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Fundo de US$ 2 bi aposta no Japão mesmo com mercado em queda

Tom Redmond e Takako Taniguchi

31/03/2016 10h11

(Bloomberg) -- Brian Heywood, que administra cerca de US$ 2 bilhões, a maior parte em ações japonesas, se mostra confiante em relação à queda do mercado enquanto muitos estrangeiros se dirigem à saída.

O presidente da Taiyo Pacific Partners diz dar boas-vindas à venda por investidores estrangeiros, porque isso rende a ele uma chance melhor de ultrapassar o índice acionário de referência do país.

A lógica dele é que muitos gestores de recursos investem indiscriminadamente em Tóquio, elevando o índice Topix como um todo e tornando a escolha de ações menos efetiva. Heywood diz que seu fundo está tendo um desempenho superior ao do índice acionário neste ano, mas preferiu não dar detalhes.

Os investidores estrangeiros se desfizeram das ações por 12 semanas seguidas e a venda líquida atingiu um recorde no início do mês.

O motivo é que eles perderam a fé na política monetária do Banco do Japão e no compromisso do primeiro-ministro Shinzo Abe de reanimar a economia. O Topix está em baixa de 13% em 2016, e enquanto as maiores posições da Taiyo registraram fortes ganhos, muitas outras caíram.

"Nós não vamos bem quando há uma inundação de dinheiro no Japão, porque este é um dinheiro burro", disse Heywood, 49, em entrevista durante visita a Tóquio na semana passada.

"Quando o mercado desanima, há empresas que queremos adicionar. O mercado reage exageradamente. Nós conhecemos a empresa. Estamos em 3% e gostaríamos de estar em 6 por cento. Nós usamos isso como uma oportunidade".

Heywood passou a vida tentando mudar as percepções das pessoas, promovendo o potencial do Japão durante anos de crise econômica e tentando convencer os executivos do país a repensarem a forma de administrar suas empresas.

Ele aprimorou essas habilidades quando atou no país como missionário, nos anos 1980, tentando disseminar a fé mórmon. Depois, ele as usou para convencer o Sistema de Aposentadoria de Funcionários Públicos da Califórnia, ou Calpers, na sigla em inglês, a se tornar o primeiro apoiador de seu fundo, em 2003.

A Taiyo chama a si mesmo de ativista amigável buscando influenciar diretorias não por meio de brigas por procuração, mas trabalhando com elas, quase como um consultor. O fundo fornece um "mini MBA" aos executivos que querem aprender mais sobre tópicos como eficiência de capital e realiza um retiro anual para presidentes.

O fundo tenta ensinar os 25 a 30 presidentes de empresas que participam do evento a cada ano algo novo sobre sua própria cultura, diz Heywood, para ganhar sua confiança e mostrar a eles que conhece o Japão. Entre os exemplos anteriores estão aprender como fabricar espadas samurais e visitar um estábulo de sumô, disse ele.

Taiyo ganhou reconhecimento de uma fonte surpreendente em 2014 quando o Government Pension Investment Fund, de US$ 1,2 trilhão, o contratou como gestor de recursos externo. A medida fez parte do impulso do Japão para melhorar a governança corporativa, algo que segundo Heywood está fazendo um progresso estável.

Margens, avaliações

As avaliações, segundo ele, que se formou pela Universidade de Harvard, são outro motivo para otimismo sobre o Japão. O Topix, que mais do que dobrou no início do mandato de Abe, é negociado a 14,5 vezes os lucros estimados, contra 17,5 vezes para o Standard & Poor's 500.

O índice japonês caiu 20% em relação ao pico de agosto, derrubado por tudo, desde a desvalorização cambial da China até a queda do petróleo e as taxas de juros negativas do Banco do Japão.

"Nos últimos anos, o mercado do Japão cresceu mais do que quase qualquer outro mercado acionário e ainda é um dos mais baratos do mundo", disse Heywood. "Teve expansão de margens, mas teve também compressão de avaliações".

Heywood diz que sua visão pessoal é que Abe deveria adiar um aumento de imposto sobre as vendas previsto para abril de 2017 e reduzir os impostos aplicados a empresas e indivíduos.

O premiê disse na terça-feira que a melhor forma de impulsionar a economia é implementar rapidamente o orçamento existente para o próximo ano fiscal, rejeitando a especulação de que ele anunciaria um pacote de gastos suplementar.

"Tivemos idiotas de instituições internacionais dizendo 'você precisa aumentar o imposto, você precisa aumentar o imposto'. Eu realmente desejo que Abe-san diga 'vocês são todos idiotas'", disse Heywood.

"Se o Japão aplicasse um imposto para pessoas jurídicas de 20% e um imposto para pessoas físicas de 20%, sua economia explodiria. O Japão precisa de bebês e de impostos mais baixos. Isso é tudo o que o país precisa".