Todos a Bordo

Todos a Bordo

Reportagem

Queda de helicóptero e vazamento de fotos: 5 anos da morte de Kobe Bryant

Há cinco anos, um acidente de helicóptero matou o jogador de basquete Kobe Bryant, astro da NBA. Ele viajava com a filha Gianna e outras sete pessoas a bordo quando a aeronave caiu.

O impacto da tragédia foi imediato, gerando comoção mundial e mudanças nas regras de segurança da aviação privada nos EUA.

Compromisso esportivo

Na manhã do dia 26 de janeiro de 2020, a filha de Bryant, Gianna, tinha um jogo de basquete juvenil agendado na então chamada Bryant's Mamba Sports Academy, em Thousand Oaks, no estado da Califórnia (EUA). O meio de transporte escolhido para a locomoção foi o helicóptero.

Eles partiram da cidade de Santa Ana, a pouco mais de 100 km do destino. Esse trecho é muito congestionado, o que pode ter influenciado na escolha de uso do helicóptero para realizar um trecho tão curto.

A bordo, além de Bryant e Gianna, estavam amigos da filha e de Bryant (veja a relação completa aqui).

Antes do voo

O helicóptero era operado pela empresa Island Express. Na noite anterior ao voo, foi solicitado que a operação mudasse das 9h45 para as 9h, o que foi acatado.

A unidade de helicópteros da Polícia de Los Angeles já havia deixado suas aeronaves no solo devido à baixa visibilidade para os voos.

Na manhã do dia do acidente, foi analisado o risco de se operar sob mau tempo, e o departamento de operações da empresa apontou que o voo poderia ser realizado normalmente ou com atraso de no máximo 30 minutos a uma hora devido às condições climáticas. Entretanto, o responsável pelo setor não avisou ao piloto, Ara Zobayan, por acreditar que ele era "mais do que capaz de tomar suas próprias decisões".

Continua após a publicidade

O acidente

O helicóptero, um Sikorsky S-76, decolou às 9h06 do aeroporto John Wayne. Mais ao norte, já próximo à cidade de Burbank, o piloto pediu autorização para seguir visualmente a rodovia 101 até o seu destino.

Devido à movimentação, o controle de tráfego aéreo pediu que ele esperasse fora daquele espaço aéreo. Durante 11 minutos, o helicóptero voou em círculos fora daquele local.

Durante esse período, ele foi informado que havia uma quantidade grande de aeronaves decolando do aeroporto de Van Nuys rumo ao sul, ele teria de contornar o espaço aéreo mais ao norte antes de seguir rumo ao seu destino. Ele respondeu "sem problema" para os controladores.

Ele seguiu viagem após ser autorizado. Uma testemunha disse ter visto o helicóptero voando próximo às nuvens antes de "desaparecer" entre nuvens mais pesadas.

Às 9h45, ele continuava seguindo o traçado da rodovia enquanto ganhava altitude e fazia uma curva à esquerda. Pelo rádio, o piloto informou que estava subindo para uma altitude de cerca de 1,2 km acima do nível do mar.

Continua após a publicidade

Os controladores observaram que, de repente, o helicóptero começou a perder altitude enquanto ainda realizava a curva para a esquerda e questionaram o piloto, mas não tiveram retorno. Dezenove segundos depois, sob neblina, o helicóptero caía em uma região de colinas na cidade de Calabasas e pegava fogo, matando todos a bordo.

Possíveis causas

Após concluir as investigações, o NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA, em tradução livre) divulgou um relatório em fevereiro de 2021 apontando as possíveis causas do acidente.

Entre elas, se destacam:

  • A insistência do piloto em seguir o voo visual mesmo quando as condições não eram favoráveis.
  • Desorientação espacial e perda de controle ao optar pelo voo visual em vez do voo por instrumentos.
  • Pressão imposta pelo piloto nele mesmo (geralmente, para conseguir cumprir com o compromisso firmado com o cliente).
  • Revisão e supervisão inadequadas da empresa operadora do voo sobre seus procedimentos de segurança.

O que mudou desde então?

Após o acidente, o órgão de investigação de acidentes nos EUA emitiu diversas recomendações para evitar que novas tragédias como aquela aconteçam. Algumas delas são:

Continua após a publicidade
  • Para o órgão regulamentador da aviação civil nos EUA, a adoção e uso de simuladores adequados nos treinamentos iniciais e reciclagem de pilotos.
  • Treinamentos que abordem situações nas quais há a necessidade de tomada de decisão em condições de mudança climática repentina.
  • Melhorias no monitoramento das aeronaves para acompanhar a segurança das operações.

Processo por fotos

Viúva de Kobe Bryant receberá mais de 150 milhões de reais de indenização por fotos de acidente
Viúva de Kobe Bryant receberá mais de 150 milhões de reais de indenização por fotos de acidente Imagem: Gettyimages

Em 2022, a empresária Vanessa Bryant venceu um processo que movia contra o condado de Los Angeles (EUA) por imagens foram feitas do acidente que matou o ex-jogador. Ocorre que um homem, que havia se identificado como bombeiro, acessou o local e fez fotos sob a alegação de enviar para o seu comando.

As autoridades presentes suspeitaram da presença, mas não encontraram mais o homem. Diante desse cenário, familiares das vítimas alegam que vivem com medo de que as fotos sejam divulgadas.

Durante o julgamento, ficou provado que alguns dos socorristas também haviam mostrado as fotos do local e dos restos mortais das vítimas a pessoas sem envolvimento com o caso.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.