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Loja colaborativa reúne marcas pequenas de roupa infantil feita pelas mães

Patrícia Büll

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/11/2017 04h00

Com a ideia de reunir num mesmo espaço marcas e confecções infantis pouco conhecidas, Cinthia Yamazaki, 34, e Aline Vilhena, 39, abriram em novembro do ano passado o Achadinhos, uma loja colaborativa instalada num galpão em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. 

Das 80 marcas presentes, cerca de 60% são de mulheres que se tornaram mães e decidiram entrar nesse universo para passar mais tempo com os filhos.

"Muitas mulheres não conseguem voltar ao mercado de trabalho logo após a licença-maternidade. Outras, escolhem ficar mais tempo com os filhos e abrem mão de um trabalho full time. Entre elas, algumas decidem se empreendedoras, e aqui é o espaço para elas", relata Cinthia, mãe de Max, de sete meses.

A loja reúne marcas voltadas ao universo infantil (de recém-nascidos a crianças de até 12 anos), com peças de vestuário, brinquedos, itens de decoração e móveis. 

O investimento inicial do espaço foi de R$ 80 mil. O faturamento médio mensal é de R$ R$ 130 mil. A empresa não revela o lucro. 

Marca aluga prateleiras e araras para expor produtos

As vendas e administração do espaço são de responsabilidade do Achadinhos,  que repassa ao final do mês o montante vendido para cada marca. Às marcas cabem fazer a reposição do estoque, cuidar da decoração do seu espaço e estipular o preço final do produto.

Cada marca paga um aluguel mensal pelo espaço de exposição dos produtos. Varia de R$ 350 (uma prateleira em formato de caixa de 30 cm x 60 cm) a R$ 1.000 (uma arara de um metro), com contrato mínimo de três meses. “As marcas podem compor o seu próprio espaço com quantas araras e caixas quiserem”, relata Cinthia.

Além do aluguel, Cinthia e Aline têm uma participação de 20% no preço de venda das peças. 

Segundo as sócias, por serem feitos quase artesanalmente e em pequena escala, os preços acabam sendo um pouco maiores do que os praticados em lojas multimarcas. Um body de bebê de algodão orgânico da marca Melu custa a partir de R$ 59,90. Em lojas tradicionais, é possível encontrar a partir de R$ 49. Camisetas da Joy Stick custam a partir de R$ 59. Em lojas convencionais, saem por R$ 49. 

O espaço também oferece serviços terceirizados, como uma cafeteria e uma floricultura, além de oficinas para crianças aos sábados, algumas gratuitas. As pagas têm médio de R$ 30 (inscrição antecipada) e R$ 50 (na hora).

A gente queria um espaço que fosse agradável para a família, e não apenas uma loja.

Cinthia Yamazaki, uma das sócias da empresa

Às marcas, a empresa oferece uma sala ampla, sem custo, para que façam editorial de modas ou fotografem catálogos, por exemplo.

Em 2018, elas planejam transformar essa sala em um coworking baby friendly (espaço onde as mães possam trabalhar e deixar o filho na sala de atividade). O modelo do serviço está sendo ainda formatado.

Ideia surgiu na época em que vendiam “malinhas”

A ideia de criar um espaço colaborativo surgiu da demanda de donos de marcas que forneciam roupas quando elas trabalhavam com serviço de “malinha”: montavam looks infantis sob encomenda e mandavam a “malinha” para a casa dos clientes, para que escolhessem as peças para comprar.

Os donos das marcas sempre nos relatavam a dificuldade que era ter um espaço próprio para comercializar seus produtos. Ao mesmo tempo, nossos clientes sentiam falta de ter um espaço que pudessem ver todo nosso acervo.

Aline Vilhena, uma das sócias da empresa

Em um evento, elas levaram todo o acervo para vender. “Foi o maior sucesso, e percebemos que poderia ser legal ter tudo junto no mesmo espaço. Foi aí que vislumbramos como seria o Achadinhos”, diz Cintia.

Para montar o Achadinhos, as sócias alugaram um galpão de 1930, onde era gravada a série Admirável Móvel Novo, do GNT.

Modelo colaborativo é tendência, mas nicho pode ser entrave

A gestora e coach empresarial Andréa Deis afirma que o modelo de loja colaborativa é uma tendência mundial, pela facilidade de dividir custos.

Ela destaca que o modelo de “alianças estratégicas” começou na indústria, mas está se espalhando para outros setores, como o de varejo.

Como vantagens, ela cita o compartilhamento do aluguel do espaço (que diminui o custo final) e o lucro participativo sobre as vendas. “Ainda que não seja a principal remuneração, ajuda na receita mensal”, afirma.

Por outro lado, o risco de inadimplência do aluguel pode comprometer o negócio, assim como uma possível rotatividade alta de marcas.

“Como não há controle sobre a manufatura, a qualidade dos produtos também pode ser um problema, o que pode prejudicar a imagem da loja.”

Outro possível problema, diz, é que as sócias escolheram um nicho que tende a diminuir a importância econômica. “Estudos apontam que a população brasileira está envelhecendo. Isso significa que menos crianças estão nascendo, o que deve ser um ponto de atenção, ainda que distante”, afirma.

Ela diz que o modelo de loja colaborativa pode, no entanto, ser multiplicado para outros nichos além do infantil.

Onde encontrar:

Achadinhos -  www.facebook.com/espacoachadinhos

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