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Veja opções para quem tem só R$ 1.000 para investir

Epaminondas Neto

Do UOL, em São Paulo

31/01/2013 06h00

Há opções no universo das aplicações financeiras para vários bolsos, inclusive para quem tem pouco dinheiro disponível. Veja a seguir alternativas tanto para investidores avessos a risco quanto para poupadores com “estômago” para o vaivém das ações, dispondo de capital de R$ 1.000 no máximo.

1) No programa federal Tesouro Direto: pela Internet, o investidor pode adquirir títulos da dívida pública, que funcionam à maneira de notas promissórias emitidas pelo governo.

O poupador adquire o papel e recebe de volta o dinheiro corrigido por uma taxa de juros, dentro de um prazo de poucos anos ou décadas.

Essa taxa de juros pode ser prefixada (o caso dos títulos denominados LTNs e NTN-Fs), isto é, fixada no momento da compra, ou atrelada a algum indicador financeiro: o índice de inflação IPCA, no caso das NTN-Bs, ou a taxa básica de juros do país (Selic), no caso das LFTs.

Caso o poupador queira resgatar o dinheiro antes do prazo de vencimento, pode revender o título comprado para o próprio Tesouro Nacional. Os títulos disponíveis para compra têm preços que oscilam entre quase R$ 1.000 (uma NTN-B para vencer em 2035, por exemplo) a mais de R$ 5.400 (uma LFT para vencer em 2017).

É permitido, no entanto, comprar somente uma fração desses papéis --- 0,10 de um título (e seus múltiplos), até o limite mínimo de R$ 30.

“Essa forma de aplicação é bastante conservadora. O investidor somente passa a correr algum risco no momento em que precisa sacar o dinheiro antes do vencimento”, diz Bruno Di Giorgi, especialista da corretora Directa Invest.

O motivo: o Tesouro Nacional aceita recomprar o título, mas pagando o valor de mercado -como as ações, os títulos também são negociados diariamente por grandes investidores, como bancos e fundos de pensão. Eventualmente, o valor de revenda pode estar menos vantajoso que o valor de compra.

Veja opções de investimentos

ProdutosVantagensDesvantagens/riscos
Títulos do Tesouro DiretoTaxas de administração menores; baixo riscoInvestidor precisa manter título até vencimento para evitar vender por preço menor do que comprou
Fundos de renda fixa diferenciadosPotencial de ganho superior aos habituais fundos DIs e CDBsRisco maior em comparação com produtos tradicionais; chance de meses com eventuais perdas
Fundos de açõesDiversificação com custos relativamente baixosAplicação de alto risco; diversificação pode reduzir, mas não evita prejuízos

2) Em Fundos e CDBs: aplicações financeiras com valores baixos de investimento inicial costumam arcar com taxas de administração mais altas, o que corrói o rendimento oferecido pelo produto. Mesmo CDBs, que não têm esse tipo de taxa, oferecem um ganho pobre caso o valor aplicado seja muito baixo.

O poupador com R$ 1.000 pode adotar duas estratégias para fazer o dinheiro render mais.

A primeira é fazer uma boa pesquisa de mercado. No caso dos fundos DI, por exemplo, eles deixam de ser competitivos em comparação com a poupança caso as taxas de administração estejam acima de 1% ao ano.

Essa dica vale somente se o dinheiro ficar aplicado por pelo menos dois anos, quando a fatia do Imposto de Renda cobrado sobre os ganhos cai para 15%.

No caso dos CDBs, não vale a pena deixar o dinheiro em produtos que ofereçam um rendimento abaixo de 100% do CDI (o juro praticado nos empréstimos feitos entre os  bancos, e que segue de perto a taxa básica de juros do país).

A outra saída para o investidor é aceitar correr um pouco mais de risco, ainda se mantendo no universo das aplicações de renda fixa.

Existem dois tipos de fundos desse perfil que têm sido recomendados pelos especialistas para este ano: os chamados “fundos de inflação” e os fundos de crédito privado.

O primeiro produto aplica o dinheiro do poupador, preferencialmente, em NTN-Bs, títulos emitidos pelos Tesouro Nacional, que acompanham a inflação (medida pelo índice de preços IPCA) mais uma taxa de juros (que varia em torno de 3%).

O segundo produto investe o dinheiro em títulos públicos (o recheio habitual dos fundos DI e de renda fixa) mas também enfatiza títulos emitidos por empresas.

Além de tomar dinheiro emprestado nos bancos, as empresas também podem vender debêntures, títulos de dívida que rendem juros, em tese, superiores aos títulos públicos como as NTN-Bs ou LTNs.

O shopping financeiro XP Investimentos, que oferece fundos com aplicação mínima de R$ 1.000 nos dois casos, chama a atenção para os riscos.

Se eventualmente a taxa básica de juros subir, as NTN-Bs podem ficar menos atrativas, o que deve afetar o rendimento dos fundos de inflação. “No caso dos fundos de crédito privado, o risco que o investidor vai correr é o risco das empresas  [que lançaram os papéis que recheiam a aplicação]”, diz Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos.

3) Na Bolsa de Valores: o jeito mais simples de aplicar dinheiro em ações é por meio de fundo de investimento em renda variável, que tem ampla oferta nas agências bancárias. Boa parte deles é atrelada ao índice Ibovespa, o termômetro da Bolsa brasileira, sempre citado quando a imprensa noticia se o mercado de ações subiu ou caiu em um determinado período.

A vantagem dessas aplicações é a diversificação. A corretora paranaense Omar Camargo Investimentos, por exemplo, tem fundo de ações voltado para o varejo com aplicação inicial de R$ 1.000. Esse fundo abrange 16 ações, escolhidas entre os setores  de consumo e varejo, bancos, shopping centers e alimentos, entre outros.

“Nós recomendamos que o cliente evite ficar exposto a somente um ou dois setores da economia. O fundo permite que ele aplique em várias ações e dilua os custos entre os demais participantes”, diz Tatiana Zem, da área de relacionamento com clientes da  corretora.

Outra alternativa, ainda no universo da Bolsa, é o próprio investidor adquirir as ações no pregão da Bolsa. O empecilho para aplicar baixos valores é a exigência do “lote-padrão”, isto é, de uma quantidade mínima para comprar ou vender ações de uma empresa. O tamanho de lote-padrão mais comum é 100.

Para aplicar em ações da Vale, por exemplo, o interessado teria que desembolsar mais de R$ 3.000, considerando os preços das últimas sessões de negócios.

Uma das saídas do investidor para diversificar com pouco dinheiro é o chamado mercado fracionário: um segmento de negócios à parte da Bolsa em que são permitidas negociações com “frações” do lote-padrão. O problema: o volume de negócios é muito menor, o que se  reflete nos preços.

Mantendo o exemplo com as ações da Vale: no mercado regular a ação preferencial era cotada por R$ 37,65, com um volume superior a 13 mil negócios no pregão desta terça. No mercado fracionário, a mesma ação era cotada por R$ 37,80, com pouco mais de 200 negócios registrados. Em outros papéis menos populares no mercado essa relação tende a ser ainda mais desvantajosa.