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Empreender mais rápido que a concorrência acomodada

Marco Roza

Colunista do UOL, em São Paulo

02/10/2013 06h00

Vivemos no Brasil, excelentes oportunidades para os empreendedores que têm como principal, e muitas vezes, único capital a coragem de correr riscos.

Riscos que são determinantes para avançar diante da falta generalizada de incentivos como empréstimos a juros decentes e das dificuldades criadas pelo excesso de burocracia. 

Basta lermos com atenção o texto publicado no dia 1º de outubro, no jornal “Valor Econômico”, assinado pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, com o título “A Constituinte e os donos do Brasil”.

Luiz Gonzaga Belluzzo foi ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda e é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp.

Em 2001, foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século 20 no Biographical Dictionary of Dissenting Economists.

Qualificações suficientes, publicados num jornal de prestígio junto à liderança empresarial brasileira, que nos estimula a refletir quando afirma:

“O arranjo social do atraso preconiza uma sociedade submissa ao rentismo, refém da estagnação, prisioneira da defesa da riqueza estéril alimentada pelo fluxos de "hot dollars".

Imobilizados nos pântanos do parasitismo, os bacanas e sabichões acovardam-se diante dos azares da incerteza, avesso aos riscos de construção da nova riqueza.”

E continua, com mais clareza ainda: “Aí está desvelado, em sua perversidade essencial, o ‘segredo’ das reivindicações anti-sociais dos vassalos do enriquecimento sem esforço cevado por taxas de juros absurdas.

Clamam pelo aumento do desemprego. Este é o alto preço que o presente agrilhoado ao passado cobra do futuro.”

Onde estão, pois as oportunidades para os agressivos empreendedores brasileiros?

Devemos nos aprofundar nessa análise, especialmente, quando quase todos os estímulos convencionais falham. O empreendedor ficará paralisado e se viciará em rentismo e nas apostas nos cassinos da especulação financeira, como denuncia Luiz Gonzaga Belluzzo, se dependessem dos incentivos que os apoiariam com empréstimos a juros razoáveis.

Os agressivos homens e mulheres de negócios simplesmente desistiriam de seus negócios e correriam atrás de empregos (públicos e privados) diante das enormes barreiras impostas pela excessiva burocracia não apenas para abrir uma empresa, mas principalmente, para gerenciá-la no dia a dia.

Uma burocracia que pune o empreendedor antes de abrir a empresa, o esfola enquanto a administra e que torna, praticamente, impossível, se livrar de suas amarras quando afoga os empresários e não têm mais condições de tocar a empreitada.

Mesmo assim, as oportunidades estão aí, claras, evidentes e precisam apenas ser aproveitadas através da agressividade competitiva que caracteriza os empreendedores que avançam apoiados apenas em seus sonhos de servir ao próximo.

E que mesmo assim conseguem sobreviver, como o Sebrae divulga nas suas repetidas pesquisas de sucesso de novas empresas, apesar de todas essas barreiras e diante de um ambiente contagiado por uma elite, como afirma Belluzzo, “submissa ao rentismo, refém da estagnação, prisioneira da defesa da riqueza estéril alimentada pelo fluxos de "hot dollars".

As oportunidades estão, portanto, todas aí. Para quem, como os empreendedores brasileiros, sistematicamente abandonados ao próprio risco, têm consciência que só podem contar com eles (e elas) mesmos.

Portanto, não é a consciência do risco, a falta de investimento e de apoio bancário, que inibirão os empreendedores. Mas diante de uma elite, comprovadamente viciada no “rentismo” e nos “juros altos” surge a possibilidade real e concreta que pavimentará o sucesso daquelas (e daqueles) que ousarem a acelerar os ganhos de suas novas empresas.

Alavancar com os riscos

Apesar das quase intransponíveis dificuldades, os empreendedores brasileiros são acostumados a se virar nos 30. Mas podem reduzir os riscos e ampliar suas chances de sucesso ao se valer da inércia das elites estagnadas, como nos alerta Luiz Gonzaga Belluzzo.

Outro redutor de risco é o empreendedor apostar nas grandes tendências de geração de riquezas que usualmente são percebidas pelos detentores do capital intelectual.

Que são homens e mulheres que acumularam conhecimento e que estão disponíveis no mercado e, como os próprios empreendedores, nem sempre são social e economicamente valorizados.

Porque tão importante quanto o capital diretamente investido, raramente disponível no sistema financeiro, que estimula, preferencialmente o “rentismo”, é o capital intelectual. Que nos ajudará a empreender mais rápido do que a concorrência acomodada.

Como?

Que nos ajudará, ao ser incorporado às estratégias empreendedoras, a antecipar gargalos, melhorar o treinamento dos colaboradores, otimizar as negociações com fornecedores e atender nichos de mercado ávidos pelos produtos e mercadorias e serviços.

Estes constituirão as novas riquezas a serem geradas pelos empreendedores dispostos a ultrapassar todas as barreiras na construção de seus sonhos.