Empresa belga usa estantes e luz LED e cria 'fazenda vertical' futurista
Waregem, Bélgica, 9 Out 2016 (AFP) - Um halo de luz violeta banha dezenas de alfaces espalhadas em estantes em uma "fazenda vertical" no oeste da Bélgica. Essa é uma solução para, no futuro, alimentar a humanidade em climas hostis e nos momentos de perda de terra cultiváveis.
"Só tentamos imitar a natureza, não é tão futurista quanto pensam", afirma Maarten Vandecruys, que fundou, em 2014, a Urban Crops, uma empresa belga especializada no cultivo interno com sistema iluminação LED.
Vandecruys se orgulha de seu sistema completamente automatizado desenvolvido em Waregem, onde centenas de diodos LED, parecidos com os que começaram a substituir as tradicionais lâmpadas incandescentes nas casas, favorecem o bom desenvolvimento de alfaces e rúculas.
No laboratório da Urban Crops, as plantas germinam em um substrato neutro e sem terra, já que ela as exporia a doenças vinculadas aos animais e a outros fatores externos.
Posteriormente, uma fita transportadora as conduz a um espaço fechado, onde as plantas crescem sob a luz violeta de lâmpadas LED em um ambiente completamente controlado, e alimentadas por um sistema hidropônico, de água misturada com a receita ideal de sais minerais e nutrientes essenciais. E sem pesticidas.
Essa luz violeta, nascida da aliança dos LED vermelhos e azuis, ajuda no bom desenvolvimento dos vegetais, com a vantagem de que não produz calor, razão pela qual os diodos podem se situar a poucos centímetros das plantas. Isso também favorece a sucessão de andares de vegetais nas estantes.
'Apenas uma evolução'
O futuro da agricultura vertical passa por seu desenvolvimento industrial, defende Vandecruys, para quem isso é "apenas uma evolução" dos campos de estufas.
Graças ao seu sistema, 50 metros quadrados de superfície podem se transformar rapidamente em 500 metros quadrados exploráveis. A planta também cresce entre duas e três vezes mais rápido que no exterior.
A Urban Crops pode produzir em 30 metros quadrados de seu laboratório até 220 alfaces por dia, utilizando 5% do consumo de água da agricultura tradicional.
Para Samuel Collasse, professor e pesquisador no centro de pesquisa belga Carah, o conceito de agronomia urbana não é "no momento muito convincente" em países como França ou Bélgica, já que "a distância entre o campo e a cidade não é enorme". "Mas em Nova York há projetos que funcionam muito bem", afirma.
Para o pesquisador, as lâmpadas de sódio tradicionalmente utilizadas nas estufas ainda têm uma longa vida pela frente, apesar de um rendimento menor, devido ao seu preço entre duas ou três vezes mais baixo.
Uma fazenda na cozinha
Para Collasse, o sistema de Vandecruys tem possibilidades de desenvolvimento "em situações um pouco futuristas", tanto em ambientes climaticamente hostis quanto em missões militares, passando por campos de refugiados, graças a contêineres devidamente equipados.
A Urban Crops tem muitas ideias para a venda de infraestruturas, tanto a laboratórios farmacêuticos para plantas medicinais quanto a supermercados interessados em uma produção fresca sem gastos de transporte, passando por zonas remotas da Escandinávia, por exemplo.
Até o momento, os clientes estão, sobretudo, interessados em estruturas modestas, com o envolvimento de seres humanos. Por exemplo, um dono de restaurante de renome quer controlar o sabor de seus ingredientes, como o da rúcula deste laboratório, que "explode" na boca.
De fato, ajustando as diferentes variáveis, como a cor e a intensidade da luz, os nutrientes ou a temperatura, é possível modificar o tamanho ou a intensidade dos sabores.
E, diante de um público atraído pela produção local, também existem sistemas individuais de estantes com diodos, vendidas para cultivar nas cozinhas de particulares minitomates ou ervas aromáticas. O gigante sueco do mobiliário, Ikea, já se lançou nesta aventura.
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