Dólar emenda 3ª alta semanal, de 2,66%, e vai a R$ 5,385; Bolsa tomba 2,59%
O dólar comercial voltou a cair nesta sexta-feira (20), depois de duas altas consecutivas, e encerrou o dia cotado a R$ 5,385 na venda. A queda de 0,7% registrada hoje não foi suficiente para compensar o restante da semana, período em que a moeda americana teve valorização 2,66%— a maior alta em mais de um mês, desde a semana encerrada em 9 de julho (4%). Foi a terceira semana seguida de alta.
Principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,76%, aos 118.052,77 pontos. Mesmo com os ganhos de hoje — a segunda sessão positiva seguida —, o índice acumulou queda semanal de 2,59%, no pior resultado em três semanas, desde a última semana de julho (-2,6%).
Em agosto, a trajetória é semelhante: negativa para o Ibovespa, que já caiu 3,08%, e positiva para o dólar, com ganhos de 3,36% no mês.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Mercado faz "ajustes"
A queda do dólar hoje, depois de duas sessões seguidas de valorização, é vista como um movimento técnico do mercado, com exportadores "aproveitando a alta para internalizar recursos", explicou à Reuters Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos.
A visão é compartilhada por Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. Mas ele acrescentou que, em meio a um cenário externo de aversão ao risco e uma crise de desconfiança doméstica, "a tendência no curto prazo ainda é de real fraco".
É natural, sempre que vemos um movimento muito agudo de alta, haver também um movimento de realização. O exportador, que tem muita posição em dólar, vê o patamar de R$ 5,47 como ponto de realização, percebendo um 'sobrepreço'.
Fernando Bergallo, da FB Capital
Cenário local preocupa
O ambiente externo desfavorável também dificulta a recuperação do mercado doméstico, onde os negócios ainda são afetados pela manutenção de incertezas na política. O persistente risco fiscal no Brasil segue preocupando o mercado e tem ajudado a manter o dólar em patamares elevados nas últimas semanas.
A proposta de parcelamento do pagamento de precatórios, encaminhada pelo governo ao Congresso, por exemplo, levantou dúvidas sobre a capacidade da União de honrar suas obrigações e respeitar o teto de gastos.
Além disso, a tensão política entre Executivo e Judiciário, em meio aos reiterados ataques do presidente Jair Bolsonaro a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), atrapalha o avanço de reformas no Legislativo, o que traz volatilidade ao mercado.
Na semana que vem, a expectativa dos investidores deve ficar com o parecer a ser apresentado pelo relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA). Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu que o projeto seja posto em prática por "etapas".
Acho impossível fazer reforma tributária de uma só vez. A PEC pode ser até uma orientadora do processo por etapas. E aí sai dever de casa para todo lado. Vamos aprovar o IVA [Imposto de Valor Agregado] federal, os municípios seguem mais um tempo com o ISS deles.
Paulo Guedes, ministro da Economia
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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