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Equilibrar as resoluções de ano novo com a criatividade dá resultados

Marco Roza

Colunista do UOL, em São Paulo

15/01/2014 06h00

Esse é o período do ano no qual os empreendedores de primeira viagem correm os maiores riscos de embarcar em canoas furadas.

Depois de aproveitar o recuo das festas de fim de ano, quando consolidaram os projetos para o ano que se inicia, é grande a tentação de avaliar, apressadamente, parceiros que se mostrarão apenas promessas vãs.

Ou aceitar acordos que consumirá tempo, dinheiro, energia e evasão de ideias, sem a certeza de retorno a médio prazo.

É hora, portanto, de combinarmos nossas resoluções de ano novo com altas doses de desconfiança, bom senso e sem deixar de lado o tempero essencial da criatividade de resultados.

Geralmente, as resoluções de ano novo se cristalizam a partir de ideias que incubamos ao longo de anos de nossas vidas. E ao tentarmos colocá-las de pé, depois da prolongada gestação, já queremos que o projeto nasça andando, falando, fazendo parte de nossa vida.

Mas todo empreendimento, como tudo o que é vivo, exige paciência e cuidados para amadurecer, aprender a engatinhar, a dar os primeiros passos e só mais tarde, muito mais tarde, andar por conta própria.

Da mesma maneira que não aceitamos que estranhos (ou até mesmo parentes) nos determinem como devemos criar nossos filhos, cuidar do nosso jardim ou regar nossas orquídeas, devemos nos manter atentos aos ruídos e às interferências dos aliados excessivamente bem intencionados.

Afinal, é nessa fase inicial do ano em que decidimos ter algo que carregue nosso estilo gerencial.

Clareza

Primeiro, devemos ter clareza do que realmente pretendemos com nosso projeto. E fazer algumas perguntas básicas: a quem atenderemos? Com que produtos ou serviços? Qual a qualidade agregaremos? Quais são nossos diferenciais?

De preferencia devemos responder a essas indagações por escrito, para simularmos, para nós mesmos, os contra argumentos e avaliarmos, mesmo que hipoteticamente, as dificuldades que poderão emergir no processo de colocar a ideia de pé.

A partir da avaliação explícita e reservada que nós mesmos realizamos das nossas ideias é hora de dividi-las com parceiros com os quais confiamos. Sugira o seu projeto, em vez de defendê-lo. Verifique se seu interlocutor ou interlocutora se excita com sua ideia e se contribui com críticas e alertas.

Claro que essas conversas em torno do projeto têm que ser feitas num ambiente adequado. Ou seja, evite dividir seus projetos em mesas de bar ou barracas de praia.

Comprometimento

Caso seu projeto crie raízes nas expectativas dos seus potenciais aliados, é hora do recuo estratégico. A partir de agora você já tem algo vivo para negociar com seus parceiros. É o estágio, portanto, das reuniões formais e de estabelecer comprometimentos claros de cada um dos envolvidos.

Se é investidor, quanto e como garantirá o investimento? Se é um profissional que agregará expertise, qual é exatamente sua habilidade? Trata-se de alguém que já foi testado no mercado? É um profissional com disponibilidade para se dedicar, como você, ao projeto?

É o momento também de definir as hierarquias. Quem terá a palavra final no projeto, em caso de conflitos naturais, quando decisões precisam ser tomadas? Terá apenas um líder, você? Ou a liderança será compartilhada de acordo com as respectivas especialidades e responsabilidades?

Finalmente, estabelecidos esses acordos, todos e todas estão dispostos a formalizar o combinado num contrato elaborado por um advogado ou, pelo menos, confirmado por uma carta de intenções?

Quando você se der conta, esses procedimentos e as reuniões necessárias para ajudá-los a amadurecer, consumirão tempo suficiente até o Carnaval. Tudo bem.

O Brasil só começa a andar mesmo depois do Carnaval. E você terá condições de ensaiar alguns passos, com mais firmeza e com um mínimo controle de suas alas.

E poderá ir para o mercado pronto para recolher, a médio prazo, os retornos que espera. Desde que esteja preparado para consumir as próximas festas de fim de ano e os inícios dos próximos anos na lapidação continuada de seu empreendimento.