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'Um inferno': Volta repentina do horário de verão pode atrapalhar voos

A possível volta do horário de verão como uma tentativa de evitar o racionamento de energia diante da seca extrema que atinge o país não caiu bem para o setor aéreo. Extinto desde 2019 no Brasil, uma mudança repentina como a cogitada pelo governo pode afetar negativamente a aviação.

E, pior, aumentar os custos das empresas, que são repassados diretamente no preço da passagem aos consumidores.

Empresas se queixam

A volta nos moldes previstos pelo governo federal, embora tenha sido bem avaliada por alguns setores, desagradou diversas empresas aéreas. Diversas entidades do setor manifestaram que o prazo mínimo para esse retorno deve ser com 180 dias de antecedência.

São elas:

  • Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), que inclui a Gol, Latam e Passaredo
  • Alta (Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo)
  • Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo, ou, International Air Transport Association, na sigla em inglês)
  • Jurcaib (Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil)

O presidente-executivo (ou CEO, Chief Executive Officer, na sigla em inglês) da companhia aérea Azul, John Rodgerson, disse recentemente que seriam necessários apenas 45 dias para adaptar as operações. A empresa não integra a Abear.

Entre os problemas apontados pelas empresas aéreas quanto à mudança de horário, se destacam:

  • Risco da perda do embarque pelos clientes por apresentação tardia e eventual perda de conectividade
  • Empresas internacionais precisarão alterar os horários dos voos no Brasil
  • Alteração na escala de tripulantes
  • Mudança na capacidade dos aeroportos e na disponibilidade de slots, que são as janelas horárias de pouso e decolagem

Com o adiantamento em uma hora, voos já programados que possuem, por exemplo, duas horas de janela para realizar uma conexão, passariam a ter apenas uma. Isso aumenta o risco de perda da conectividade.

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'Um inferno'

O presidente-executivo da Latam, Jerome Cadier, postou uma crítica em seu perfil na rede social LinkedIn sobre o possível retorno repentino do horário de verão no Brasil. No texto, ele explicou que não é difícil as empresas se adaptarem à mudança, desde que haja uma certa antecedência para isso.

"Pouco sabem, mas para empresas aéreas internacionais como a Latam, esta mudança não planejada de horário de verão é um inferno. Quando colocamos um voo à venda, definimos todos os voos que conectam entre si para levar e transportar os clientes da melhor forma possível. Os horários de voos internacionais dependem na sua maioria de "slots" nos aeroportos internacionais (hora precisa de pouso ou decolagem autorizada). Estes "slots" são atribuídos às cias aéreas com muita antecedência e não mudam", disse o executivo.

Cadier ainda afirmou que todos os voos domésticos com conexão para rotas rumo a países "que não mudam de ideia como o Brasil" precisariam ser alterados, o que geraria um efeito cascata.

Pessoalmente sou a favor do horário de verão. O que sou absolutamente contra é nossa incapacidade como país de tomar uma decisão e implementá-la de forma programada e com a devida antecedência. Isto não é sério!
Jerome Cadier, CEO da Latam

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Impacto no turismo

Para Luiz Moura, cofundador e diretor de negócios da agência de viagens corporativas Voll e conselheiro de turismo da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), não bastaria uma simples mudança nos horários de partida dos voos para cobrir essas diferenças.

"Parece uma mudança simples, mas estamos falando de uma grande rede de serviços", diz o executivo. Como exemplo, ele cita um avião que, eventualmente, pode realizar sete a oito voos curtos no mesmo dia em rotas distintas.

"A mudança de uma hora no horário de decolagem ou pouso causa um efeito dominó. Temos a sensação de que os aviões podem voar a qualquer momento, mas, não é assim que funciona. Se um voo sai de Confins às 5h para pousar em Congonhas às 6h, com o horário de verão, se eu preciso antecipar para 4h, o avião não consegue pousar, já que Congonhas só recebe voos a partir de 6h. Esse único voo afeta as demandas do dia inteiro", afirma Moura.

Ao se misturar voos domésticos, onde há a alteração no horário local, com os internacionais, esse problema cresce. Isso se deve ao fato de que precisaria ser necessário adaptar horários para atender as escalas e conexões.

Temporariamente, agências de viagem poderiam ser sobrecarregadas com uma onda de acionamentos para a possível troca de horários dos voos.

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Onda de judicialização

A possível perda dos voos devido à mudança no horário também pode gerar uma onda de processos contra as empresas aéreas motivada pela perda dos voos. Mesmo sendo responsabilidade do passageiro se atentar ao horário, é possível que falhas na comunicação gerem problemas.

Ao mesmo tempo, se a pessoa comprou a passagem para um voo com um determinado horário de chegada previsto, poderá ser afetada pela mudança caso tenha conexões em locais onde não há o horário de verão.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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