Por que a Cosan, do bilionário Rubens Ometto, saiu da Vale
A Cosan, do empresário Rubens Ometto, vendeu a participação de 4,05% que tinha no capital votante da Vale, zerando a participação que tinha na mineradora. A saída se deu com a venda de 173 milhões de ações.
Segundo a Cosan, a decisão "se baseou exclusivamente no objetivo de otimizar sua estrutura de capital".
A operação envolve uma injeção de pelo menos R$ 9 bilhões no caixa da Cosan, considerando a cotação de hoje da Vale.
O dinheiro deve ser usado para reduzir o endividamento da Cosan (em torno de R$ 23 bilhões) em um panorama em que novas altas de juros estão sendo projetadas para os próximos trimestres.
"A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan", disse Ometto, em nota.
E justificou: "Na minha trajetória de empreendedor, fui ficando mais pragmático. Já passei por muito e aprendi que o foco deve ser na disciplina financeira para podermos continuar crescendo".
Nos últimos 12 meses, as ações da Vale desvalorizaram-se 26%, em um ambiente de queda nos preços globais do minério de ferro, alimentada por dúvidas sobre a capacidade da China, principal comprador da commodity brasileira, de manter seus índices de crescimento.
Ometto é um dos homens mais ricos do Brasil. Detinha no final do ano passado uma fortuna estimada em US$ 1,9 bilhão (R$ 11,4 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes, e tem origem no setor sucroalcooleiro.
A Cosan é um conglomerado que controla empresas como a Raizen (combustíveis), Rumo (logística) e firmas de agronegócio que o tornaram um dos maiores produtores de etanol do mundo.
O grupo de Ometto, que controla as empresas Raizen (combustíveis) e Rumo (logística), chegou a deter 4,9% das ações da Vale, como parte de um movimento estratégico que incluiu a tentativa de ganhar poder na maior exportadora de minério do Brasil.
Aposta estratégica
No ano passado, durante a tumultuada sucessão de Eduardo Bartolomeo na presidência da Vale, Ometto tentou emplacar a escolha de Luís Henrique Guimarães no comando da companhia.
O movimento foi frustrado pela resistência do Palácio do Planalto. Embora o governo federal não seja mais acionista da empresa, o presidente Lula apoiou a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo, com o apoio de fundos de pensão.
Diante do impasse, Gustavo Pimenta, então diretor financeiro da Vale, acabou sendo escolhido para o cargo numa costura política que conciliou acionistas privados e os interesses do governo.
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