Dólar opera em alta, a R$ 3,71, e se distancia do câmbio ideal; Bolsa cai
Após operar em queda pela manhã, o dólar comercial passou a operar em alta na tarde desta segunda-feira (29), primeiro dia útil após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Por volta das 16h20, a moeda avançava 1,42%, a R$ 3,707 na venda. Com isso, o dólar segue acima da cotação considerada “ideal” para o equilíbrio da economia, que é de R$ 3,20 a R$ 3,30, segundo a FGV.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caía 1,82%, a 84.161,59 pontos. Mais cedo, a Bolsa chegou a subir 3,1%, a 88.377,16 pontos, superando o recorde anterior, de 88.317,83 pontos, apurado em fevereiro deste ano.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.
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Bolsonaro eleito
No começo dos negócios, os investidores receberam com otimismo a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil, em meio a apostas de que a sua equipe econômica adotará uma agenda positiva para o país. O movimento de alta na Bolsa perdeu o fôlego, porém, com o mercado à espera de mais detalhes sobre os planos do presidente eleito para a economia e o governo de transição.
O dólar, por sua vez, passou a subir com investidores aproveitando o preço mais baixo para irem às compras. Na última sexta-feira (26), a moeda havia fechado em queda, vendida a R$ 3,655, o menor valor em cinco meses.
De acordo com estrategistas e gestores, os desafios do próximo governo são grandes, mas avaliam que o presidente eleito deve ter o benefício da dúvida em um primeiro momento, diante das expectativas de um governo a favor de reformas e liberal.
No primeiro discurso após derrotar o petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição, por 55,1% contra 44,9% dos votos válidos, Bolsonaro afirmou que seu governo será comprometido com a responsabilidade fiscal, ressaltando que o déficit público deve ser eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit.
"Quebraremos o ciclo vicioso do crescimento da dívida, substituindo pelo ciclo virtuoso de menores déficits, dívida decrescente e juros mais baixos. Isso estimulará os investimentos, o crescimento e a consequente geração de emprego", afirmou o presidente eleito.
Guedes aponta controle de gastos
Já anunciado como ministro do governo Bolsonaro, o economista Paulo Guedes afirmou na noite deste domingo (28) que é "factível" zerar o déficit fiscal em 2019, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.
"Nós vamos tentar. É factível, claro que é factível. Controle de gastos", declarou ao ser questionado se dava para resolver o problema no primeiro ano da gestão.
Exterior também influencia
O cenário externo também influenciava os mercados nesta segunda-feira. No geral, seguem as preocupações com a guerra comercial e seus efeitos sobre o crescimento, sobretudo da China, e sobre Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), orçamento italiano e alta de juros nos Estados Unidos.
"A longa lista de problemas lá fora volta a ganhar destaque e pode inibir a queda (do dólar ante o real) daqui em diante", disse o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.
Dólar “ideal” considera equilíbrio da economia
O dólar "ideal" deveria estar hoje entre R$ 3,20 e R$ 3,30, segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Economia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (Cemap/FGV), que realiza trimestralmente um estudo sobre a taxa de equilíbrio do câmbio.
A taxa de equilíbrio é uma cotação que não seja nem muito alta nem muito baixa, para não prejudicar nenhum setor. Os exportadores, por exemplo, precisam de dólar mais alto para os produtos brasileiros custarem menos no exterior. Por outro lado, se o dólar disparar, os produtos importados ficam muito caros e isso aumenta a inflação no Brasil.
Esse "dólar ideal" é calculado periodicamente e busca um equilíbrio nas contas externas. Essas contas incluem balança comercial (exportações e importações), trocas de serviços (como seguros internacionais e gastos de brasileiros em viagens ao exterior), remessas de lucros e dividendos, pagamentos da dívida externa e os investimentos estrangeiros no país.
(Com Reuters)
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