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Dólar cai mais de 1% e volta a fechar abaixo de R$ 5,30; Bolsa sobe 0,3%

Maio tem sido um mês de perdas para o dólar, que já acumula desvalorização de 3,25% frente ao real - Cris Fraga/Estadão Conteúdo
Maio tem sido um mês de perdas para o dólar, que já acumula desvalorização de 3,25% frente ao real Imagem: Cris Fraga/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

27/05/2021 17h23Atualizada em 28/05/2021 16h06

Puxado pelos dados econômicos divulgados nos Estados Unidos, o dólar fechou a quinta-feira em queda de 1,09%, cotado a R$ 5,2553 na venda — voltando a ficar abaixo de R$ 5,30 após quatro sessões. O valor também é o menor desde 18 de maio, quando a moeda americana terminou o dia vendida a R$ 5,2545.

Maio tem sido um mês de perdas para o dólar, que já acumula desvalorização de 3,25% frente ao real. Em 2021, porém, o balanço ainda é mais positivo para a moeda americana, que já subiu 1,28% desde o início do ano.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou o pregão em alta de 0,30%, aos 124.366,57 pontos, voltando a se aproximar de sua máxima histórica (125.076,63). Com o desempenho de hoje, o indicador chega à alta acumulada de 4,60% no mês e de 4,49% em 2021.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Influência dos EUA

Os números de hoje são uma reação do mercado à divulgação de dados econômicos positivos — e alinhados às expectativas — nos EUA. As solicitações de auxílio-desemprego na semana passada totalizaram 406 mil, pouco abaixo da projeção de 425 mil anunciada em pesquisa da Reuters, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) expandiu a uma taxa anualizada de 6,4% no primeiro trimestre.

"Os mercados estavam com uma expectativa grande em relação aos dados de hoje, e eles vieram bastante em linha [com as previsões]", afirmou à Reuters Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office. "[Os números] ajudam a acalmar os mercados, que começam a tirar o prêmio da expectativa".

Os indicadores econômicos dos EUA têm dominado as atenções nas últimas semanas, à medida que os investidores buscam por sinais que poderiam levar a uma mudança na política monetária do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano). O banco já assegurou que não aumentará os juros até que a economia alcance o pleno emprego e a inflação chegue a 2%.

A posição atual dos juros americanos, em patamares próximos a zero, tende a favorecer ativos de países emergentes — como o Brasil —, uma vez que os operadores vão buscar retornos mais altos fora dos mercados dos EUA.

Juros e atraso nas reformas

Já no Brasil, a expectativa é de aumento de juros pelo Banco Central. Segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o aperto monetário poderá ser o suficiente para continuar a atrair o capital local parado no exterior e o capital estrangeiro, mas a elevação dos juros básicos da economia (Selic) "pode se abreviar antes de a taxa deixar de ter caráter estimulativo".

"Para ajudar, faltam reformas avançarem no Congresso, mas de maneira concreta e não os arremedos atuais", acrescentou.

Gibertoni, da Portofino, também chamou a atenção para o atraso na agenda de reformas do governo, citando ainda os ruídos políticos internos como fatores que estão limitando a valorização da moeda brasileira. "É frustrante a movimentação do real", afirmou.

O dólar deveria estar abaixo de R$ 5, mas está preso próximo à faixa de R$ 5,30. Acho que um fator essencial é a utilização do dólar como proteção. Enquanto isso, há todo o vaivém da política, há pessoas pensando lá na frente, nas eleições de 2022, e ainda há dúvidas sobre as reformas.
Thomás Gibertoni, analista da Portofino, à Reuters

(Com Reuters)