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Por que o ouro é investimento em crises como a de EUA-Irã? Vale a pena?

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

08/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Tensão global após ataque americano amplia incertezas de mercados e alimenta maior procura por ouro
  • Metal subiu 28% em 2019, acumulando variação nominal de 234% nos anos 2010
  • Para investir em ouro, opções são compra do metal, aplicação em fundos ou contratos na Bolsa

O ouro subiu de novo na terça-feira (7), a quarta valorização em quatro dias de negócios do metal neste ano na Bolsa. O ataque do drone dos Estados Unidos que matou o mais importante general do Irã elevou o grau de incerteza no mundo logo no começo do ano. Investidores, empresários e governos temem que a escalada das tensões prejudique a produção e o comércio global de petróleo, afetando o ritmo da economia e dos investimentos.

O contrato padrão de ouro transacionado na Bolsa brasileira B3 já acumula valorização de 4,7% este ano, atingindo R$ 212,30 o grama. Isso depois de ter registrado uma variação nominal de 234% nos anos 2010, sendo 28% apenas em 2019.

"O ouro sempre foi tido como um porto seguro, uma forma de proteger o patrimônio em períodos de incertezas políticas ou econômicas", afirma o diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Segundo ele, a procura pelo metal já vinha forte desde o segundo semestre de 2018, quando os Estados Unidos e a China começaram a trocar ameaças de imposição de novas tarifas, na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do planeta. E essa tendência ganhou força neste começo de 2020. "Essa situação se aprofundou com a situação entre Estados Unidos e Irã", disse Cavalcante.

Ouro atrai por ser um bem concreto

Há outras aplicações que funcionam nos mercados que funcionam como investimentos de segurança, como o moedas e títulos do governo de países desenvolvidos, como dólar, ou papéis do governo americano. Mas nesses casos, são ativos que podem ser manipulados por políticas de governos.

O ouro é um ativo extraído da natureza, com padrões de produção e de comercialização reconhecidos em todos os lugares. Por isso atrai investimento em momentos de crise aguda.

Também há riscos de desvalorização

Os consultores financeiros concordam que o ouro é uma aplicação que funciona como reserva de valor. Mas ponderam que o metal é um ativo que também pode se desvalorizar, especialmente em períodos posteriores a ciclos de forte valorização.

Para o sócio da plataforma de negociação Melhor Câmbio, Alexandre Monteiro, o ouro deve ser visto como uma opção para investir parte da carteira destinada à reserva de valor e não para especular. "O investidor deve sempre diversificar. E o ouro pode ser uma fatia de uma carteira", afirma ele, que sugere uma parcela de 10% da carteira nesse ativo.

Profissionais de mercado apontam que o ambiente de incertezas deve prevalecer este ano por causa de eventos, como a própria crise entre Estados Unidos e Irã, as eleições americanas e a saída do Reino Unido da União Europeia. "A perspectiva macroeconômica global ainda é vulnerável", afirma o analista de mercado financeiro da Oanda, em Nova York, Edward Moya.

Opções para investir em ouro

Ouro físico: A forma mais antiga de investir -adquirir gramas ou barras de ouro. Para isso, a pessoa tem que procurar as distribuidoras de valores mobiliários (DTVM) ou bancos. O cliente paga e já sai do lugar com o metal. A vantagem de comprar ouro físico é a possibilidade de adquirir pequenas quantidades e o fato de se ter acesso ao patrimônio a qualquer momento.

O lado negativo é a segurança patrimonial por causa de roubos ou de furtos. Há instituições financeiras que prestam o serviço de guardar o ouro, mas podem cobrar taxas de custódia. Há instituições financeiras que isentam o cliente desse tipo de taxa quando a pessoa utiliza outros serviços ou produtos, como investimentos.

Fundos de investimento: São uma opção acessível para aplicações a partir de R$ 500,00. Para investir, é preciso abrir uma conta em um banco ou corretora que tenha esse tipo de fundo entre as carteiras das gestoras de recursos e realizar a transferência do dinheiro. Vale a pena comparar as taxas de administração dos fundos, que podem variar entre 0,1% a 1,5% ao ano.

Outro detalhe a observar é a condição de resgate. Há fundo que libera o dinheiro no mesmo dia do pedido, mas outros pedem dois dias para realizar o resgate.

Contratos na Bolsa B3: Outra possibilidade para investir em ouro é comprando o ativo diretamente na Bolsa. A transação é como negociar ações. Para isso, o investidor deve possuir uma conta em uma corretora e comprar um dos contratos existentes. Tem opções como o lote padrão, para 250 gramas, ou lotes fracionados, como o de 10 gramas. A maior parte das pessoas transaciona esses contratos sem solicitar o metal em espécie.

O investidor pode optar pela liquidação financeira ou física quando vai sacar a aplicação, ou seja, pedir retirada por meio da corretora de valores ou manter o ouro em custódia, respectivamente.

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