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Empresa disputa corrida com Porsches e motos para atrair cliente classe A

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/09/2013 06h00

Apaixonado por velocidade, o diretor da corretora HPN Invest, Rodrigo Souza, 36, resolveu sair de sua mesa de trabalho para divulgar o nome da empresa de Recife (PE) nas pistas de corrida.

Criou uma equipe para disputar o Porsche Cup, competição exclusiva com os carros da montadora alemã, e o Moto 1000 GP, campeonato brasileiro de motovelocidade, e, assim, conquistar mais clientes da classe A, que costuma frequentar esse tipo de competição. 

Para começar a correr no Moto 1000 GP, em 2012, ele investiu cerca de R$ 1 milhão. Entre os adversários está o piloto Alexandre Barros, que já disputou o mundial da categoria. Na Porsche Cup ele começou a participar neste ano.

O time da HPN Invest conta com sete motos Kawasaki de 600 e de mil cilindradas e 20 pessoas, entre mecânicos, chefe de equipe e seis pilotos, incluindo Souza. Por mês, a empresa gasta R$ 50 mil com a manutenção da estrutura.

A ideia de criar a equipe surgiu em 2011, quando Souza fez um curso de pilotagem. Ao analisar o Moto 1000 GP, o empresário percebeu que a maior parte do público das corridas pertencia à classe A, assim como os clientes do escritório.

“Algumas pessoas deixam de investir na Bolsa de Valores por falta de conhecimento. Muitas nem sabem que existem empresas que podem auxiliá-las a escolher o melhor investimentos para o seu perfil. Por isso, a necessidade de divulgar nosso nome”, diz.

Segundo Souza, a estratégia deu resultado. Desde que a equipe foi criada, o número de clientes do escritório subiu 27%, passando de 6.300, em 2011, para 8.000 atualmente.

Os acessos mensais ao site da empresa também aumentaram de 238, em 2011, para 1.714, em 2013, alta de 620%. Em 2012, a HPN Invest movimentou R$ 1,7 bilhão e espera ampliar o valor em 10%, em 2014.

“As corridas em si não geram receita para a empresa. Esperamos ter o retorno do investimento no próximo ano, com a captação de novos clientes e com a entrada de patrocinadores na equipe”, declara Souza.

Empresa investe em carros de corrida

Para alcançar um público ainda mais elitizado, a empresa também entrou na Porsche Cup. Souza diz que foi preciso pagar uma taxa de R$ 500 mil para correr o campeonato na categoria Challenge (principiante).

Os carros, a equipe e o transporte até o local das provas é bancado pela empresa alemã. “Eu só chego e corro”, afirma.

O empresário, no entanto, só participou de uma prova na Porsche Cup. Ele se recupera de um acidente sofrido enquanto corria com a moto.

Esporte oferece risco para praticantes

Souza já sofreu duas quedas em provas oficiais. A primeira foi em 2012, no circuito de Cascavel (PR). Era um dia de chuva e ele perdeu o controle da moto em uma curva. “Quebrei o punho direito e fiquei desacordado por um tempo”, diz.

A segunda queda foi este ano, no autódromo de Curitiba (PR), ao entrar rápido demais em uma curva. “Fui jogado no ‘guard rail’ (mureta de proteção) e tive uma lesão no joelho que dificulta alguns movimentos”, declara.

Ainda assim, o piloto afirma que voltará a competir em 2014. “As quedas amedrontam um pouco, mas é o risco do esporte. Não consigo deixar de praticar.”

Pequenas empresas podem patrocinar equipes regionais

Para o professor da escola de administração de empresas da FGV (Fundação Getulio Vargas) Adalberto Belluomini, pequenos negócios dificilmente teriam condições de criar uma equipe de motovelocidade, como fez a HPN, devido ao alto investimento.

No entanto, uma alternativa semelhante de divulgação é o patrocínio de times, esportistas ou eventos regionais. “Torneios amadores costumam atrair bom público pelo Brasil e as empresas podem se aproveitar disso divulgando suas marcas”, diz.

Segundo o professor, quando uma empresa apoia um esporte, ela ganha simpatia com o público. “Dependendo do carisma da equipe na região, o patrocínio pode ser uma forma de divulgação mais efetiva do que um anúncio em rádio ou jornal local”, declara.

Belluomini afirma, ainda, que antes de apoiar um esporte é preciso avaliar se os fãs e espectadores das partidas são um público interessante para a empresa. Além disso, o histórico e o comprometimento dos atletas devem ser levados em consideração.

“Se a plateia de um jogo de várzea não tiver ligação com o público-alvo da empresa, o investimento será em vão. Mesmo que o empresário seja um apaixonado por aquele esporte, ele deve colocar a razão acima da emoção antes de fechar o patrocínio”, diz.