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Dólar opera em alta e passa de R$ 4,43, e Bolsa chega a cair mais de 6%

Do UOL, em São Paulo

26/02/2020 13h08Atualizada em 26/02/2020 17h09

O dólar comercial operava em alta e cotado acima de R$ 4,40 nesta quarta-feira (26), em meio a temores dos investidores sobre a rápida disseminação do coronavírus. Por volta das 15h47, o dólar comercial tinha valorização de 1,03% na venda, a R$ 4,439, mesmo após atuação do Banco Central. Este é o maior valor nominal (sem considerar a inflação) alcançado pela moeda desde a criação do Plano Real.

No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, despencava 6,35%, a 106.429,60 pontos. As perdas eram lideradas pelas empresas de aviação Gol e Azul, que recuavam mais de 13% cada. Entre as ações mais negociadas, Vale e Petrobras caíam mais de 8%.

Investidores do mundo todo estão preocupados com o aumento de casos de contaminação pelo coronavírus fora da China, onde surgiu o vírus, e os impactos da doença no crescimento global. Isso tem afetado Bolsas de Valores e a cotação das moedas pelo mundo nos últimos dias. No Brasil, este é o primeiro dia de negociações desde sexta-feira (21) devido ao feriado de Carnaval.

O número de mortes e casos de contaminação pelo coronavírus subiu na Itália, e vários países europeus estavam lidando com suas primeiras infecções, alimentando preocupações com uma pandemia. O Brasil confirmou seu primeiro caso de covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus).

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

BC intervém no câmbio

Em tentativa de limitar a alta do dólar no mercado local, o Banco Central do Brasil anunciou nesta quarta-feira, antes da abertura, leilão de até 10 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, em que vendeu todos os contratos.

Amanhã, o BC também colocará à venda até 20 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro deste ano.

"O Brasil é só mais um [país com caso confirmado]", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. "Nesse final de semana do Carnaval, teve um alastramento grande do vírus. Era razoavelmente esperado que essa alta do dólar pudesse acontecer", afirmou, citando o baixo volume de negociações devido à Quarta-feira de Cinzas.

Segundo a Commcor DTVM, esses leilões extraordinários são "sinalização de vigilância àqueles que tendem a se aproveitar do cenário para elevar a cotação da divisa norte-americana por aqui".

Bandeira, do Modalmais, disse que o comportamento do dólar daqui para frente dependerá de possíveis novas atuações do BC.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

(Com Reuters)

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