Alvo de investigações, Bolsonaro mostra força política com gente na rua
Palco das grandes manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela prisão de Lula na era da Lava Jato, a avenida Paulista não faltou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que lotou vários quarteirões da via.
A multidão ofereceu as imagens para "serem vistas pelo Brasil e pelo mundo", nas palavras de Bolsonaro, e ofereceu ao ex-presidente uma demonstração de força política no momento em que está acuado pela inelegibilidade e por inquérito que apura sua responsabilidade em tentativa de golpe de Estado.
Foi uma ordem unida da direita bolsonarista. O ato contou com os governadores Tarcísio Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC), senadores e ao menos 100 deputados, segundo a organização.
Bolsonaro perdeu o segundo turno da eleição presidencial para Lula na cidade de São Paulo (53% a 47%), mas o ato de hoje mostrou que o ex-presidente não é um cachorro morto da política na maior cidade do país.
Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro que estreou como político sendo eleito para o governo de São Paulo, foi aplaudido algumas vezes antes de discursar. Já Ricardo Nunes (MDB), prefeito que busca a reeleição com o apoio de Bolsonaro, teve apenas uma breve menção do ex-presidente quando este agradeceu o trabalho dos guardas civis metropolitanos.
Sob um calor inclemente, eleitores do ex-presidente começaram a se aglomerar por volta das 13h e não arredaram do local até que o Bolsonaro concluísse o seu discurso.
De certa maneira, a composição da multidão lembrava as grandes manifestações anti-PT de 2015 e 2016, com o amarelo onipresente em roupas e adereços, uma aparência de classe média como maioria e, novidade agora, profusão de bandeiras de Israel.
As demonstrações de apoio ao Estado que está em guerra contra o Hamas desde outubro têm duas vertentes: tanto foram atiçadas pelas falas de Lula que comparou Gaza ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial quanto expressam a proximidade de evangélicos brasileiros com Israel.
No seu discurso, Michelle Bolsonaro "abençoou Israel". Amigo do ex-presidente, o senador Magno Malta (PL-ES) usou a metáfora de Moisés conduzindo o povo judeu através do Mar Vermelho para reforçar o apoio ao ex-presidente. Malta disse que "nenhum ditador" teve a coragem de "tocar nos 6 milhões de inocentes" (vítimas do Holocausto), como Lula fez.
Houve confusões pontuais. Numa delas, entre a rua Itapeva e a alameda Rio Claro, houve empurra-empurra e acusações contra um grupo que abriu uma faixa pedindo "cumprimento da constituição de São Paulo".
Não eram petistas infiltrados, como os manifestantes de amarelo acusaram, mas integrantes de um grupo chamado Cinza Bandeirantes, de ex-policiais militares expulsos da corporação que buscam ser reintegrados. O choque tirou a meia dúzia de ex-policiais da Paulista.
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