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Respeite a visão estratégica de seus sócios e proteja seu empreendimento

Getty Images
Imagem: Getty Images

Marco Roza

Colunista do UOL

08/10/2014 12h56

Ao caminhar pela avenida principal do seu bairro você perceberá algum estabelecimento em obras. Onde estava uma loja até bonitinha, tudo é posto abaixo. E nova decoração surgirá em dias para trazer para o comércio local mais ou menos o mesmo tipo de comércio anterior.

Aparentemente, o que motiva os empreendedores a gastar grande parte do seu capital nas reformas, além de agregar sua “marca pessoal” ao local, é a sensação que muitos de nós temos de que um empreendimento é algo físico, palpável.

Um novo negócio, como insistimos várias vezes nesse espaço, é uma combinação de talentos, uma organização no tempo de intenções e compromissos entre pessoas, que agregam suas habilidades e relacionamentos a favor de uma causa, que também é abstrata.

Portanto, antes de investir um centavo sequer na sua empresa sugiro que “faça um retiro empresarial”. Tente analisar, com alma de advogado do diabo, tudo que poderia dar errado nas suas boas intenções empreendedoras.

Resgate seus amigos e parentes mais pessimistas e vá até eles expor sua proposta. Convide, já sabendo a resposta, seu amigo mais egoísta para ser sócio.

Recolha assim, quase que de graça (talvez terá que pagar um café ou um almoço) críticas agressivas contra sua empresa que ainda nem nasceu. E as compare com sua visão do negócio, tentando ser o mais neutro possível.

Se sua ideia ainda assim prosperar, não faça nenhum investimento enquanto não conseguir convencer pelo menos um sócio a entrar com você no negócio. Claro, terá que ser um sócio independente e que saiba avaliar os mesmos riscos que você está assumindo. Portanto, não vale colocar filho ou parente desempregado como sócio.

Por que fazer isso? Para criar, com o ponto de vista independente do outro sócio, uma visão em profundidade do mercado e das dificuldades que o empreendimento enfrentará. Para estimular o debate e o ajuste permanente de estratégias que serão mais eficientes se emergirem após a troca de ideias (até mesmo acaloradas) entre os sócios-gestores.

Talvez essas iniciativas o ajudem a aprender a agir de maneira menos intempestiva, com um maior controle do seu ego e, especialmente, das suas sagradas economias.

E em vez de gastar seu rico dinheirinho só para colocar sua “marca pessoal” no seu empreendimento, quem sabe você se conscientizará a tempo que terá mais chances de sobrevivência se aprender a gerenciar ao absorver os pontos de vista de seus sócios e de seus parceiros, em vez de correr todos os riscos sozinho, apostando apenas nas suas certezas.