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Imperturbáveis com chegada do Uber, taxistas suecos usam Teslas e terapias para manter clientes

Adam Ewing

27/01/2015 14h26

(Bloomberg) - Você precisa de um terapeuta capacitado para superar problemas conjugais durante sua ida de táxi para o trabalho? Ou talvez você gostaria de chegar até lá em um Tesla?

Os serviços são extras opcionais que estão sendo oferecidos pela Taxi Stockholm como forma de continuar competitiva com a entrada do Uber Technologies Inc. no mercado sueco.

Após enfrentar proibições, protestos e reações regulatórias da China à Alemanha, a startup com sede em São Francisco avaliada em US$ 40 bilhões trilhou seu caminho até a maior cidade da Escandinávia quase sem atritos. Até mesmo a maior empresa de táxi de Estocolmo diz que o Uber representa uma oportunidade de melhorar o setor.

"Ao entrar, o Uber está dando ao mercado de táxis uma chance de se desenvolver sob o ponto de vista de estilo de vida", disse Carina Herly, chefe de marketing da Taxi Stockholm, que possui 1.600 carros na capital da Suécia. "O Uber é bom para o mercado porque empurra o setor para o uso de uma técnica diferente, uma nova plataforma".

O governo sueco não planeja proibir o Uber e quer atrair todas as formas de "concorrência saudável", desde que as leis e regras existentes sejam respeitadas, disse a ministra de Infraestrutura, Anna Johansson, em um comunicado enviado por e-mail.

Segundo Robin Teigland, professor associado e pesquisador da Faculdade de Economia de Estocolmo, qualquer outra resposta seria difícil de ser defendida em uma economia moderna.

"Resistir à inovação é uma atitude míope", disse Johansson, por telefone. "Os países e as empresas que adotarem o aplicativo claramente se beneficiarão ao longo do tempo, com mais empregos e crescimento econômico".

Vale do Silício

Apesar de ser um bastião do modelo de Estado grande e normas restritas, a Suécia tem a tradição dar as boas-vindas a novas formas de fazer comércio. O país está a caminho de se tornar a primeira sociedade do mundo a não usar dinheiro vivo. As notas e moedas responderam por apenas 2,7 por cento da economia em 2012, contra 9,8 por cento na zona do euro e 7,2 por cento nos EUA, segundo o Banco de Compensações Internacionais.

Sede do serviço de streaming de música Spotify Ltd., Estocolmo também é o segundo maior polo tecnológico fora do Vale do Silício, segundo dados da Atomico, grupo de capital de risco liderado pelo cofundador do Skype Niklas Zennström, outro sueco.

Na Taxi Stockholm, a visão é: adaptar-se ou ficar para trás. "Mudanças são boas", disse Herly. "Nós queremos que o mercado cresça".

Em outras partes da Europa, o Uber irritou motoristas de táxi e órgãos reguladores. Na França, o Uber enfrenta ameaças de proibição ao seu serviço UberPop, que permite que os usuários obtenham serviços de carros privados, e iniciou uma série de procedimentos legais para contra-atacar. O mesmo serviço enfrenta obstáculos similares nos Países Baixos.

Levantando bilhões

O Uber foi proibido na Espanha no mês passado e alguns de seus serviços foram suspensos em meio a disputas judiciais na Alemanha. O último revés veio neste mês, quando a Suprema Corte da União Europeia negou aos táxis não tradicionais o uso de faixas exclusivas para ônibus em Londres. Fora da Europa, o Uber enfrenta disputas judiciais em algumas regiões dos EUA e da Índia.

Mesmo assim, após levantar US$ 1,6 bilhão em dívidas conversíveis neste mês, o Uber está buscando uma expansão em cidades europeias. A empresa diz ainda que sua presença reforçará o mercado de trabalho, ajudando a gerar 50.000 empregos na Europa neste ano.

"Nós queremos transformar 2015 em um ano em que estabelecemos parcerias com novas cidades europeias", disse o CEO Travis Kalanick, na conferência Digital Life Design em Munique no dia 18 de janeiro. "Se nós pudermos encontrar uma estrutura regulatória que transforme isso em realidade, nós poderemos prometer empregos e menos congestionamentos. O impacto que nós podemos provocar nas cidades é enorme".

Título em inglês: Uber Draws Teslas, Therapy out of Swedish Rivals Unfazed by Apps

Para entrar em contato com o repórter: Adam Ewing, em Estocolmo, aewing5@bloomberg.net.