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Ex-presidente do BNDES pede frente democrática com Lula contra Bolsonaro

André Lara Resende participa do programa Roda Viva - Reprodução/TV Cultura
André Lara Resende participa do programa Roda Viva Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

28/06/2021 23h49

O banqueiro e economista André Lara Resende, conhecido como um dos criadores do Plano Real nos anos 1990, pediu hoje uma frente democrática com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições do ano que vem.

"Eu gostaria que o Brasil não repetisse essa polarização. Agora, eu acho que há uma diferença entre o bolsonarismo e o PT. Eu nunca fui simpatizante do PT, fui muito crítico do PT. Mas, o PT e o Lula, de certa forma, não são, não demonstraram ser até o momento antidemocráticos no perigo institucional que é o bolsonarismo. Claramente, eu gostaria que nós tivéssemos alternativa. Mas não está aparecendo. Não quer dizer que não possa surgir", afirmou o ex-presidente do BNDES, durante o programa "Roda Viva", da TV Cultura.

"Não vejo o PT, o Lula sobretudo, com o radicalismo de esquerda. O Lula pode ter outros defeitos, mas o Lula não é um radical, não se mostrou um radical. Eu acho que pode fazer parte de uma frente democrática para enfrentar essa frente claramente antidemocrática (...) A transposição do bolsonarismo [do RJ] para o nível nacional... só pessoas muito irresponsáveis ou com um bloqueio mental completo podem não perceber quão perigoso é esse processo", acrescentou, em seguida.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada em maio, Ciro Gomes —outro virtual candidato às eleições do ano que vem— já conversou com alguns economistas liberais, entre eles, Persio Arida e André Lara Resende, que fizeram parte da equipe econômica que elaborou o Plano Real nos anos 1990.

Críticas a Paulo Guedes

Durante o programa, Lara Resende também fez críticas à política econômica adotada pelo ministro Paulo Guedes, chamando-a de "liberalismo primitivo". Ele também afirmou que a regra do teto de gastos —aprovada em dezembro de 2016 sob o argumento de que é um instrumento para controlar os gastos e ajudar as contas públicas nas próximas duas décadas— não tem sido respeitada no governo Bolsonaro.

"A regra do teto não tem sido respeitada. O que temos visto é orçamento paralelo, expansão de gastos das emendas parlamentares. Portanto, o que a regra do teto está fazendo? Impedindo que o Estado gaste onde deveria gastar corretamente", pontuou.

Sobre a chamada reforma tributária, o economista disse que o Brasil tem um sistema tributário muito ruim, complexo, burocratizado e difícil de entender

"É oneroso para empresas, oneroso para pessoas que têm imposto de renda. Um sistema de imposto indireto profundamente desatualizado. Poderia hoje com o avanço da tecnologia ter imposto cobrados real time, online, o que reduziria drasticamente não só o custo de cobrar impostos como simplificaria drasticamente e reduziria e muito a sonegação", avaliou.

"Os objetivos da reforma tributária deveriam ser: simplificação do sistema tributário e facilidade para o contribuinte. E o que está sendo proposto agora é exatamente o oposto. É mais uma dessas reformas de difícil compreensão, com viés de reduz imposto de renda de pessoa física, passa a cobrar imposto sobre dividendo. É essa confusão. É mais uma reforma tributária complexa, desorganizada e que vira essa colcha de retalhos fiscal que nós temos no país."