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Bolsa volta a cair e vai aos 117 mil pontos; dólar fica estável em R$ 5,382

Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo
Imagem: Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/08/2021 17h24Atualizada em 23/08/2021 17h30

Depois de duas altas consecutivas, o Ibovespa abriu a semana em queda de 0,49%, aos 117.471,67 pontos, em meio às persistentes preocupações do mercado com o cenário fiscal do Brasil. É o terceiro menor patamar atingido pelo principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) no mês, perdendo apenas para os 116.642,62 pontos da última quarta (18) e os 117.164,69 de quinta (19).

Já o dólar terminou a sessão praticamente estável, com leve queda de 0,05%, cotado a R$ 5,382 na venda. Na sexta-feira (20), a moeda americana chegou a sua terceira semana consecutiva de alta, acumulando ganhos de 2,66% frente ao real — a maior valorização semanal desde o início de julho.

No ano, Ibovespa e dólar vão seguindo caminhos opostos: enquanto o indicador registra queda de 1,30%, a moeda tem alta de 3,73% em 2021.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Fed no radar

Investidores seguem atentos ao Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), com a aproximação da conferência anual de banqueiros centrais de Jackson Hole, que pode oferecer pistas sobre o futuro da política monetária americana.

A ata da última reunião do Fed reforçou os palpites de que o Banco Central vai reduzir seu estímulo à economia já em 2021, mas sinais cada vez mais claros do impacto econômico da variante delta do coronavírus "esvaziaram" as apostas nos últimos dias, explicou à Reuters Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

O próprio presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, abalou as expectativas de aperto monetário iminente na sexta-feira (20), dizendo que pode reconsiderar a necessidade de redução dos estímulos se o coronavírus prejudicar a economia.

Manterei minha mente aberta sobre isso [possibilidade de reduzir estímulos ainda em 2021] e observarei se a delta está tendo um impacto mais negativo a ponto de eu ter que ajustar minhas visões.
Robert Kaplan, do Fed de Dallas

Brasil preocupa

Paralelamente, no cenário doméstico, o mercado ainda divide atenções entre o ciclo agressivo de elevação dos juros básicos da economia (Selic) pelo Banco Central brasileiro e o persistente ruído fiscal e político.

Com a Selic em 5,25% ao ano, o diferencial de juros entre o Brasil e economias avançadas está ficando cada vez mais atraente para estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (como o real). Desta forma, o investidor ganha com a diferença de taxas.

Essa posição mais dura do BC "tende a elevar o fluxo estrangeiro para cá, mas o cenário fiscal atrapalha", disse à Reuters Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)