Graciliano Rocha

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Reportagem

Mercados: quanto a aposta de Elon Musk em Trump deve oferecer de retorno

Próximo do presidente eleito Donald Trump como nenhum outro empresário nesta campanha, Elon Musk foi o primeiro - e mais óbvio - ganhador dentro do mundo empresarial com o resultado das urnas.

O bilionário da Tesla, da Starlink e da SpaceX foi não somente um dos mais vocais apoiadores da campanha, mas também um dos maiores financiadores, aportando mais de US$ 130 milhões (algo como R$ 761 milhões, conforme a explosão da cotação da moeda americana nesta segunda), segundo dados oficiais.

Com o retorno de Trump à Casa Branca, as ações da Tesla já registraram alta de 15%, refletindo o otimismo dos investidores em relação à influência de Musk sobre o novo governo.

A percepção geral no mercado é que, sob a divisa do "America First", Trump deve liderar uma nova onda de protecionismo comercial. A alta de hoje embute uma expectativa futura de barreiras a veículos elétricos chineses no mercado dos Estados Unidos.

Musk empenhou mais que dinheiro na campanha: promoveu Trump na rede social X, realizou eventos de apoio e até subiu ao palanque nos comícios. Ele estava no pequeno grupo que acompanhou os resultados da votação na casa do presidenciável republicano em Mar-a-Lago, na Flórida.

Quando falou pela primeira vez ainda na madrugada desta quarta (6), Trump falou por quase 30 minutos a apoiadores e chamou Musk de "gênio".

Segundo a Bloomberg, Trump sugeriu a criação de um novo cargo, o "secretário de corte de custos", uma função que Musk poderia ocupar. Se for mesmo para o governo, o bilionário teria uma posição estratégica para moldar agências federais que fiscalizam suas próprias empresas.

A agenda de Musk não se limita a fechar a porta do mercado americano para veículos elétricos chineses, mas, segundo a Bloomberg, também avançar com a aprovação de veículos autônomos e o redesenho dos marcos regulatórios no país.

FARIA LIMA

A vitória de Trump tinha torcedores apaixonados e barulhentos na Faria Lima, sobretudo em redes sociais. É a turma que acha que isso vai mudar o vento político global e favorecer o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro às urnas (ele está inelegível).

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Embora mais vistosos, os trumpistas estão longe de parecer maioria. Nos bancos, havia avaliação mais favorável da candidatura democrata pelo fato de o republicano ser considerado mais "imprevisível" e protecionista em termos comerciais.

Antes da eleição, um economista de uma instituição financeira disse ao UOL que a vitória de Trump não significava um choque imediato de imposição de alíquotas de importação sobre produtos chineses, mas a adoção de um estilo mais "transacional" - anuncia uma alíquota alta, por exemplo, para depois iniciar uma série de rodadas de negociação onde ela vai sendo reduzida.

A queda das ações brasileiras e a forte alta do dólar, contudo, embute a ideia que o mercado hoje está antecipando o que seria um cenário mais radical desde o começo do mandato.

Além da eleição americana, a deterioração dos ativos brasileiros - visível desde a semana passada - ainda tem um componente de incerteza sobre que cortes o governo Lula deve promover aqui a fim de mudar a trajetória da dívida pública.

Reportagem

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