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Dólar sobe pelo 10º dia seguido e fecha a R$ 4,511; Bolsa cai 1,02%

Getty Images/iStock
Imagem: Getty Images/iStock

Do UOL, em São Paulo

03/03/2020 17h05Atualizada em 03/03/2020 19h15

O dólar comercial emendou sua 10ª alta consecutiva, de 0,54%, e fechou o dia cotado a R$ 4,511 na venda, após os EUA anunciarem de surpresa um corte na taxa de juros. No ano, a moeda norte-americana já acumula valorização de 12,41% frente ao real.

É o maior valor nominal (sem considerar a inflação) de fechamento registrado pelo dólar desde a criação do Plano Real. É também a maior sequência de altas desde março de 2002, quando a moeda também subiu por dez sessões seguidas.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o pregão em queda de 1,02%, aos 105.537,14 pontos. Em 2020, o indicador soma perdas de 8,74%.

Foi um dia de grande instabilidade nos mercados globais. O banco central dos EUA (Federal Reserve, ou Fed) fez uma reunião de emergência e anunciou um corte de 0,5 ponto percentual nos juros, algo que não acontecia desde a crise de 2008. O dólar chegou a cair abruptamente e a Bolsa chegou a subir 2% no meio do dia, após o anúncio do Fed, mas depois inverteram a tendência.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Corte de juros nos EUA: alívio e temor

A decisão sobre juros nos EUA animou os mercados, mas também aumentou os temores de que o impacto do coronavírus nas economias norte-americana e global pode ser maior que o esperado, pois indica que o Fed está enxergando riscos reais de recessão à frente. Isso ajuda a explicar a alta do dólar no dia.

Participantes do mercado chamaram atenção para o timing, pelo fato de o Fed não ter esperado seu encontro, marcado para os dias 17 e 18. "O Fed adiantar esse corte, ainda mais tendo reunião em duas semanas, sugere que a situação é bem pior do que parece", disse o gestor de uma empresa ligada a previdência complementar.

Reação esperada em outros países

Há expectativa de que outros países —inclusive o Brasil— adotem medidas semelhantes para tentar conter os efeitos da epidemia. Bancos centrais do mundo todo têm discutido cortes de juros para estimular a economia e lidar com os efeitos econômicos do coronavírus.

Líderes do G7, o grupo de países mais ricos do mundo, prometeram o uso de todas as ações apropriadas de política econômica para enfrentar os impactos econômicos do coronavírus.

O Goldman Sachs cortou nesta terça-feira sua projeção para a expansão do PIB brasileiro em 2020, de 2,2% para 1,5%, bem como de outros países da América Latina. Como justificativa, o grupo citou a expectativa de impacto significativo no crescimento global, um número crescente de infecções por covid-19 na região e condições financeiras mais difíceis.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

*Com Reuters

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