Todos a Bordo

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Guerra impediu: a vez em que voar de planador quase foi um esporte Olímpico

Na primeira metade do século 20, o voo a vela, que é aquele feito por planadores, quase se tornou um esporte olímpico. Após uma boa repercussão, o esporte chegou a ser incluído na lista oficial de esportes dos Jogos, mas a guerra fez com que os organizadores do evento mudassem de ideia.

Demonstração na década de 1930

As Olimpíadas de 1936, sediadas em Berlim (Alemanha), receberam alguns esportes de demonstração. Um deles era o voo a vela.

Nesse tipo de esporte, a aeronave, um planador, é rebocada por um avião ou é catapultada. Uma vez voando, elas permanecem no ar aproveitando as correntes de ar da atmosfera.

Assim como os pássaros, quando encontram uma corrente de ar quente, os planadores aproveitam essa movimentação ascendente para ganhar altitude. Sem auxílio de motores, eles conseguem pousar, tomando cuidado para não perder muita altura durante a aproximação, já que arremeter para pousar depois pode ser impossível em algumas circunstâncias.

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Como foi?

Naquela edição dos jogos, pilotos de sete países participaram da demonstração, que tinha o objetivo de tornar o esporte reconhecido para poder se tornar uma modalidade oficial dos jogos olímpicos.

Esses participantes realizaram diversas acrobacias e voavam longas distâncias para chamar a atenção para a prática. Essa demonstração foi um sucesso, e a prática passou a integrar a lista oficial das Olimpíadas, como um esporte facultativo.

Guerra atrapalhou os planos

A primeira Olimpíada da modalidade como atividade oficial seria a de Tóquio (Japão), em 1940. Entretanto, o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) cancelou esses planos, que nunca mais foram retomados.

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Planador do modelo Olympia-Meise, que foi desenvolvido para a competição em Jogos Olímpicos
Planador do modelo Olympia-Meise, que foi desenvolvido para a competição em Jogos Olímpicos Imagem: Divulgação/pilot_micha

Um modelo de planador para os competidores chegou a ser desenvolvido especificamente para aqueles jogos, o DFS Olympia Meise. Mesmo com aviões iguais, haveria uma dificuldade em padronizar os voos para avaliar igualmente os competidores.

Isso se deve ao fato de que as condições climáticas mudam constantemente, tornando diferente a avaliação de cada atuação.

Antes mesmo da eclosão da guerra, ainda em 1936, os alemães aproveitaram o evento para fazer uma demonstração do caça Messerschmitt Bf 109. Ele foi amplamente usado no conflito, sendo um dos principais equipamentos de luta da Luftwaffe, a força aérea alemã.

Avião modelo Messerschmitt Bf 109, um dos principais da força aérea alemã durante a Segunda Guerra Mundial
Avião modelo Messerschmitt Bf 109, um dos principais da força aérea alemã durante a Segunda Guerra Mundial Imagem: Divulgação/Eric Long/Smithsonian National Air and Space Museum

Feitos marcantes

Embora o esporte naquele ano não tivesse o caráter competitivo, alguns pilotos tiveram sua atuação destacada. O suíço Hermann Schreiber ganhou uma medalha de ouro, mas não por ter vencido alguma prova, já que não havia competição naquele momento.

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A honraria foi concedida por ele ter sido o primeiro piloto a cruzar os alpes em um planador. Só que isso havia ocorrido em 1935, e não durante os jogos.

O húngaro Lajos Rotter também se destacou por ter sido o virtual vencedor da demonstração. Embora não tivesse o caráter competitivo, o piloto bateu um recorde à época, percorrendo cerca de 336 km com sua aeronave, atingindo a velocidade de 140 km/h.

Rotter conseguiu essa marca em um planador batizado de Nemere, que havia voado pela primeira vez poucos dias antes da demonstração em Berlim.

Ainda antes das apresentações aéreas em Berlim, um fato inesperado marcou a história dos Jogos Olímpicos. O austríaco Ignaz Stiefsohn sofreu um acidente com seu planador, e acabou morrendo.

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