Mesmo com proibição, portuários fazem greve pelo país
Mesmo com uma liminar impedindo a greve, os trabalhadores portuários pararam as operação de portos no país na manhã desta sexta-feira (22). Santos e Paranaguá, os dois principais portos para embarques de commodities agrícolas do Brasil, sentiam os efeitos da greve. Cerca de 30 mil trabalhadores participam das manifestações, segundo sindicatos.
O movimento nacioal é um protesto contra Medida Provisória 595, que muda regulamentações e incentiva investimentos privados no setor, disseram representantes de sindicatos. No início da semana, portuários invadiram um navio chinês em Santos (a 72 km de São Paulo).
Os trabalhadores portuários cancelaram a paralisação prevista para a terça-feira (26), disse nesta sexta-feira (22) o ministro-chefe da Secretaria dos Portos, José Leônidas Cristino, após se reunir com sindicalistas em Brasília.
Em Santos, dos 20 navios que deveriam estar operando, apenas duas embarcações (de granel líquido, que operam por bombeamento) conseguiam descarregar normalmente, segundo a autoridade portuária.
A paralisação também ocorre no porto de Vitória (ES). Segundo o vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), José Adilson Pereira, apenas no porto capixaba pararam 1.700 trabalhadores do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), o que teria afetado o trabalho dos outros 10 mil trabalhadores do porto público e dos terminais privados.
Seis portos gaúchos amanheceram paralisados. Segundo o sindicato da categoria, metade dos portuários do RS cruzaram os braços. Os portos de Rio Grande, Porto Alegre, Pelotas, Triunfo, Cachoeira do Sul e Estrela estão com as atividades interrompidas.
Os estivadores, que representam a maior categoria de trabalhadores do porto, não entraram nos navios. Quase todas as operações de carga e descarga de mercadorias dependem do trabalho destes profissionais, que permaneceram nos postos de escalação.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), um terminal privado de grãos de Santos que tentou operar nesta manhã foi obrigado a paralisar os trabalhos, devido a um tumulto.
Os navios que precisam entrar ou sair do complexo portuário, só poderão realizar as movimentações no período da tarde. Nesta manhã, cerca de 30 embarcações estão atracadas no porto de Santos a espera de uma decisão.
A paralisação de trabalhadores portuários interrompeu também os carregamentos de açúcar no terminal da Copersucar, a maior comercializadora da commodity do Brasil, o principal exportador global do produto, segundo dois jornalistas da Reuters no local.
Movimento nacional contra MP 595
O movimento nacioal é um protesto contra Medida Provisória 595, que muda regulamentações e incentiva investimentos privados no setor, disseram representantes de sindicatos. No início da semana, portuários invadiram um navio chinês em Santos (a 72 km de São Paulo).
Uma liminar foi expedida pela ministra Maria Cristina Peduzzi, do Tribunal Superior de Justiça, na noite de ontem. A ação foi impetrada pela Advogacia Geral da União, que alegou que a greve acarretaria prejuízos de aproximadamente R$ 66,7 milhões. De acordo com a decisão, quem aderisse ao movimento seria multado em R$ 200 mil por dia.
O sindicato da categoria, em Santos, alegou que não foi notificado a respeito da decisão judicial emitida na noite desta quinta-feira (21). "Desconhecemos a liminar, então para nós ela não tem caráter oficial", declarou Marcello Vaz dos Santos, advogado do Sindicato dos estivadores da Baixada Santista.
Adesão total
Segundo os sindicatos envolvidos na paralização, o movimento é nacional e afeta outros portos do país.
O protesto ocorre em um momento em que o Brasil começa a escoar uma safra recorde de soja, estimada para superar 80 milhões de toneladas.
Os sindicalistas argumentam que as mudanças propostas pelo governo, dentro da MP que visa aumentar a eficiência dos terminais brasileiros e realizar investimentos públicos e privados de R$ 54,2 bilhões no setor, vão fragilizar as relações de trabalho da categoria.
Mercado
O mercado espera que o Brasil colabore para reforçar os estoques globais da soja após uma quebra da colheita em 2012 nos Estados Unidos, tradicionalmente o líder na produção.
Estima-se que o Brasil deverá liderar a produção e a exportação global de soja na temporada 2012/13.
(Com agências)
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