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Chesf mira leilão de hidrelétricas em outubro e licitações de transmissão em 2016

16/09/2015 15h17

SÃO PAULO (Reuters) - A estatal de energia Chesf estuda participar do leilão de hidrelétricas de 30 de outubro, no qual o governo federal oferecerá aos investidores usinas antigas, cuja concessão expirou e não foi renovada, afirmou nesta quarta-feira o presidente da empresa, José Carlos de Miranda.

Segundo Miranda, a companhia, que faz parte do Grupo Eletrobras, também pretende voltar a disputar leilões de linhas de transmissão em 2016, mesmo como minoritária, após passar 2015 em um trabalho de estruturação interna para compensar atrasos em projetos no setor.

O presidente da Chesf afirmou, em entrevista a jornalistas após participar de evento em São Paulo, que a estatal não está alavancada e negocia empréstimos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para tocar seus empreendimentos.

Além disso, a companhia pretende captar recursos por meio de operações que usem como garantia os recebíveis do Fundo de Energia do Nordeste, um mecanismo pelo qual grandes consumidores industriais que compram energia junto à Chesf injetarão recursos para viabilizar a construção de novas usinas.

"O fundo permite que a gente tenha nos próximos anos 13 bilhões de reais para investir, como equity", afirmou Miranda.

Ele disse que, contados aportes de capital de eventuais sócios nesses empreendimentos e empréstimos, seria possível viabilizar 60 bilhões de reais em investimentos.

"É recurso garantido para a Chesf crescer e investir com segurança. Do ponto de vista financeiro, a Chesf não tem problema", disse Miranda.

Ele também afirmou que, embora o fundo inicie a arrecadação de recursos apenas em 2016 e seja necessário algum tempo para acumular reservas, seria possível captar empréstimos utilizando esse fluxo futuro como garantia.

"Você pode usar o fundo para alavancar empréstimos, porque é uma receita garantida, você pode usar os recebíveis", explicou.

FUNDO PARA FURNAS

O presidente da Chesf adiantou que está em discussão no Ministério de Minas e Energia a criação de um mecanismo semelhante ao Fundo de Energia do Nordeste para viabilizar investimentos de Furnas, que também é subsidiária da Eletrobras.

Pelo acordo da Chesf, a estatal pôde renovar neste ano, antecipadamente, a concessão da hidrelétrica de Sobradinho, que venceria em 2022. A energia da usina será direcionada para atender um grupo de clientes industriais no Nordeste a preços mais competitivos que os praticados no mercado.

Com os pagamentos feitos por esses consumidores, será formado um fundo para investimento em novas usinas, que atenderão a demanda dos clientes da Chesf a partir de 2032, quando a energia de Sobradinho começará a ser substituída gradualmente pela geração dos empreendimentos viabilizados pelo fundo.

"Está sendo discutido isso e já, já, vai estar em regulamentação", disse Miranda.

Após a criação do fundo para a Chesf, outras elétricas passaram a pleitear uma solução semelhante para renovar a concessão de hidrelétricas e vender energia a grandes clientes industriais.

As estatais estaduais Cemig, de Minas Gerais, e Cesp, de São Paulo, estão entre as que buscaram apoio parlamentar para incluir emendas nesse sentido na Medida Provisória 678, que criou o Fundo de Energia do Nordeste.

(Por Luciano Costa)