Katherine Rivas

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Reportagem

Banco do Brasil é opção para ter pagamentos robustos até o fim do ano

O Banco do Brasil entregou mais uma vez um resultado que superou as expectativas do mercado. Mas, para analistas, o crescimento das provisões para devedores duvidosos desagradou, mas a gestão do banco estatal já garantiu de que os dividendos não devem ser comprometidos por isso. O motivo é que a previsão ainda é de que o lucro líquido ajustado fique na faixa dos R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões em 2024, o que permitiria distribuições robustas para os acionistas.

Mas afinal, será que vale a pena investir no Banco do Brasil no segundo semestre para quem busca renda passiva? Ainda devemos esperar boas distribuições de dividendos? A coluna conversou com alguns agentes de mercado e traz as respostas a seguir.

Como foram os resultados do banco

O Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões no 2° trimestre de 2024. Foi um crescimento de 8,2% na comparação com o 2° trimestre de 2023. Em relação ao 1° trimestre de 2024, a alta foi de 2,2%. O resultado foi impulsionado pela alta de 13,2% da carteira de crédito ampliada, que chegou a R$ 1,18 trilhão.

Mesmo diante dos bons resultados, a inadimplência do banco estatal avançou. Olhando para o indicador que mede os atrasos acima de 90 dias, este chegou a 3% em junho. Em março, estava em 2,9% e em junho de 2023, o patamar era de 2,73%. Apesar disso, a inadimplência ainda se encontra abaixo do Sistema Financeiro Nacional, que alcançou 3,2% em junho e março de 2024.

Banco guardou mais dinheiro para cobrir inadimplentes. A PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa) Ampliada teve alta de 8,8% nos últimos 12 meses, para R$ 7,8 bilhões. No primeiro semestre, a variação foi de 25,5%, somando R$ 16,3 bilhões. O banco também elevou suas projeções para a PCLD Ampliada em 2024, para entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões. No começo do ano, a projeção apontava para R$ 27 bilhões a R$ 30 bilhões.

Inadimplência é preocupante?

Esse aumento pode preocupar investidores. Isso porque pode comprometer o lucro e, consequentemente, os dividendos do banco estatal no segundo semestre.

Ninguém mexe nos dividendos. Mas, segundo Geovanne Tobias, CFO do Banco do Brasil (BBAS3), a instituição ainda se propõe trabalhar com um lucro entre R$ 37 e R$ 40 bilhões para o ano, e os dividendos não seriam impactados mesmo com o aumento das provisões. "É importante entender que o aumento da provisão para devedores duvidosos está sendo contrabalanceado com o incremento dos negócios", comentou Tobias, em live com jornalistas.

Melhor prevenir do que lamentar. O analista CNPI Bruno Oliveira, do projeto Vida de Acionista, considera que o aumento de provisões para devedores duvidosos foi mais uma postura conservadora do Banco do Brasil do que uma medida para remediar algum estrago. "Eles estão dentro das metas e enxergo esse movimento como uma medida de preservação, algo mais conservador, porém interessante para os acionistas", declara.

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O que esperar para os pagamentos

Há quem acredite que as distribuições no segundo semestre serão superiores às vistas na primeira metade do ano. Oliveira é um dos que acredita nisso, olhando para o histórico do banco. No primeiro semestre, o pagamento foi abaixo de 45% do lucro líquido (payout) que o Banco do Brasil estipula. Desta forma, as distribuições do segundo semestre tenderiam a ser mais robustas, na visão dele. "Eles sempre entregaram o payout proposto, no histórico dos últimos 7 anos, então enxergamos dividendos interessantes para o segundo semestre", aponta.

Com lucro maior, pagamentos também devem subir. O analista independente Mário Neto projeta um lucro para o BB de R$ 38,5 bilhões neste ano, alta de 8% diante de 2023. Com payout de 45%, as distribuições de dividendos seriam cerca de 20% maiores as vistas no ano passado. A estimativa de Neto é que o Banco do Brasil pague R$ 1,25 por ação entre agosto e dezembro. Isso representaria 4,75% de dividend yield para o segundo semestre. "É um excelente retorno em dividendos para apenas cinco meses", pontua.

A inadimplência do Banco do Brasil deve ser menor. Principalmente no segmento agro, tende a ser mitigada nos próximos meses após a aprovação do plano Safra, diz Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

Mas o lucro pode não ser tão alto. Na contramão, Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, acredita que mesmo com o banco mantendo as projeções de lucro para 2024 entre R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões, provavelmente entregue algo próximo a R$ 37 ou R$ 38 bilhões - faixa menor da estimativa. Com isso os dividendos também seriam mais conservadores na segunda metade do ano.

Vale investir?

Analistas ouvidos pela coluna projetam um DY entre 10% e 11% para os próximos doze meses, com preço limite para compra entre R$ 28,50 e R$ 33,30.

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A ação do banco está atraente. "O Banco do Brasil está negociando a preços muito convidativos e possui um dos maiores dividend yields (retorno em proventos) do setor", observa Milton Rabelo, analista da VG Research.

Rabelo espera que no segundo semestre efeitos sazonais impulsionem positivamente a geração de lucros e, em consequência, o volume de proventos distribuídos aos acionistas. Ele destaca que, no fim do ano, as receitas com serviços tendem a ser maiores, por exemplo.

Banco do Brasil continua sendo uma excelente alternativa para uma carteira de dividendos. Isso por causa do patrimônio líquido elevado e preço baixo da ação.

Tem pagamentos previsíveis. "Com métricas extremamente saudáveis e oito pagamentos de proventos por ano, recomendamos a compra do Banco do Brasil", diz Oliveira. "É uma das empresas que oferecem maior visibilidade em relação às distribuições futuras de proventos", defende Biz, do GuiaInvest.

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