ficou conhecido e virou notícia em jornais locais, fazendo com que as encomendas saltassem de oito para 70 por mês. “A intenção não era vender tanto, não tínhamos estrutura para atender todos os pedidos. Tivemos que investir em freezer para armazenamento, fritadeiras e balcão para produção. O capital inicial não chegou a US$ 1.000”, declara.

O empresário pretende faturar US$ 130 mil em 2015 e, em 2016, quer dobrar esse valor, com investimentos no aumento da produção. A empresa é legalizada e o casal possui visto de residência nos EUA, segundo ele. A empresa estuda a expansão para outros Estados dos EUA.

Promoções e parcerias driblam sazonalidade, diz professora

Para Letícia Menegon, professora de administração e coordenadora da incubadora de negócios da ESPM, apostar no delivery como modelo de negócio e usar o metrô para fazer entregas são pontos positivos, pois ajudam a reduzir os custos da empresa. Testar a aceitação dos produtos com amigos americanos é outro acerto. “O fato de Nova York ser uma cidade cosmopolita facilita a assimilação dos alimentos brasileiros, mas é importante testar o mercado sempre.”

Por outro lado, a sazonalidade é um desafio. “Eles devem se preparar financeiramente para enfrentar períodos de baixa nos pedidos ou criar estratégias para driblá-los, como fazer promoções ou parcerias com empresas terceirizadas que fornecem alimentação para outras”, diz.

Onde encontrar:

Petisco Brazuca: www.petiscobrazuca.com

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