Katherine Rivas

Katherine Rivas

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Quer investir na Petrobras para ter renda passiva? Veja 6 respostas

Após a Petrobras ter registrado um prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre - primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2020, quando teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão - a petroleira anunciou a distribuição de R$ 13,57 bilhões em dividendos, equivalente a R$ 1,05 por ação ordinária e preferencial. Muitas dúvidas surgiram no mercado sobre a sustentabilidade dos proventos da companhia, que teve que fazer uso da sua reserva de capital para completar os pagamentos. Mas afinal, isso é pontual ou existe risco de que a remuneração dos acionistas seja comprometida?

Reunimos algumas dúvidas para descomplicar os dividendos da petroleira e te auxiliar na sua escolha:

1. Como a Petrobras conseguiu pagar dividendos mesmo tendo prejuízo?

A política de dividendos da Petrobras está relacionada com a geração de caixa e não com o lucro contábil. Isso permitiu com que a petroleira pagasse dividendos mesmo com prejuízo, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

A política estabelece pagar 45% do fluxo de caixa livre - que é o fluxo de caixa operacional menos os investimentos, aquisições de imobilizados e intangíveis e aquisições de participações societárias. Tudo isso em um cenário em que o endividamento da empresa esteja abaixo de US$ 65 bilhões e o petróleo Brent acima de US$ 40 o barril. Segundo cálculos do Itaú BBA, o fluxo de caixa livre foi de US$ 6,1 bilhões. Como a companhia vai utilizar 45% do fluxo de caixa livre, o valor final para os dividendos foi de US$ 2,6 bilhões.

A petroleira vai usar parte de sua reserva. Ela vai tirar R$ 6,4 bilhões da sua reserva de remuneração de capital para complementar os pagamentos, que ficará com um saldo final de R$ 15,5 bilhões.

2. Usar a reserva de capital para dividendos regulares é preocupante?

O problema seria se os próximos resultados da empresa também fossem negativos. Mas tudo indica que foi uma questão pontual do 2° trimestre e a petroleira deve voltar a reportar resultados positivos nos próximos trimestres, distribuindo dividendos sem recorrer à reserva de capital, diz Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Estatal mostrou que caso foi pontual. A Ativa Investimentos destaca que houve um esforço por parte da gestão em mostrar que, por mais que tenha causado algum ruído o uso da reserva, foi uma prática pontual e não significa que a atual gestão não pagará dividendos extraordinários. Gabriel Duarte, analista da Ticker, defende que o investidor não deveria ter nenhuma preocupação, já que a função de uma reserva de remuneração é justamente estabilizar o pagamento de proventos em momentos de adversidades, e não só pagar dividendos extraordinários.

"A Petrobras constituiu essa reserva para administrar melhor esses momentos de mercado, em que tenha prejuízo ou o barril de petróleo despenque. Ela pega o dinheiro e paga para que os acionistas não fiquem sem, inclusive o próprio governo que também é acionista", comenta.

Continua após a publicidade

3. E os dividendos extraordinários?

Usar a reserva de capital não exclui a distribuição de dividendos extraordinários. Foi o que disseram o CFO e RI da Petrobras durante conferência com agentes de mercado, diz o BTG Pactual.. Qualquer distribuição extraordinária dependeria da avaliação sobre a capacidade de financiar seus planos de curto e médio prazo, reforçaram.

Uma decisão mais definitiva sobre dividendos extraordinários será tomada com a revisão do novo plano estratégico (2025-2029), esperada para novembro. Para o Itaú BBA, se a empresa anunciar dividendos extraordinários até novembro deve ser bem recebida pelo mercado. A maioria dos investidores esperava que a Petrobras discutisse proventos extraordinários apenas após os resultados do 4°trimestre, que costumam ser no começo de 2025.

É do interesse do próprio governo receber dividendos extraordinários. "Além disso, o anúncio recente de redução do Capex (investimentos) previsto para 2024 também favorece", pontua Hungria, da Empiricus.

"A nova faixa (de investimentos) está abaixo de nossa já conservadora estimativa de investimento de US$ 14,8 bilhões e suporta nossa visão de que a geração de fluxo de caixa pode continuar a surpreender positivamente, abrindo caminho para dividendos especiais no futuro", afirmam os analistas do BTG Pactual. Para os analistas do Itaú BBA, Monique Grecco, Eric de Mello e Bruna Amorim, a redução do capex deve compensar a redução da reserva de dividendos. Assim, o retorno em DY deve ser de 21% em 2024.

4. Ainda é uma boa para ter dividendos robustos no segundo semestre?

Para a segunda metade do ano, a Petrobras segue como uma boa alternativa para quem busca dividendos, diz Arbetman. A companhia pode ser beneficiada principalmente se o preço do petróleo Brent superar os US$ 80 o barril e o dólar estiver em um patamar médio de R$ 5,40.

Continua após a publicidade

Contudo, olhando para além de 2024, Arbetman ainda tem receio sobre onde a empresa irá colocar seu capital. Isso deixa dúvidas se a Petrobras valeria para uma carteira de renda no longo prazo.

Os olhares estão atentos ao plano estratégico da empresa (2025-2029). "Se na gestão Prates o esperado eram investimentos de US$ 78 bilhões que saltaram para US$ 102 bilhões, vamos ver qual será o posicionamento da nova diretoria", comenta. Hungria destaca um plano de investimentos mais contido e voltado para ativos de exploração e produção ajudaria a preservar caixa para os dividendos.

Já entre os pontos de atenção, estão uma queda muito abrupta do petróleo, fusões e aquisições bilionárias e fora da exploração e produção, que é hoje atividade mais rentável.

5 - Vale a pena investir em Petrobras para quem busca dividendos?

Para Arbetman, da Ativa, até não ter detalhes sobre o plano de investimentos da empresa, a recomendação é neutra, com dividend yield (retorno em dividendos) projetado de 13,2% para 2024.

Na Empiricus, a recomendação também é neutra, com uma estimativa de retorno em dividendos de 12%. A Petrobras não integra as carteiras da casa por considerarem que os papéis já negociam a preço justo, dado os riscos políticos que envolvem a tese da companhia.

Continua após a publicidade

Na Ticker Research, a recomendação é de compra com dividend yield projetado entre 15% e 17%, apenas com proventos regulares.

No BTG, o dividend yield estimado para 2024 é de 16,8% e para 2025, de 13,6%. Eles recomendam a compra do papel.

Já no Itaú BBA, a perspectiva é de dividendos regulares de 13%. Se utilizada 50% da reserva de capital para proventos extraordinários, o dividend yield chegaria a 18%. Já se for distribuída 100% da reserva de capital, o retorno em proventos seria de 21%. A recomendação é de compra.

6 - Como garantir o próximo dividendo da Petrobras?

Para garantir os R$ 1,05 por ação preferencial (PETR4) e ordinária (PETR3), o investidor deverá ter as ações em carteira até o fechamento do pregão do dia 21 de agosto. A partir do dia 22 de agosto, as ações serão negociadas sem direito aos proventos.

O pagamento ocorrerá em duas parcelas:

Continua após a publicidade
  • A primeira, no valor de R$ 0,526 será paga no dia 21 de novembro, sob a forma de dividendos de R$ 0,11 e juros sobre capital próprio de R$ 0,41.
  • Já a segunda parcela, no valor de R$ 0,526, será paga na forma de dividendos no dia 20 de dezembro.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes