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Morales expropria filial espanhola Sabsa, que administra aeroportos no país

18/02/2013 13h57

La Paz, 18 fev (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, expropriou nesta segunda-feira a empresa Serviços de Aeroportos Bolivianos S.A.(Sabsa), filial das espanholas Abertis e Aena, que administra os três maiores aeroportos do país, acusando-a de ter feito investimentos insuficientes.

Morales fez o anúncio em um ato na cidade central de Cochabamba, onde está a sede de Sabsa, acompanhado do vice-presidente do país, Álvaro García Linera, e do ministro de Obras Públicas, Vladimir Sánchez.

A Sabsa é a sexta companhia espanhola que passa às mãos do governo boliviano em menos de um ano, já que, em maio de 2012, Morales nacionalizou uma filial da Red Eléctrica da Espanha (REE) e, em dezembro, outras quatro da Iberdrola, pelas quais ainda não houve uma compensação econômica.

"Viemos emitir este decreto supremo para recuperar uma empresa a mais para o Estado Plurinacional da Bolívia", afirmou Morales durante o ato.

O governante alegou que Sabsa não fez os investimentos suficientes para ampliar os aeroportos em El Alto (La Paz), Cochabamba e Santa Cruz, os principais do país, e também criticou os "salários exorbitantes" que seus executivos recebiam.

Segundo o decreto lido por Morales, o Ministério de Obras Públicas assumirá o controle de todo o pacote acionário da Sabsa em representação do Estado boliviano.

Assim como ocorreu nas expropriações anteriores, a compensação financeira a Abertis e Aena provenha de uma taxação realizada por uma empresa independente "no prazo de 180 dias úteis".

Morales também ordenou o desdobramento de militares nos três aeroportos "para garantir a continuidade dos serviços".

A Sabsa, que pertenceu à americana Airport Group International até 1999, quando passou à britânica TBI, administra os maiores aeroportos da Bolívia desde 1997.

Em 2004, a Abertis e Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea (AENA) adquiriram a TBI com todo o pacote de aeroportos que administrava, incluindo os três da Bolívia.

Desde 1997, a empresa assegura ter investido US$ 33,6 milhões e, adicionalmente, repassou mais US$ 73 milhões ao Estado boliviano no mesmo período em relação aos direitos de operação dos aeroportos.

Na última semana, o ministro de Obras Públicas, Vladimir Sánchez, afirmou que a empresa executou um plano de investimento entre 1997 e 2005, mas, após esse período, seus investimentos "não ultrapassam os US$ 6 milhões".

A companhia espanhola, por sua vez, ofereceu um investimento de US$ 36 milhões para os próximos nove anos, que é o período que seria diminuído de sua concessão, mas o Executivo considerou esse valor "insuficiente" e pediu um investimento de pelo menos US$ 56 milhões.

Morales afirmou hoje que seu Governo já estava preparado para essa desapropriação há alguns anos e que, "por razões de caráter de diplomático com alguns países", esperou a definição de um "acordo" com a empresa.

"O ministro e os ex-ministros de Obras Públicas negociaram com a empresa, mas estes esforços, infelizmente, foram em vão, já que não pudemos nos entender. Por isso optamos por esta decisão do decreto supremo de nacionalização", acrescentou o presidente boliviano.

Desde que chegou ao poder em 2006, além das expropriações citadas, Morales também já nacionalizou 15 empresas de hidrocarbonetos, cimentos e minas, entre outras.