Magazine Luiza vive montanha-russa na Bolsa: qual o futuro para a ação?
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) enfrentam uma grande montanha russa. Com frequência entre as mais negociadas do dia, as ações costumam oscilar bastante, tanto para cima quanto para baixo.
Os papéis chegaram a despencar depois de um resultado ruim. Mas já estão com alta acumulada em 2023 de 11,31% até o dia 21 de agosto.
O que derruba a ação do Magalu
Resultado foi pior do que o esperado. No segundo trimestre deste ano, a varejista teve sua sexta queda consecutiva no lucro. A empresa teve prejuízo de R$301,7 milhões entre abril, maio e junho, mais do que o dobro do que a perda de um ano atrás.
Mudança na tributação foi a principal causa do prejuízo, segundo a empresa. A volta do diferencial de alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aumentou o imposto pago pelas empresas de e-commerce, como o Magalu. Roberto Belissimo, diretor financeiro do Magazine Luiza, disse que a empresa repassou apenas 60% a 70% desse impacto para os preços dos produtos - ou seja, incorporou o restante do prejuízo.
Com os números ruins divulgados no balanço, o cenário do Magazine Luiza piorou ainda mais. O aumento da tributação atrapalhou um cenário que já era ruim, com vendas fracas e juros ainda em patamares altos, segundo Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos.
A competição com outras empresas também joga areia em Magalu. "Amazon e Mercado Livre estão indo muito bem. Enquanto isso, as lojas físicas de Magazine Luiza, que sempre foram o motor de crescimento da empresa, tiveram apenas 2% de alta nas vendas na comparação entre o segundo trimestre e o mesmo do ano passado", diz Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.
Além disso, rivalidade com sites chineses continua forte. É o caso de plataformas como Aliexpress, Shopee e Shein. Elas continuarão sem pagar ICMS para compras de até US$ 50 feitas entre pessoas físicas, e isso segue prejudicando varejistas brasileiras como Magalu e Via, a dona das Casas Bahia, segundo Soares.
Magazine Luiza chegou a disparar em 2023
Apesar dos riscos, a ação do Magazine Luiza ainda está em alta no ano, de 11,31%. A alta é por causa da crise da rival Americanas (AMER4) e da expectativa de queda nos juros.
MGLU3 chegou a ter uma alta de 65,33%. As ações de Magalu começaram 2023 valendo R$ 2,59. Mas chegaram ao pico de R$ 4,53 em 27 de janeiro, dando esse salto, segundo a Economatica. Investidores acreditavam que o Magazine poderia ganhar o terreno que a crise das Americanas estava deixando, em recuperação judicial.
A expectativa de queda nos juros também ajudou. Em abril, o mercado começou em abril a apostar nas empresas que poderiam se beneficiar de uma queda nos juros. Por isso, o Ibovespa chegou a subir 25% neste período, que durou até 2 de agosto, quando o Banco central cortou a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.
Mas esse rali acabou. Desde que o corte foi feito, quem comprou ativos apostando na queda dos juros passou a vender, para embolsar o lucro do período. Ou seja: o principal fator que impulsionava a alta de MGLU3 acabou.
Sem previsão de melhorar logo
No curto prazo, ainda há incertezas para Magalu e outras varejistas. Há discussões sobre mudanças no parcelamento sem juros de compras no cartão de crédito, o que poderia afetar essas empresas.
Inflação também atrapalha a empresa. "Com o aumento dos combustíveis, os preços todos devem subir em seguida", diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Mesmo com o corte nos juros, a Selic ainda é bem alta e continua afastando as pessoas das compras. Isso porque os juros para comprar itens grandes, como eletrodomésticos, continuam muito altos. Isso prejudica as vendas do Magalu.
Situação só deve melhorar daqui a alguns trimestres. A empresa pode voltar a ter resultados melhores - e a ação pode voltar a subir - no ano que vem, quando os juros devem cair ainda mais, se o BC continuar baixando a Selic.
O que fazer com as ações
Para o Goldman Sachs, é melhor não comprar, nem vender. O Itaú BBA também recomenda neutralidade. Para o banco, a expectativa é de um potencial e ganhos de 12,7% em 12 meses.
Como esse é um papel muito popular, com alto volume de negociação, tem grande sobe e desce na Bolsa. Geralmente, acontece um repique de alta toda vez o ativo que cai bastante. Isso porque, com a queda, investidores acreditam que é uma oportnidade de comprar o papel barato.
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