As 10 ações que mais subiram no ano - a 1ª já disparou mais de 700%

Fonte: Economatica. De 2 de janeiro a 21 de setembro

Por que essas empresas dispararam tanto?

Em primeiro lugar na lista está a BR Properties (BRPR3). A construtora está recomprando todas suas ações no mercado, porque irá cancelar seu registro de companhia aberta na Bolsa.

Chama atenção o desempenho das construtoras. Elas sobem por conta dos programas governamentais e queda da Selic. O Minha Casa Minha Vida acelerou os negócios da Tenda e da Plano & Plano, assim como da Habitasul. E com juros menores, vai ficar mais fácil financiar um imóvel e as vendas tendem a subir, acreditam os analistas.

A C&A passou por uma grande reestruturação. Assim, ela se tornou a ação de varejo de melhor desempenho da Bolsa. No segundo trimestre, ela lucrou R$ 4,2 milhões, dobrando o resultado de um ano antes.

A Estapar está recobrando seu valor. O papel teve uma das maiores quedas dentre todas as ações em 2022, com baixa de mais de 60%. Como estava muito barata e o movimento nos shoppings cresceu (onde ela controla estacionamentos), sua receita cresceu e o papel valorizou.

Todas fora do Ibovespa

Nenhuma das dez ações mais valorizadas da Bolsa está no Ibovespa. Dentre as que fazem parte do índice, em primeiro lugar está Yduqs (YDUQ3), com alta de 95,41% no mesmo intervalo. Mas no ranking geral, ela ficaria em 14ª posição.

A lista chama atenção também por nomes desconhecidos. As construtoras BR Properties, Plano & Plano e Tenda são familiares ao investidor. A administradora de estacionamentos Estapar e a varejista de moda C&A estão presentes no dia a dia da população. Mas outras empresas são menores, regionais e raramente estão na cobertura de grandes bancos ou corretoras.

Cedro, por exemplo, é a ação mais antiga da Bolsa. Ela é uma empresa têxtil mineira com 151 anos. A ação está presente na Bolsa desde o primeiro pregão em 1872, ainda na antiga Bolsa de Minas Gerais. É fabricante de jeans e de tecidos para uniformes profissionais. A empresa está se recuperando de resultados ruins, que vinham acontecendo de 2014. "Nossa ação estava muito desvalorizada. Há cinco anos, nosso valor de mercado estava abaixo do valor patrimonial", explica Marco Antonio Branquinho, presidente da Cedro, ao UOL.

Com o foco em uniformes profissionais, a empresa se diferenciou. A assim se defendeu da competição chinesa, que atinge com mais força as roupas para varejo. Com isso, reverteu um prejuízo de R$ 18,51 milhões para lucro de R$ 20,09 milhões no segundo trimestre do ano. E por isso as ações subiram.

A Minupar cresceu com a inflação. A holding produz alimentos processados, relativos a aves, ovos e salsichas, e detém a Companhia Minuano de Alimentos. Por conta da inflação - que apesar de desacelerar, continua alta - boa parte da população trocou a carne bovina por alimentos como ovos, frango e salsichas. A empresa também passou por uma oferta pública de aquisição (OPA), o que fez o valor da ação subir.

O Banco Pine viu seu lucro disparar. O lucro subiu cresceu em 9,5 vezes no segundo trimestre do ano em relação ao ano anterior, e a carteira de crédito subiu 68,9%, com aumento dos empréstimos.

Fora da lista

Duas outras ações desconhecidas também chamam atenção por ganhos acima de 100% este ano. São a Hidrovias (HBSA3) e a Valid (VLID3), ambas com alta de 104%. Embora não estejam no Ibovespa - nem entre as dez mais valorizadas da Bolsa - Hidrovias é 11ª mais valorizada e Valid, a 13ª (a 12ª é a Marcopolo POMO3).

A Hidrovias do Brasil atua em transporte hidroviário. A sua maior fonte de crescimento, segundo relatório do BTG sobre a companhia, é a safra de grãos brasileira. Como houve nova safra recorde, a companhia sai ganhando.

A Valid tem três principais fontes de receita: identificação de documentos, de pagamentos e chips para celular. Ela cresceu muito por conta dos juros altos. Por isso, agora, esse ciclo de alta deve se desacelerar, diz Thiago Tavares analista da Lumi Research.

Vale investir nessas empresas desconhecidas?

Para fazer um bom investimento em ações, a melhor estratégia é ter conhecimento. "Saber mais sobre a empresa em que se está investindo é a melhor maneira de escolher uma ação", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos, no Rio de Janeiro.

Os ganhos atraem, mas o risco é alto. Como a maior parte dessas ações não têm cobertura de bancos e corretoras, fica bem mais difícil acompanhá-las. E, apesar de ter um grande potencial de alta, essa falta de cobertura pode representar um risco.

Além disso, ações que estão fora do Ibovespa costuma ter menos liquidez. Ou seja, o volume de negociação é baixo. Então, qualquer compra ou venda maior pode fazer o preço oscilar muito para baixo ou para cima.