Bolsa cai 14,78%, maior tombo desde 1998, em dia com 2 paradas temporárias
A Bolsa de Valores fechou em queda de 14,78%, aos 72.582,53 pontos, mesmo após ter acionado duas vezes pela manhã o "circuit breaker", mecanismo automático que interrompe os negócios temporariamente em casos de grande instabilidade no mercado. Isso não acontecia desde 2008. Foi a primeira vez na história que a Bolsa foi suspensa em três dias da mesma semana (hoje, segunda e quarta).
Esta é a maior queda percentual diária desde setembro de 1998, ano marcado pela crise financeira russa, quando fechou em baixa de 15,8%. É também a menor pontuação de fechamento desde junho de 2018 (71.766,52 pontos).
No começo da tarde, a Bolsa chegou a cair 19,59% e quase houve um terceiro acionamento do circuit breaker. Isso foi evitado graças a um escritório regional do Banco Central dos EUA, que anunciou que irá injetar US$ 1,5 trilhão no sistema financeiro, em um esforço para tentar acalmar os investidores.
Foi mais um dia de tensão nos mercados globais em torno da pandemia do novo coronavírus A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de restringir viagens da Europa para os Estados Unidos, anunciada na véspera, adicionou mais pressão a um ambiente já fragilizado pelas preocupações com os efeitos da disseminação do vírus na economia global.
Bolsa suspensa 2 vezes hoje
A Bolsa abriu as negociações às 10h e, por volta de 10h25, o Ibovespa despencava 11,65%. As negociações foram suspensas por 30 minutos. Ao voltar a operar, as quedas aceleraram, e a Bolsa foi suspensa novamente, por volta das 11h15, ao atingir queda de 15,43%. A segunda suspensão durou uma hora. Por volta de 12h18, a Bolsa voltou a operar de novo.
É a terceira vez nesta semana que a Bolsa interrompe temporariamente as negociações. O "circuit breaker" também foi acionado na Bolsa brasileira na segunda-feira e na quarta-feira.
Trump restringe viagens
O mercado tinha hoje um novo dia de tensões, após o presidente norte-americano, Donald Trump, restringir viagens da Europa para os Estados Unidos, agravando as preocupações sobre o impacto econômico do novo coronavírus.
Ele afirmou que os EUA vão suspender viagens de estrangeiros da Europa para os EUA pelos próximos 30 dias. As restrições começam amanhã (13), a partir da meia-noite, e não se aplicarão ao Reino Unido.
Com a medida de Trump, passageiros com viagem agendada terão de remarcar voos e o comércio internacional fica comprometido, elevando os riscos de uma recessão econômica.
"Hoje, os mercados financeiros dão sequência ao caos instalado em função da expansão do coronavírus pelo mundo", disse em nota a Correparti Corretora. "Ontem, a OMS reconheceu a enfermidade como uma pandemia, o que serviu para aprofundar o sentimento de fuga do risco pelos investidores. Além disso, a proibição dada pelo presidente norte-americano (...) serve para aprofundar ainda mais o desmonte dos mercados."
No Brasil, gastos públicos preocupam
O governo brasileiro estuda editar uma medida provisória para buscar a liberação de R$ 5 bilhões para reforçar a estrutura do Ministério da Saúde no combate à covid-19 coronavírus, de acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Nesta quinta pode ocorrer uma reunião entre Alcolumbre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para definir a melhor maneira de liberar os recursos.
As discussões sobre o combate ao coronavírus ocorreram após o Congresso Nacional derrubar na tarde de ontem (11) o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). A derrota imposta pelos parlamentares deve impor um gasto extra de R$ 20 bilhões.
Ainda no panorama local, o presidente Jair Bolsonaro está sendo monitorando para o coronavírus, após o secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, testar positivo para o vírus. O secretário fez parte da comitiva presidencial de Bolsonaro aos EUA, onde se encontrou com Trump.
(Com Reuters)
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