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Draghi deixa porta aberta para mais ações de política monetária

02/05/2013 11h33

SÃO PAULO - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, voltou a afirmar que a instituição está pronta para agir no sentido de ajudar a economia da zona do euro e disse que um possível corte na taxa de depósito está sendo avaliado. As declarações foram feitas durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira em Bratislava, capital da Eslováquia.

"Falamos sobre o corte de taxa de depósito. O BCE está tecnicamente pronto para esse tipo de ação, mas as consequências seriam severas. Estamos avaliando o assunto com mente aberta", disse.

Mais cedo, o BCE informou que reduziu a taxa básica de juros da zona do euro de 0,75% para 0,50% ao ano, e a taxa de empréstimos que mantém com bancos comerciais (marginal lending facility) de 1,5% para 1%. A taxa de depósito continua em zero.

"Falta de financiamento não será desculpa para falta de liquidez dos bancos", disse Draghi.

O presidente do BCE afirmou que as decisões de política monetária devem ajudar na recuperação econômica da zona do euro e repetiu, mais de uma vez, que os desdobramentos locais serão monitorados de perto. Segundo ele, a ação de hoje é reflexo das perspectivas ancoradas para inflação.

"O fraco sentimento econômico aumentou nos últimos meses e o corte nos juros deve contribuir para sustentar uma recuperação mais para o fim do ano. Neste contexto geral, nossa política monetária continuará frouxa pelo tempo for necessário. Agora, vamos acompanhar de perto os dados da zona do euro para avaliar qualquer impacto na estabilidade dos preços", afirmou.

Questionado sobre a efetividade das medidas anunciadas hoje na economia real, Draghi disse que as ferramentas possíveis estão sendo colocadas em prática. "Não temos um helicóptero para sair jogando dinheiro. Não aqui. O que podemos fazer é oferecer mais liquidez aos bancos", disse.

As condições do mercado de trabalho continuam fracas e perspectiva para a região ainda inclui riscos, disse Draghi. A demanda global pode ser mais fraca que o esperado, o que consequentemente prejudica os países-membros do bloco, inclusive os considerados mais fortes.

Draghi admitiu que a diretoria do BCE nota enfraquecimento das economias centrais da zona do euro e reforçou a necessidade de todos os membros continuarem com as reformas estruturais. "Não prejudiquem o progresso que já foi alcançado", disse, acrescentando que é preciso diminuir os efeitos de contração das medidas de austeridade. "Muitos dos problemas que temos hoje não podem ser resolvidos somente com política monetária", completou.

Apesar de não ter sugerido um cenário muito otimista da zona do euro, o presidente do BCE prevê uma recuperação no segundo semestre. "Tivemos progressos significativos na consolidação fiscal [...] não é certo dizer que tudo está ruim na zona do euro", disse.