Graciliano Rocha

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Reportagem

Com resultado forte, Bradesco tem dia descolado de tombo global das Bolsas

Em meio a uma tempestade perfeita que está derrubando os mercados acionários no mundo inteiro (o Ibovespa caía 0,86% às 13h50 desta segunda), as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) descolaram-se do pessimismo geral e avançavam mais de 5,5% graças ao melhor balanço do bancão em vários semestres.

O QUE ACONTECEU: Após o final da pandemia, o Bradesco parecia ter perdido a mão na gestão do risco, com inadimplência crescente, e viu a rentabilidade encolher na comparação com BB, Itaú Unibanco e Santander.

O resultado do segundo trimestre de 2024, divulgado na manhã desta segunda, mostrou um lucro líquido recorrente de R$ 4,7 bilhões, um aumento de 12% em relação ao trimestre anterior e de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) foi de 11,4%.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS BOLSAS: O principal fator de queda das Bolsas pelo mundo hoje é o temor de que vem pela frente uma recessão nos Estados Unidos, a maior economia do mundo. O pessimismo também foi alimentado por resultados corporativos abaixo do esperado em empresas americanas.

O SP 500 e a Nasdaq, dois principais índices das ações americanas, estavam caindo 2,5% e 2,9%, respectivamente, às 13h50.

POR QUE O BRADESCO DESCOLOU DO RESTO: O principal drive do balanço é a melhora do crédito: a provisão para devedores duvidosos (PDD) caiu 6,7% no trimestre (-29% na comparação anual), ficando abaixo do que esperavam analistas e indicando que o plano de recuperação da rentabilidade do banco começou a dar frutos.

Em linguagem simples, PDD é uma quantidade de dinheiro que o banco segura para não ter surpresas com a inadimplência. No segundo trimestre de 2023, o PDD do Bradesco era de R$ 10,1 bilhões; no resultado do segundo tri de 2024, o montante foi reduzido para R$ 7,3 bilhões. A diferença permite alimentar investimentos e lucros.

A inadimplência caiu em todos os segmentos. O pico da inadimplência de pessoas físicas da carteira do banco foi atingido em junho do ano passado (6,7%); agora, ela foi de 5,2%. Entre micro e pequenas empresas, o pico foi em setembro de 2023 (7,2%); agora, 5,4%.

Os resultados ruins acumulados desde 2022 levaram o banco a mudanças internas, que ainda estão em curso. A recuperação das cotações do Bradesco em longo prazo depende que as tendências mostradas pelo balanço de hoje se repitam nos próximos trimestres.

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