Sumiço de avião em Angola: roubaram um 727 e desapareceram no ar
Em maio de 2003, um roubo audacioso chocou a indústria da aviação. Dois homens conseguiram decolar com um Boeing 727-223 de um aeroporto em Angola e sumiram sem deixar rastros.
Eles, simplesmente, entraram na aeronave e voaram até desaparecerem. O mistério em torno dessa aeronave intriga investigadores, especialistas e entusiastas da aviação até os dias de hoje.
Histórico
O Boeing 727, registrada como N844AA, já havia servido à American Airlines, e tinha sido vendido para uma empresa de leasing tempos antes do sumiço. A aeronave estava estacionada no Aeroporto Internacional Quatro de Fevereiro, em Luanda, capital de Angola, após ter deixado de operar anos antes nos Estados Unidos.
Em 25 de maio de 2003, o avião foi retirado de seu local de estacionamento sem autorização. A bordo, estavam Ben Charles Padilla, um mecânico e piloto amador, e John Mikel Mutantu, auxiliar congolês recém-contratado para a função.
O avião havia sido modificado para transporte de combustível para minas de diamante em Angola. Devido à guerra no país, o transporte terrestre era impraticável, e o melhor meio de chegar a esses locais era via aérea.
Dentro da aeronave restavam poucos assentos, já que seu interior havia sido modificado para levar os tanques de combustível. Essa missão era perigosa, e os dois tinham a função de manter o avião operacional para levar o diesel até o seu destino.
O sumiço
No dia do desaparecimento, Padilla e Mutantu entraram no avião rotineiramente. Momentos depois, a aeronave começou a se mover pelas pistas de taxiamento com as luzes apagadas.
O avião entrou na pista de decolagem sem autorização da torre de controle e sem nenhum plano de voo registrado. O transponder, dispositivo que transmite a localização do avião, também estava desligado.
Na sequência, o avião decolou sem responder às tentativas de contato dos controladores de voo. Segundo testemunhas, ele saiu em direção ao sudoeste, rumo ao oceano, e nunca mais foi visto.
Não foram encontrados indícios de acidente, nem de pouso no mar, devido à ausência de manchas de óleo no oceano. Com o combustível que havia nos taques do avião, ele poderia voar cerca de 2.500 km, mas não foi registrado nenhum acidente, nem mesmo em uma área isolada da região.
Motivação
Passados mais de 21 anos do desaparecimento, a motivação por trás do sumiço do Boeing 727 em Angola é um total mistério até agora. As teorias em torno do roubo variam desde uso para fins criminosos, tráfico de armas ou drogas, sequestro por motivações pessoais, até fraude envolvendo o seguro, mas nenhuma foi confirmada até os dias atuais.
Padilla foi apontado em algumas especulações como o responsável direto pelo roubo, enquanto outras sugerem que ele pode ter sido vítima de um sequestro e obrigado a pilotar a aeronave até o seu destino, que é incerto.
Embora existam relatos de que Padilla tinha experiência como piloto, afinal, ele era piloto privado, ele não possuía certificação para pilotar um Boeing 727. Com isso, restou a dúvida sobre sua real capacidade de controlar a aeronave em uma operação tão arriscada, mesmo conhecendo os princípios básicos de pilotagem.
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Após o desaparecimento, as autoridades angolanas, a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) e o FBI (Departamento Federal de Investigação dos EUA) começaram uma intensa análise para localizar a aeronave. Buscas foram conduzidas em diversos países da África e até fora do continente, mas nenhuma pista concreta do paradeiro do avião ou de seus ocupantes foi encontrada.
O fato de o Boeing ter decolado sem que um transponder estivesse ligado e sem contato com os controladores de voo tornou sua localização extremamente difícil. A vasta extensão de áreas remotas na África, com a possibilidade de o avião ter sido desmontado ou destruído, deixa caso ainda mais curioso.
Nenhuma das teorias, porém, trouxe respostas definitivas. Ben Charles Padilla e seu auxiliar congolês nunca mais foram vistos, e o Boeing 727-223 permanece desaparecido.
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